Futebol

Jogadores comparados a Juninho têm encontrado dificuldades de afirmação

Oficialmente aposentado há uma semana, Juninho Pernambucano se tornou ídolo do Vasco pela história construída dentro de campo. E virou referência para a garotada que cresce dentro do clube. Se no Flamengo surgiram de tempos em tempos os novos Zicos, já aparecem há algum tempo em São Januário os novos Juninhos. Como fator comum, está a dificuldade de lidar com o peso da comparação.

O fenômeno começou depois da primeira passagem do Reizinho pelo Vasco, que durou entre 1995 e início de 2001. Ironicamente, o primeiro jogador de destaque a gerar essa comparação, Muralha, profissionalizou-se no rival Flamengo.

Meia de origem, ele às vezes atuava como volante, pois tinha a concorrência de Philippe Coutinho. E foi nesta posição que se firmou quando saiu para a Gávea, em 2010. Em São Januário, os comentários sobre a semelhança com Juninho eram recorrentes. E o pai do jogador confirma que era mesmo uma referência.

- O pessoal comentava muito sobre essa semelhança, pelo toque de bola. O Muralha também batia faltas no infantil, e o Juninho é uma referência que ele tem desde pequeno - afirmou Jorge Luís de Oliveira.

O pai também se declara admirador e diz que mostrava imagens de Juninho para o filho ter como exemplo dentro de campo.

- Sempre que eu conversava com ele, falava que havia alguns jogadores que eu gostaria que ele se posicionasse e batesse na bola igual. O Juninho era um deles, o Djair (ex-Bota, Flu, Fla) era outro, assim como o Junior (hoje comentarista da TV Globo). E hoje o Muralha executa bem esses lançamentos longos - analisou.

Bernardo é um caso à parte, pois as comparações surgiram já nos profissionais e depois que ele chegou a São Januário, sobretudo por causa da eficiência nas cobranças de falta. Mas quem se lembra de seu desempenho nas categorias de base também faz a referência. Bruno Costa, observador técnico da CBF, era supervisor das seleções de base e viu Bernardo decidir em 2005, quando tinha 15 anos, um clássico contra a Argentina, válido pelo Sul-Americano da categoria.

- O Brasil venceu por 6 a 2, e o Bernardo fez três gols, sendo dois de bola parada. Ele cobrava todas as faltas e os escanteios naquele time e tinha uma eficiência incrível. A forma de bater lembra a do Juninho.

Bernardo mostrou, além da qualidade na batida de bola, versatilidade ao atuar em mais de uma posição em campo. Começou como volante na base do Cruzeiro e da Seleção e depois passou a ser meio-campo ofensivo e até, mais recentemente, atacante.

Cria da base vascaína, Allan é outro que foi bastante comparado ao Reizinho quando atuava na base. Quem confirma é Gaúcho, que comandou o hoje volante do Udinese nos juniores e nos profissionais.

- Essas comparações existiam, sim, e eu acho que o Allan é mais parecido com o Juninho do que o Muralha. Nem tanto pela bola parada, mas pelas características e pela ofensividade. Mas o Allan se movimenta mais em campo do que o Juninho, que atuava por uma área mais definida - opina.

Jogadores de outros clubes também já foram comparados ao Reizinho, embora de maneira mais tímida. É o caso de Higor, meia do Fluminense que sempre se destacou nas cobranças de falta e está de volta ao clube neste ano, após se destacar em passagem por empréstimo pelo Avaí. Na pré-temporada tricolor, ele marcou um gol de bicicleta e recebeu elogios do centroavante Fred.

Os novos Juninhos hoje não atuam como meia de ligação - casos de Muralha e Allan - ou não conseguem uma sequência como titulares - casos de Bernardo e Higor. Vale a ressalva, porém, de que nenhum deles tem mais de 23 anos. O próprio Reizinho só conseguiu se firmar no Vasco por volta de 22 anos. E chegou à Seleção aos 24.

A comparação atual é feita com Linnick, que tem 14 anos e chama a atenção de diversos torcedores pela semelhança nas características. Camisa 8 do time infantil, ele publicou recentemente uma montagem na qual aparece lado a lado com o Reizinho.

- O Juninho, para mim, é o cara. As cobranças de falta dele são perfeitas, e eu tento me espelhar nessa batida dele nos treinamentos - disse o garoto.

O técnico da equipe infantil do Vasco, Luiz Felipe, elogia Linnick. Mas aponta um defeito e recomenda muita cautela com qualquer tipo de comparação.

- O Linnick tem muita qualidade, pode chegar longe, mas precisa melhorar o dinamismo dele em campo e treinar bastante para evoluir. Além disso, é muito cedo para comparar um jogador consagrado com outro que está apenas no começo da carreira. É muito importante ter isso em mente - analisou.

Fonte: ge