Grupos políticos apoiam boicote à FERJ; Eurico se mostra contrário
A administração do presidente Roberto Dinamite declarou guerra pública contra a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) após o erro de arbitragem que foi decisivo para a perda do título carioca para o Flamengo, no domingo. Mas, com a iminente eleição no clube nos próximos meses, as ações práticas e judiciais podem estar com os dias contados. Nome de peso na disputa, Eurico Miranda, antigo aliado da entidade, se mostrou contra o movimento. Por outro lado, os grupos políticos concorrentes endossaram o tom agressivo contra a Ferj e prometem manter a recente oposição.
Em reunião realizada na noite da última segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Vasco aprovou a postura da gestão Dinamite e criou, inclusive, um debate acalorado no momento em que, após a leitura do manifesto de repúdio à Ferj pelo conselheiro Jorge Luiz Moraes, Eurico rebateu:
- Quero saber uma coisa. Qual é o efeito prático disso?
O ex-mandatário foi vaiado e ouviu gritos de ordem, como "é a nossa luta, é o passado do clube!". O vice-presidente do órgão, Roberto Monteiro, comandou a sessão e será um dos candidatos. Em texto público no site de sua chapa, ele se posicionou em repúdio contra a Federação e solicitou que o clube não esmoreça na luta para ter as reinvidicações atendidas.
"O Conselho Deliberativo do Club de Regatas Vasco da Gama conclama a diretoria administrativa a adotar um tom mais incisivo em suas relações institucionais com a FERJ e indica a necessidade de lutar por radicais mudanças na direção e na comissão de arbitragem da FERJ".
No discurso de Jorge Luiz Moraes, a amarga lembrança da final do estadual foi compartilhada.
- O momento é grave. Marquemos a posição agora ou teremos que nos calar para sempre. E nós estamos formando ainda gerações de torcedores. Mais uma vez, presenciei com meus dois filhos nosso clube ser roubado.
Ex-vice de finanças do Vasco, Nelson Rocha, que lançou o "Vira Vasco", também publicou nota em que garante extensão à oposição frontal à entidade, caso seja eleito.
- Quando assumir a presidência do nosso clube, podem ter uma certeza: essa farra da FERJ vai acabar, o Vasco terá comando, terá voz, não se quedará aos apitos ou a falta de apitos que tanto têm prejudicado o Vasco. Basta de tanta parcimônia.
Ainda sem candidato oficial, a corrente "É Vasco", liderada atualmente por Leonardo Gonçalves e Eduardo Machado, ex-vice de marketing cruz-maltino, também seguiu o mesmo caminho, deixando claro que o Campeonato Carioca está fora dos planos principais em face a situação.
- Em 2015, o campeonato estadual não fará parte de nossas prioridades. Vamos reservar nosso inicio de ano para realizar uma boa pré temporada, jogar amistosos nacionais por todo o Brasil, semeando o amor dos Vascaínos de norte a sul. Voltaremos a jogar no exterior. Levar nossa marca e nossa história para além de nossas fronteiras. Vamos internacionalizar o Vasco, como foi no passado. O Vasco sempre valorizou o Estadual, porém é preciso enxergar que o torneio, outrora charmoso, hoje sucumbe diante de jogos pouco atrativos e de arbitragens suspeitas. Sei que isso representará uma quebra de paradigma, No entanto é chegada a hora da mudança - disse Leonardo Gonçalves, que perdeu a última eleição.
Em contrapartida, o "Casaca", grupo de Eurico, acusa o Vasco de "mendigar empréstimos à Ferj e à CBF", trabalhar com a filha do presidente Rubens Lopes, Luciana (que acaba de rescindir seu contrato por causa do desgaste entre as partes), e de mudar de opinião sobre o apoio à reeleição de Rubinho. A diretoria havia assinado um documento em fevereiro, mas, ao lado de Flamengo e Fluminense, partiu para o ataque na véspera do pleito sem concorrência.
Fonte: ge