Grande aposta do Vasco em 2007 é num jogador tímido e franzino
A voz é baixa, quase inaudível. O peso (58kg) e o tamanho (1,62m) não são de um jogador profissional. Quem vê o argentino Darío Conca entre os barulhentos e bem nutridos jogadores do Vasco custa a acreditar que aquele jovem franzino, de 23 anos, é a grande aposta do clube em 2007. O meia ainda não se sente à vontade entre os novos companheiros, apesar de garantir que foi recebido com educação por todos. Até agora não desgrudou do compatriota Dudar, a quem não conhecia. Nestes primeiros dias, o zagueiro tem sido uma espécie de irmão mais velho.
Foi um alívio encontrar o Dudar aqui. Ele vai me ajudar muito, mas com o tempo as coisas entram na rotina disse, após o treino da manhã, no Estádio do Trabalhador, em Resende.
Mas, enquanto a rotina não se instala na vida de Conca no Brasil, percalços são normais. O enfermeiro Luiz sofreu para lhe explicar como recolher fezes para um exame. Tentou um portunhol, e nada. Apelou então para a mímica, e, enfim, acabou se fazendo entender.
Para evitar problemas, Conca adotou tática cautelosa: observar muito, ouvir tudo com atenção e falar o mínimo possível. Até porque, com exceção de Dudar, ninguém entende o que ele fala.
Apesar do problema de comunicação, Conca não teme a pressão no Vasco. Criado no River Plate, ele se diz acostumado a cobranças. Seu ídolo é Pablo Aimar, mas em campo não se espelha em ninguém.
É natural que se espere muito de um jogador que vem de fora, ainda mais num futebol brasileiro. O Vasco é um grande clube, com história e torcida. Estou orgulhoso de estar aqui.
Depois de chamar a atenção de clubes brasileiros na Copa Sul-Americana de 2005, no Universidad Catolica, do Chile, Conca quase veio parar no Fluminense, mas o River Plate, dono do seu passe, exigiu que ele voltasse para Buenos Aires em 2006. Voltou, não jogou e foi para o Rosario Central, onde teve passagem discreta:
No verão passado, vivi a expectativa de jogar no Brasil. Desta vez fiquei surpreso quando o Vasco me procurou. Agora espero que tudo dê certo.
Conca ainda não teve uma conversa com o técnico Renato Gaúcho. Mas sabe que o treinador pretende escalá-lo ao lado de Morais, ficando os dois com a função de criação. Na sua visão, não importa se o jogador é argentino, japonês ou inglês.
A língua do futebol é a mesma em todo lugar afirma o jogador.
Ontem, no primeiro treino técnico em Resende, deu para notar a felicidade de todos os jogadores. Até Conca sorriu. Timidamente, mas sorriu.
- SuperVasco