Jogos marcantes fazem parte da história entre Vasco e Paraná

Neste sábado, às 16h20 (de Brasília), no Rio de Janeiro, vai ocorrer mais um confronto entre Vasco e Paraná Clube. Desta vez pela Série B, mas novamente em São Januário. O estádio vascaíno foi o palco de uma das maiores polêmicas que envolveram o ex-presidente Eurico Miranda, um dos cartolas mais emblemáticos da história do futebol brasileiro.

Em 1999, no dia 19 de setembro, Eurico Miranda simplesmente invadiu o gramado de São Januário e, como “dono do local”, encerrou o jogo aos 42min do segundo tempo. O motivo era simples: o duelo estava 1 a 1 e o Vasco tinha três jogadores a menos, com a equipe paranaense jogando bem e, teoricamente, mais perto de vencer o duelo.

O primeiro a ser expulso foi o meia Juninho Pernambucano, ainda na primeira etapa, em um lance polêmico em que houve uma dividida entre ele e o então goleiro paranista Régis, ex-Vasco. Na interpretação do árbitro Paulo César Oliveira, o meio-campista simulou um pênalti, recebeu o segundo amarelo e, consequentemente, o vermelho. O segundo vascaíno a ir mais cedo para o chuveiro foi o meia Alex Oliveira, que matou um contra-ataque. E o terceiro a ser expulso foi o zagueiro Mauro Galvão, justamente aos 42min do segundo tempo.

Foi aí que Eurico Miranda entrou em cena. Ele adentrou ao gramado sem tomar conhecimento de policiais, seguranças e até mesmo a imprensa então presentes, foi em direção ao árbitro e proferiu as seguintes palavras para Paulo César Oliveira. “O senhor é um irresponsável. Olha o que o senhor está fazendo. O estádio está cheio, olhe em seu redor o que está acontecendo... o senhor é um irresponsável”, disparou.

Minutos depois, o jogo foi interrompido por falta de segurança. Quase que 15 anos depois, o duelo ainda é lembrado com indignação pelos paranistas. “Aquilo foi inacreditável. Foi algo inadmissível para o futebol já naquela época. Hoje, com toda a evolução e modernidade, deixou ainda mais vergonhoso”, declarou o ex-zagueiro Milton do Ó, que defendeu o Paraná Clube naquele confronto.

“A gente tomou o gol após um bonito chute do Edmundo. Mas passamos a pressionar, eles foram perdendo jogadores e empatamos. Eram 42 minutos, tinha mais um tempo regulamentar e viriam os acréscimos. O Paraná estava em cima e tinha tudo para virar”, relembrou o defensor.

Devido ao episódio, o Paraná chegou a pedir os pontos daquela partida no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Entretanto, o pedido foi indeferido. Como naquele ano o rebaixamento era pela média de pontos dos campeonatos de 1998 e 1999, o clube paranaense caiu pela primeira vez à Série B, embora não tenha ficado entre os quatro últimos em nenhuma das duas temporadas.

No ano seguinte, Paraná quase brecou o campeão Vasco

Em 2000, com uma vitória por 3 a 1 diante do São Caetano, no Palestra Itália, a equipe paranaense garantiu o título da Copa João Havelange (Módulo Amarelo). O retorno à elite do futebol brasileiro, entretanto, aconteceu nas semifinais, quando bateu o Remo por 2 a 0, em Belém – antes empatou por 0 a 0, em Curitiba.

Na sequência, o tricolor paranaense encarou o Goiás. Na Vila Capanema, ficou na igualdade por 1 a 1. Com uma defesa considera sólida e um ataque jovem, foi ao Serra Dourada e saiu de Goiânia classificado, ao vencer por 3 a 0 com muita autoridade.

O adversário seguinte era, nada menos, do que o Vasco da Gama de Romário. Em São Januário, os gols vascaínos foram de Juninho Paulista e duas vezes Romário. Flávio Guilherme diminuiu para o Paraná. Até hoje, os atletas paranistas reclamam do terceiro gol, acusando de que o “baixinho” simulou a penalidade convertida por ele mesmo. Lúcio Flávio, que vestia a camisa 10 e continua com o mesmo número atualmente, no final da partida, ainda perdeu uma chance clara, com Helton proferindo duas grandes defesas.

Na volta, Estádio Couto Pereira lotado e torcida azul, vermelha e branca animada. Depois de um primeiro tempo sem gols, o Paraná fez 1 a 0 logo aos 4min da segunda etapa, com Reinaldo. Aos 23min, Lúcio Flávio cobrou a falta e a bola bateu na trave. A pressão continuava. Na última chance, aos 38min, cruzamento na área, bola desviada para a pequena área e o atacante Márcio Nobre chutou, mas o defensor vascaíno tirou quase em cima da linha.

Vasco da Gama, mesmo no sufoco, classificado para as semifinais da Copa João Havelange. Cruzeiro e, depois, São Caetano não foram capazes de parar o grande time carioca, que se tornou campeão brasileiro de 2000, com 3 a 1 no Estádio Maracanã – depois da partida em São Januário ser cancelada devido à queda do alambrado.