Interventor diz que eleição foi ilegal e que FERJ é um circo de horrores

No cargo de delegado de polícia, Hekkel Raposo nunca se intimidou com bandidos. Mas como interventor da Federação de Futebol do Rio (Ferj), ficou assustado com a reação de parte dos dirigentes de clubes e, uma semana depois de ser nomeado, está inclinado a abandonar a função. Após o que qualificou como \"circo de horrores\" (a reunião que \"elegeu\" Rubens Lopes por aclamação como presidente da Ferj, segunda-feira), Hekkel deve pedir seu afastamento da função à juíza Márcia Cunha, da 7ª Vara Empresarial. Raposo falou ao GLOBOESPORTE.COM sobre o drama que tem vivido.

Qual é a situação da Ferj neste momento?
Hekkel Raposo - Por decisão da 7ª Vara Empresarial, a diretoria foi destituída, eu fui nomeado interventor pelo Ministério Público do Estado, e tenho de preparar as condições para que haja novas eleições em até 30 dias a partir da minha nomeação (até 9 de março). O que aconteceu na segunda-feira não tem qualquer validade. Rubens Lopes não é o presidente da Ferj.

Excetuando-se Flamengo, Botafogo e América, os clubes e Ligas mostraram-se contrários ao senhor como interventor. Houve alguma tentativa de aproximação com esse clubes para pacificar o futebol do Rio?
- Eu não pedi para estar aqui, fui nomeado por um promotor público. Quando cheguei, vim com o espírito conciliador. Infelizmente não foi isso que encontrei aqui. Não houve qualquer movimento na Federação para me ajudar. Houve uma resistência passiva a mim.

Isso quer dizer que o senhor foi boicotado?
- De certa forma sim, sempre encontrei um clima de antagonismo. Fui recebido com muita gentileza pelo senhor Pedro Costa (assessor de imprensa), mas ninguém me passou nenhum documento, não fui informado de nada que se passava na Federação, não houve ninguém disposto a colaborar. Não vou colocar a culpa nos funcionários, evidentemente que alguém ou algum grupo está por trás dessa ação.

O que mais difícil, perseguir bandidos como delegado, ou lidar com alguns dirigentes como interventor da Ferj?
- Achava que perseguir bandidos era mais difícil. Mas depois daquele circo de horrores na segunda-feira, já não sei...

Qual será o próximo capítulo da novela Federação do Rio?
- Estou preparando um relatório de tudo o que aconteceu desde que cheguei, e vou entregá-lo à juíza Márcia Cunha. Depois, sinceramente não sei.

Isso significa que o senhor deixará a função de interventor?
- Meu pai era um desportista e me ensinou que esporte é fazer amigos. E não é isso que está acontecendo, o que me deixa muito triste. Primeiro vou conversar com a juíza. Não quero fazer previsões para depois, em cima de hipóteses.

A Ferj ficaria então acéfala? Se o senhor sair, quem assumiria?
- Desculpe, não vou falar em cima de hipóteses.