Jornalista compara ressurgimento do Uruguai na Copa à virada do Vasco na Mer
O pênalti cometido por Suarez no último lance de Gana e Uruguai foi um ato heroico. Muito diferente de outros lances em que jogadores usaram \"hands\" em vez do \"foot\". Por puro reflexo, o atacante de ofício, salvou a Celeste como um goleiro. Não foi um ato para ludibriar a arbitragem, foi o extremo desespero para salvar o time no último instante.
O célebre gol feito com a mão pelo genial Maradona foi um ato para burlar as regras do jogo, sei que muitos amigos discordam, mas para mim foi uma cafajestagem. O atacante uruguaio não, ele resolveu apostar no imponderável, trocando o gol certo pela remota possibilidade do adversário perder a cobrança na marca fatal.
Acompanhar a saída de Suarez do campo aos prantos foi tocante. A reação dele após o jogador ganês errar a cobrança foi um desses momentos que resumem a vida vertiginosamente. O desespero virou êxtase em poucos segundos.
No Sportv, Marcelo Barreto chamou o episódio de épico. Na \"resenha telefônica\" com meu amigo Alexandre Caroli, ele me lembrou que esse é daqueles jogos para contar aos netos.
O pênalti de Gyan era o lance mais importante da história africana nas Copas do Mundo. Outro daqueles momentos de síntese de uma trajetória. O excelente atacante correu em direção à bola como se carregasse o peso de um continente. O olhar dele não era temeroso. Era a expressão do adolescente ao ver a primeira onda realmente grande no mar de Ipanema sem a mão do pai para ajudar.
O atacante fez a cobrança. Por obra e graça da \"deusa\" tecnologia foi possível ver seu olhar atordoado acompanhando a trajetória da bola após explodir no travessão.
O que se viu depois foi a ressurreição uruguaia. Aquilo que aconteceu ontem deve ficar registrado como uma das grandes epopeias futebolísticas, tal qual a \"Batalha dos Aflitos\" ou virada do Vasco na MERCOSUL de 2000. A diferença que o êxito uruguaio se deu no palco maior do futebol mundial.
Depois de calar os Bafana Bafana na fase de classificação, o Uruguai continuou sua tradição de visitante sem cerimônias. A celeste promoveu um Maracanazzo em dois tempos na África do Sul, sem o título como em 50, mas muito mais globalizado.
Se eu fosse um bom editor de final cut, procuraria o áudio do narradro de Pato Branco, aquele do \"puta que pariu pra fora\" e colocaria imagem do Gyan batendo o pênalti. Alguém em Gana deve ter narrado o lance daquele jeito.
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