Futebol

Irmã de ex-meia entrega carta de incentivo a jogadores do Vasco

Professora de História aposentada, Osmarina acordou cedo, pegou papel e caneta e colocou em duas páginas do caderno todo seu sentimento. Torcedora do Vasco e irmã de Milton, ex-jogador do clube na década de 1960, ela mora a poucos metros da Arena Joinville. Na manhã de sábado, foi até o estádio e entregou uma carta carinhosa para os jogadores. A mensagem foi passada em mãos para Marlone, seu jogador preferido, mas trazia referências a quase todo o time e até conselhos para os jogadores na vida fora do futebol.

Conhecido como Milton Fumo na cidade catarinense, ele é até hoje lembrado como um dos maiores jogadores revelados no estado. Nascido em Joinville, cidade que recebe o jogo de vida ou morte para o Vasco contra o Atlético-PR, neste domingo às 17h, Milton jogou cinco anos em São Januário e viveu o período que o Vasco passou o maior jejum de títulos estaduais da sua história - entre 1958 e 1970, só venceu um Rio-São Paulo em 1966, em título dividido com Botafogo, Corinthians e Santos.

Apesar do tempo de vacas magras, a família de Milton - em sua maioria vascaína - mantém ligação com o clube e com a cidade. O sobrinho de Milton, filho de Osmarina Eleotório Vieira, estudou no Rio e viveu ao lado da Barreira do Vasco. Conhecido como Bailarino do Itaum pelo estilo de jogo em seus tempos de Fluminense de Joinville, Milton morou no alojamento do clube em seus tempos de Vasco. Vítima de uma meningite em 1989, ele conheceu a esposa também no bairro de São Cristóvão, onde viveu e ficou até falecer. Hoje está enterrado no cemitério do Caju.

- Ele pegou o final do Barbosa no Vasco e jogou com Bellini, Brito, Sabará, Fontana. Acho que já era vascaína antes, mas hoje sou ainda apaixonada pelo Vasco porque meu irmão foi muito bem tratado no tempo dele lá - conta Osmarina, que comprou ingresso para o jogo deste domingo e pegou autógrafo de jogadores, do técnico Adilson Batista e do presidente Roberto Dinamite.

Na carta entregue ao meia-atacante Marlone, que recebeu uma chamada em tom de brincadeira de Tenorio para não deixar de ler a mensagem, Osmarina citou a passagem do seu irmão pelo Vasco e disse que ia torcer muito para cada um deles na partida de logo mais na Arena Joinville. A vascaína ficou envaidecida de conhecer os jogadores e aproveitou ao máximo para conversar com eles. Para Marlone, ela lembrou o potencial econômico da cidade catarinense e sugeriu até um novo plano de carreira para o camisa 30.

- Disse que queria ele no Vasco, mas, se fosse para sair, que viesse jogar em Joinville. Aqui tem muitas empresas e corre muito dinheiro – disse ela.

Admiradora da beleza de Bellini nos tempos áureos do capitão vascaíno e da seleção brasileira campeã do mundo em 1958, Osmarina mexeu com os jogadores do time e elogiou muito Edmilson e Tenorio.

- Escrevi para o Marlone, mas pedi a ele que lesse a carta para todos os jogadores. Sou fã de todos. Falei no Edmilson e disse que ele era o negrão que decidia os jogos, falei no Juninho, o homem das bolas paradas, no Yotún, no técnico, que havia esquecido o nome. Escrevi rapidinho, pedi até desculpas pela carta ser entregue grampeada - afirmou Osmarina, que também bateu rápido papo com Bernardo e repetiu pessoalmente os conselhos que deixou na carta.

- O Bernardo veio autografar minha camisa e disse que vi uma reportagem sobre ele na TV. Ele perguntou sobre o que era, um pouco desconfiado. Aí disse que não era uma coisa muito agradável, mas que desejava tudo de melhor para ele, que tomasse cuidado e mantivesse a ética dentro e fora de campo - disse a torcedora.

Irmã de um ex-jogador que era considerado um gênio por jornalistas da região, Osmarina sabe que a profissão de jogador é de altos e baixos. Na carta, a mensagem final é um desejo de Feliz Natal e um próspero Ano-Novo para todos os jogadores. É o que desejam todos os remetentes vascaínos para a equipe que entra em campo neste domingo em busca do milagre de Joinville.

 

Fonte: ge