Histórico: O dia que o Vasco chegou ao topo do Brasil, pela 4ª vez
A segunda conquista nacional do Vasco da Gama foi obtida em 1989 por uma geração que ficará para sempre marcada na memória dos torcedores pelo bom futebol e pela forte identificação com as cores do clube. A grande maioria do elenco campeão foi formado em São Januário e muitos desses jogadores chegaram a vestir a camisa amarelinha. Até mesmo por isso, em diversos momentos daquele ano, o Gigante da Colina viu sua equipe, dirigida na oportunidade por Nelsinho Rosa, ser chamada de "SeleVasco".
Apesar disso, o Almirante iniciou a temporada enfraquecido pelas saídas de Roberto Dinamite e Romário e não conseguiu o tão desejado Tricampeonato Carioca no primeiro semestre. No Brasileiro, porém, a história foi outra. O Vasco da Gama acertou a contratação de Bebeto junto ao Flamengo, reencontrou o bom futebol e voltou a ser um tormento para os adversários dentro das quatro linhas. A maior prova disso foi o retrospecto na primeira fase: cinco vitórias, quatro empates e apenas uma derrota.
A confiança havia voltado e o Gigante da Colina, após 15 anos, parecia ter totais condições de retornar ao topo do futebol brasileiro. O começo da caminhada cruzmaltina na segunda fase, entretanto, não foi dos melhores. Dois empates e uma derrota para o Flamengo. Demonstrando realmente ser o "Time da Virada", o Vasco da Gama se recuperou nos jogos seguintes e avançou para a grande decisão com a melhor campanha. Um dos principais destaques do time, Bismarck relembrou a trajetória do Almirante em 1989.
- O time em si era muito bom, em todos os setores, e era chamado de "SeleVasco" porque possuía vários jogadores com passagem pela Seleção Brasileira. Em 1989, não começamos bem, tivemos muitos altos e baixos, mas do meio para o final do Brasileiro o time foi criando mais confiança e passou a ganhar jogos importantes. Lembro que na reta final precisávamos ganhar duas partidas fora de casa contra Corinthians e Internacional, além de torcermos por um tropeço do Palmeiras, para nos classificarmos. Acabou que vencemos os dois jogos, o Palmeiras perdeu e nos classificamos para a final para enfrentar o São Paulo - relembrou Bismarck, completando logo em seguida.
- Me recordo que o regulamento proporcionava ao time de melhor campanha escolher se jogaria em casa ou fora a primeira partida da decisão. Ganhando essa primeira partida, não teria a segunda. Tínhamos feito uma campanha melhor que o São Paulo e poderíamos jogar no Maracanã, mas decidimos que íamos jogar e ganhar lá no Morumbi. O nosso momento era bom, vínhamos de duas grandes vitórias fora de casa, então nos fechamos e viajamos para lá determinados a voltar com aquela taça. Tudo deu certo e no final comemoramos o título com o "Casaca". Ficamos felizes e eufóricos, pois o Vasco não ganhava um título desde 1974. Foi a realização de um sonho, algo inesquecível. Sinto saudades disso - acrescentou o lendário meio-campista.
Revelado nas categorias de base do Vasco da Gama, Bismarck fez sua estreia entre os profissionais em 1987 e encerrou sua passagem pelo clube seis anos depois, em 1993, com 301 jogos disputados, 106 gols marcados e muitos títulos. Por toda história que construiu, o antigo armador sabe como ninguém o que é preciso para fazer sucesso em São Januário. Até mesmo por isso, o ídolo fez questão de deixar uma mensagem para os representantes da "Fábrica de Craques" no atual elenco do Gigante da Colina.
- A base sempre foi importante nas conquistas do Vasco. O conselho que dou para todos os meninos formados na base que estão atuando hoje é para jogarem sempre com amor. Que eles honrem a camisa do clube. Quem joga no Vasco, tem que buscar sempre fazer o melhor e almejar coisas grandes. É fundamental que eles queiram marcar o nome da história do clube. E isso só é possível conquistando títulos - concluiu Bismarck, que marcou oito gols e foi o artilheiro vascaíno no Campeonato Brasileiro de 1989.
FICHA TÉCNICA
São Paulo 0 x 1 Vasco da Gama
Campeonato Brasileiro 1989- Final
Data: 16 de dezembro de 1989
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos
Gol: Sorato, 05/2ºT (Vasco)
São Paulo: Gilmar, Netinho, Adílson, Ricardo Rocha, Nelsinho; Flávio, Raí, Bobô; Mário Tilico, Ney e Edivaldo (Paulo César). Treinador: Carlos Alberto Silva.
Vasco da Gama: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quiñónez, Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro, Bismarck; Bebeto, Sorato e William. Treinador: Nelsinho Rosa.
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