Futebol

Há 30 anos, Vasco vencia o Flamengo e conquistava a Taça Guanabara

Em 20 de abril de 1986, diante de 120 mil torcedores, o Vasco vencia o Flamengo por 2×0 na última rodada.  O jovem Romário balançaria as redes duas vezes, trazendo para o Cruzmaltino a 4ª Taça Guanabara de sua história, encerrando um jejum de nove anos. Era a 1ª conquista de Eurico Miranda no comando do futebol do clube.

Assim descreveu este jogo histórico o jornalista e vascaíno fanático Tim Lopes:

“Foi uma festa vascaína. Às 19h45, quando o Maracanã apagava seus refletores, o herói e artilheiro da Taça Guanabara descia as escadas para o vestiário suado e cansado, mas feliz. Ele sabia que estava começando ali uma nova era para a equipe de São Januário, a sua era, a era Romário.

Depois de habitar por mais de 17 anos os apaixonados corações dos torcedores vascaínos, o veterano ídolo Roberto Dinamite começa a dividir as luzes da ribalta com seu pequeno sucessor. Romário, 20 anos, mereceu os dois gols que marcou contra o Flamengo, aos 5 e aos 45 minutos do segundo tempo, que deram o título da Taça Guanabara ao Vasco e o colocaram na frente do eterno Roberto na artilharia do campeonato. Agora, Romário tem 12 gols e Roberto 11, o que deixa o Vasco com os dois primeiros goleadores e o ataque mais positivo: 29 gols.

O grito da galera contagiava os jogadores. Afinal, o Maracanã teve público e renda recordes da temporada: 3 377 325 cruzados e 121 093 pagantes. Para ajudar o Vasco, a Mancha Verde, torcida do Palmeiras, também compareceu, o que aumentou a ira rubro-negra. Eram cãnticos de guerra, batalha de bandeiras e muito carnaval, tudo misturado. Na arquibancada, parte da bateria da Escola de Samba Império Serrano empurrava o Vasco em campo. O tradicional “Casaca, casaca, zaca, zaca, zaca…/A turma é boa, é mesmo da fuzarca…” se misturava com o refrão do samba-enredo mais popular do carnaval: “Me dá, me dá, me dá o que é meu / Foram oito anos (tempo em que o Vasco ficou sem o título da Taça Guanabara) que alguém comeu…”

“Nunca perdi uma decisão para o Flamengo”, dizia Romário confiante, ao acordar, domingo, na concentração do clube. Em sua curta carreira, iniciada num time de bairro, o Estrelinha, Romário de Souza Faria sempre foi artilheiro e nunca tremeu diante do Flamengo. Foi campeão juvenil, de juniores e, agora, no profissional, sempre sobre o Flamengo. “Voltei a provar que não faço gol só em time pequeno. Meti logo dois no Flamengo que é para calar a boca de muita gente”, desabafava.

O tão sonhado título vascaíno continuou a ser comemorado, pela quente noite carioca, por dirigentes e jogadores. Boa parte do grupo foi para uma churrascaria em Copacabana, mas o artilheiro Romário preferiu refugiar-se na casa dos pais, no modesto bairro de Vila da Penha. Lá, ele esqueceu a injustiça do corte da seleção de juniores que foi a Moscou e conquistou o bicampeonato mundial. E sonhou em ser, para o Vasco, o que Roberto, o velho Bob Dinamite, representa hoje. Um ídolo e craque inesquecível.”

Aos jogadores do Vasco, foi pago um valor recorde pelo título, demonstrando toda importância que tem o título da Taça Guanabara, um dos mais tradicionais do país

O então vice-presidente de futebol Eurico Miranda comentou sobre o título no vestiário pós-jogo:

“Este título não tem preço. A torcida do Vasco estava precisando colocar a mão numa taça e ela veio de maneira sensacional, com uma vitória sobre o Flamengo. então não tem dinheiro que pague este título.”

E também falou sobre a recepção da torcida, que gritou seu nome no Maracanã:

“Esta emoção é algo indescritível. Na verdade, a emoção maior é ver esta torcida com um título que não ganhávamos ha nove anos, desde 1977. Acho que não existe coisa melhor do que isso. agora é comemorar e nos prepararmos para conquistar o segundo turno e o campeonato estadual”

A Campanha do Título:

6-0 Goytacaz
3-0 Mesquita
7-1 Portuguesa
2-2 Bangu
2-1 América
3-0 Campo Grande
2-0 Olaria
2-1 Americano
0-2 Botafogo
0-0 Fluminense
2-0 Flamengo

Ficha do Jogo:

20/04/1986 – Vasco 2 x 0 Flamengo – Maracanã
Juiz: Luís Carlos Félix;  Renda: Cr$ 3 377 325;  Público: 121 093
Gols: Romário 5 e 45 do 2º.

Vasco:
Paulo Sérgio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Lira; Mazinho, Gersinho (Geovani) e Josenílton; Mauricinho, Roberto e Romário.
Técnico: Antônio Lopes

Flamengo:
Zé Carlos, Jorginho, Guto, Aldair e Adalberto; Andrade, Valtinho e Gilmar; Bebeto, Chiquinho e Marquinho.
Técnico: Sebastião Lazaroni

Outras vitórias em 20 de abril:

Vasco 2×0 São Cristóvão (Carioca 1930)

Vasco 2×0 Campo Grande (Carioca 1972)

Itabuna 0x1 Vasco (Brasileiro 1978)

Vasco 7×0 Cabofriense (Carioca 1990)

Vasco 1×0 Criciúma (Copa do Brasil 2006)

 

Fonte: Casaca!