Futebol

Helton, ex-Vasco, passa férias no Brasil e dá entrevista a jornal português

\"Se não pensa em ganhar tudo é melhor nem entrar\"

O conselho tem destinatário indefinido, por ser mais uma máxima de vida do que uma mensagem para os que chegam ao FC Porto. Ainda assim, difícil como é apanhar desprevenido o optimismo de Helton, até ele admite que, para primeira época, a dobradinha não foi nada má, embora não sirva de critério para as próximas: \"Eu sempre penso em conseguir o bom e o mais\"

Sofreu dois golos em 11 jogos na sua primeira temporada no FC Porto, um facto que lhe merece apenas um encolher de ombros e um sorriso, assim como quem diz: bom, né? Com a simplicidade e as poucas palavras com que esconde um espírito brincalhão, Helton partilhou com O JOGO uma manhã das suas \"agitadas\" férias, com uma conversa na marginal de Niterói, a terra onde nasceu e se fez homem. Desde que deixou o Porto, onde o seu dia-a-dia se esvai entre o trabalho no FC Porto e a casa na Areosa, o guarda-redes portista tem-se dedicado à família, à sua escolinha de futebol e ao grupo de pagode Toque Social, de que é mentor, produtor e patrocinador. Quando voltar, dia 8 de Julho, estará tranquilo e com a vontade de sempre: vencer, vencer, vencer. \"Se não fosse assim, num clube como o Porto, nem valeria a pena voltar, né?\"

O JOGO | Vamos começar por arrumar o assunto Vítor Baía? Como foi lidar com o estatuto do Vítor no início?
Helton | Foi supertranquilo. Sempre tive o apoio do Vítor e isso deixou-me bem à vontade.


P | Sabe que os outros, antes de si, que tentaram desbancar Baía do posto de número 1 não caíram tão bem sucedidos junto dos adeptos
R | Que bom para mim. Mas sabe que desde sempre senti que me apoiavam, em todos os momentos. Eu sempre deixei bem claro que o meu maior objectivo era trabalhar e acho que as pessoas entenderem bem isso.


P | É verdade que você e o Baía são amigos, que ele o ajudou na integração?
R | O Vítor foi espectacular, cinco estrelas.


P | Sabe que por exemplo o Quim e o Moretto, no Benfica, já assumiram publicamente que não gostam um do outro e não são amigos....
R | Bom, comigo e com o Vítor sempre foi tudo espectacular, tanto no que diz respeito ao profissionalismo como à amizade dentro de campo.


P | Sim, mas isso quer dizer o quê, que vocês se visitam, jantam em casa um do outro? Como se manifesta esse bom relacionamento?
R | Olha, não costumo sair para jantar na casa de amigos, não tenho esse hábito. Não é por aí. Mas desde o primeiro dia de trabalho, foi o Vítor que me recebeu e disse \"bem-vindo e fique à vontade. Trabalhe como você sempre trabalhou\". Depois, na pré-temporada, foi o mesmo, fez questão de ajudar no trabalho e a nossa amizade é assim, um ajuda o outro no seu trabalho. Sem dúvida.


P | E o trabalho com Wil Coort? Você acha que é um guarda-redes diferente do que era em Leiria?
R | O trabalho com o Wil é tranquilo, sempre procurando uma melhoria. Mas quer no Leiria, quer antes mesmo, no Vasco, eu convivi com diferentes métodos e é assim que eu encaro. Nem vou dizer que um é melhor do que outro. São métodos diferentes, todos com o mesmo objectivo. E eu tranquilo com todos.


P | Tudo junto, o que acabou por fazê-lo mudar de ideias lá pelo Natal, quando quis sair do clube? Foi alguma garantia que o técnico lhe tenha dado?
R | (sorrindo) E eu, hein? As pessoas comentaram que eu quis sair, mas eu nunca disse isso. Tá louco?


P | A verdade é que conquistar a dobradinha e a titularidade logo na primeira temporada no clube não é um mau começo....
R | Sempre tenho como pensamento que posso alcançar algo mais, e que esse algo mais que vier há-de vir sempre através do trabalho. Nunca estou satisfeito com o que tenho, sempre busco melhorar em todos os aspectos. Mas reconheço, para quem chegou no primeiro ano, junto com o grupo, e conseguiu esses grandes objectivos, na verdade não é nada mau.


P | Vai dizer que estava à espera que fosse assim?
R | Sabe, eu sempre espero o melhor. Sinceramente, quem não tem confiança no trabalho positivo fica pelo caminho. Eu sempre penso em conseguir o bom e o mais. Por isso, quando uma etapa chega ao fim, eu não posso dizer que foi melhor do que o esperado, porque nós sempre esperamos o melhor possível.


P | Então já se está mesmo a ver que para a próxima temporada a ideia é repetir a dobradinha e melhorar na Liga dos Campeões.
R | O meu objectivo é sempre o do grupo, que é o melhor. Queremos o título, e o título no campeonato nacional, na Taça e na Liga dos Campeões. E se não pensar assim, sinceramente é melhor nem entrar. Esse chegar ao título é válido para toda e qualquer competição em que entrarmos, sempre pensamos em chegar ao \"top\".


P | Deve ser por isso que Co Adriaanse diz que Paulo Assunção, Helton, Pepe, Lucho e o Quaresma não podem sair do grupo, são imprescindíveis...
R | Ele disse isso? Não estava sabendo. Que legal. Sabe, quando vem assim um elogio nada melhor do que um sorriso para agradecer. Mas saiba que se um dia vier uma crítica construtiva, vai também ser recebida da melhor maneira possível. Porque na verdade eu sou optimista.

Fonte: O Jogo (Portugal)