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Jorge Salgado responde perícia e rechaça: 'Deveríamos estar focados...'

Citado em relatório da SwotGlobal, ex-presidente diz estranhar teor do documento e pede que Justiça derrube sigilo de ação: "Deveríamos estar focados na busca de novos investidores"

Ex-presidente do Vasco, Jorge Salgado prestou novos esclarecimentos relacionados à sua gestão depois de uma perícia de contabilidade levantar dúvidas sobre transações bancárias consideradas inconsistentes. Ele disse não ter nada a esconder e revelou que emprestou dinheiro para a SAF do Vasco pagar uma dívida com Maxi López e uma parcela do Regime Centralizado de Execuções (RCE).

Em resposta enviada com exclusividade ao ge (veja a íntegra abaixo), Salgado afirmou que emprestou R$ 5 milhões em julho de 2022 a pedido da SAF, que vivia um problema de fluxo de caixa devido à demora para a conclusão da due diligence e ao atraso na transformação do clube associativo em empresa.

O ex-presidente conta que recebeu o dinheiro de volta pouco depois, com juros. Isso explicaria a transferência de R$ 5.052.397,00 do Vasco SAF para sua conta em setembro daquele ano - o assunto já havia sido mencionado por ele em carta aberta divulgada na semana passada.

Antigo credor do Vasco, por empréstimos feitos desde a gestão de Roberto Dinamite, Jorge Salgado afirma que recebeu apenas 23% do crédito que tem com o clube até o momento.

Por fim, o ex-dirigente diz que estranhou o teor do relatório da Swot Global, juntado na quinta-feira no processo que opõe 777 Partners e CRVG, e fez um apelo para que o juiz derrube o sigilo da ação: "Não faz mais qualquer sentido manter o segredo de justiça".

Veja a resposta de Jorge Salgado na íntegra:

"Ao ge, com relações aos questionamentos recebidos seguem as minhas informações:

Primeiramente, ressalto que toda e qualquer suspeita de ilegalidade na gestão do Vasco SAF deve ser apurada e, uma vez comprovada, seus autores devem ser punidos nos termos da Lei. Isso vale para os atos do passado, do presente e do futuro.

Dito isso, em 24 páginas de uma perícia PRELIMINAR conduzida em ação cautelar pré-arbitral, convenientemente vazada momentos antes de um difícil jogo contra o Palmeiras, e à qual não tivemos acesso ou sequer a oportunidade de prestar esclarecimentos, o perito nomeado pelo juízo, aparentemente, nada diz sobre meu empréstimo além de reconhecer expressamente que “não pode tecer comentários” sobre o pagamento realizado, por não ter tido acesso à documentação correspondente.

Os esclarecimentos relativos ao meu empréstimo foram prestados em minha manifestação do último dia 08/06. É sempre bom lembrar que meu empréstimo ao CRVG foi aprovado e registrado formalmente nas demonstrações financeiras do clube e da SAF que estão abertas à perícia e aos órgãos internos de controle.

1. Em relação ao mútuo de R$ 70 milhões feito pela 777 ao CRVG em março/2022, recebi do CRVG, a título de pagamento de parcelas atrasadas do meu empréstimo, entre 10/03/2022 e 27/04/2022, o valor total de R$ 4.050.892,46. Esses pagamentos constam do Anexo 3.4.1 do Acordo de Acionistas;

2. No entanto, a demora na conclusão da due diligence e o consequente atraso no fechamento da transação da SAF em relação ao inicialmente planejado acabou por impactar o fluxo de caixa do CRVG. Novamente, solicitaram minha ajuda para que o CRVG pudesse pagar: (i) uma dívida com o Maxi López que resultaria num transfer ban; e (ii) o RCE do mês de competência julho/2022. Mais uma vez, me dispus a ajudar financeiramente o CRVG, transferindo ao clube, em 22/07/2022 e 27/07/2022, o valor total de R$ 5 milhões; e

3. Concluída a transação e resolvido o problema de fluxo de caixa, os R$ 5 milhões me foram devolvidos, acrescidos dos juros contratuais. Importante destacar que até o momento somente recebi de volta 23% do valor devido.

Sobre questões relacionadas ao Vasco SAF, é importante destacar que nas sociedades anônimas os administradores respondem pelos atos de gestão. Vale lembrar, também, que o acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder.

Especificamente nas Sociedades Anônimas do Futebol, o Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória e funcionamento permanente. A ele compete, dentre outras atribuições, fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários, bem como denunciar aos órgão de administração os erros, fraudes ou crimes que descobrirem.

Esperamos que o Conselho Fiscal do Vasco SAF siga cumprindo a sua função na apuração das movimentações financeiras, de forma clara e objetiva, para proteção dos interesses da companhia.

Em relação ao estranho vazamento de ontem, é importante tecer algumas considerações sobre a forma como o assunto está sendo tratado.

Segredo de justiça não se presta a vazamentos seletivos a livre critério de quem conduz a narrativa. Esse vazamento meticulosamente calculado, sem compromisso com a apuração dos fatos, parece ter o nítido objetivo de desviar a atenção dos desafios reais e concretos que estão diante de nós. Infelizmente para os vascaínos, a politização de assuntos jurídicos e corporativos contribui apenas para acirrar ânimos e tumultuar o ambiente, dentro e fora do futebol, além de expor negativamente a imagem do CRVG e do Vasco SAF num momento em que deveríamos estar focados na busca de novos investidores e parceiros comerciais.

Diante desse cenário criado por quem é parte do processo, não faz mais qualquer sentido manter o segredo de justiça na ação promovida pelo CRVG. Faço, portanto, um apelo público ao juiz da causa para que, de ofício, retire o segredo de justiça do processo n. 0858899-13.2024.8.19.0001, e permita que todos tenham acesso aos documentos e alegações que embasaram a ação cautelar pré-arbitral, inclusive todos os documentos da operação do Vasco da Gama SAF, na íntegra.

Torço para que o Vasco siga o decidido por seus sócios, abraçando o modelo empresarial, com uma gestão profissional e responsável, conforme os mais elevados padrões de governança, e abandone de uma vez por todas velhas práticas que nos conduziram à situação que vivemos há mais de 20 anos".

Fonte: ge