História: O gás do mico
Por ROBERTO VIEIRA
12 de dezembro de 1948.
O Vasco da Gama tinha um timaço. Base da seleção.
O Botafogo tinha um gênio: Nilton Santos.
Mas era um Nilton Santos noviço. No mais era Pirilo, Paraguaio e Geninho.
Quando o Vasco da Gama chegou nos seus vestiários em General Severiano, cal virgem.
Os jogadores tiveram que trocar de roupa no carro de um dirigente.
Um por um.
Quando o time ia entrar em campo sacudiram pó de mico nos vascaínos.
Barbosa passou o jogo se coçando.
No segundo gol estava coçando as costas quando a bola passou perto da sua cabeça.
Saiu do campo para uma emergência da antiga capital federal.
Eli e Danilo não se entendiam. Sonolentos. Culpa do café e da água servidos no intervalo?
As bolas foram entrando. Uma, duas, três vezes.
Quando o Vasco tentava atacar, o viralata Biriba entrava em campo para delírio de Carlito Rocha.
O Botafogo venceu o Expresso da Vitória por 3 x 1. Sagrou-se campeão carioca de 1948.
Sessenta anos depois, o jogo faz parte do folclore do futebol brasileiro. Folclore de um tempo em que o extra-campo existia de fato.
Embora, mais importante que o pó de mico, tenha sido o esquema tático revolucionário do técnico Zezé Moreira.
Um detalhe esquecido por quem prefere a lenda ao fato.
Hoje, a cal virgem voltou a fazer parte do futebol brasileiro.
De forma mais sofisticada. Na forma de gás pimenta.
Lamentável.
Pois quem paga o mico é o torcedor que ama o futebol bem jogado.
- SuperVasco