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Interdição de São Januário afeta cerca de 500 famílias

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro emitiu esta semana uma decisão que mantém a proibição de presença de torcedores em jogos realizados em São Januário. O juiz Marcello Rubioli, responsável pelo parecer que embasou a solicitação do Ministério Público para o fechamento do estádio, destacou que “todo o complexo está cercado pela comunidade da Barreira do Vasco”, mencionando também “disparos de armas de fogo associados ao tráfico de drogas presente na região”. Ele ressaltou ainda que as ruas estreitas ao redor do estádio não oferecem espaço para escapar, frequentemente se tornando locais lotados de torcedores consumindo álcool.

Os desembargadores Renata Cotta e Carlos Santos de Oliveira decidiram, em seu voto, pela permanência do fechamento de São Januário. O incidente de confusões ocorreu durante o jogo entre Vasco e Goiás, em 22 de junho. No entanto, o Vasco já cumpriu consequências esportivas e financeiras por meio de sanções da Justiça Desportiva, sendo obrigado a realizar quatro partidas como mandante sem a presença de público.

“A segurança do evento e dos consumidores é um princípio fundamental do esporte”, destacou Renata Cotta em sua manifestação.

O Vasco, em sua defesa, apresentou um plano operacional desenvolvido em colaboração com as autoridades públicas envolvidas na organização de partidas de futebol, incluindo a Polícia Militar, Polícia Civil, CET-Rio e Comlurb.

Um levantamento realizado pelo aplicativo Fogo Cruzado revelou que, no decorrer deste ano, o entorno do Maracanã registrou um número de tiroteios semelhante ao que ocorreu nas proximidades de São Januário. Contudo, não se levantou a possibilidade de fechar o “Templo do Futebol”.

A decisão de manter a torcida afastada de São Januário acaba por afetar também a comunidade da Barreira do Vasco, que o juiz Rubioli mencionou como abrigo de traficantes e que o Tribunal de Justiça demonstra preocupação.

De acordo com um levantamento realizado pelo Observatório do Trabalho Carioca, ligado à prefeitura do Rio, aproximadamente 18 mil moradores da região sofrem as consequências tanto do fechamento do estádio quanto da publicidade negativa que envolve a comunidade.

A cada partida realizada sem a presença da torcida, aproximadamente 300 trabalhadores autônomos perdem a oportunidade de atuar dentro do estádio, enquanto outros 250 não conseguem realizar vendas do lado de fora. O estudo da prefeitura enfatiza que a redução de até 60% na receita também afeta diretamente a estabilidade financeira da comunidade como um todo.

Fonte: Papo na Colina