Gilberto relembra passagem pelo Vasco e papel de Eurico

"O respeito voltou. Ponto!". Por trás da frase dita repetitivamente por Eurico Miranda após eliminar o Flamengo do Carioca do ano passado, há um herói: Gilberto. Fora do Vasco há oito meses, o atacante defende atualmente o Chicago Fire, dos Estados Unidos, mas com a certeza de que a distância não o tirou da memória dos vascaínos. Mais do que a vaga na decisão, que culminaria com o título estadual depois de 12 anos, o gol de pênalti foi responsável por mudar uma escrita que perdura em São Januário. O tabu no clássico agora é a favor do Cruz-Maltino e, antes do clássico por mais uma semifinal, o atacante revive a tarde gloriosa de 19 de abril de 2015.   

Naquela ocasião, as circunstâncias eram completamente opostas das de domingo, em Manaus. O Flamengo era quem tinha melhor campanha, jogava pelo empate e enfileirava 11 partidas sem perder para o rival. O pênalti de Wallace em Serginho, aos 16 minutos do segundo tempo, entretanto, mudou o rumo da história. Dos pés de Gilberto, veio o pontapé inicial para uma série de oito partidas invictas do Vasco no clássico: cinco vitórias e três empates. Dos EUA, o atacante recorda o gol:   

- Quando estava no Vasco, sempre fui muito profissional. Graças a Deus, consegui ajudar a quebrar alguns tabus, fazer aquele gol na semifinal. Foi para isso que me contrataram. Fiz meu trabalho. Por ser um clássico, foi uma coisa diferente. Ainda mais pelo tamanho das duas forças, que são enormes no Brasil. Foi um dos gols mais marcantes da minha carreira. Por ser de pênalti, teve pressão, emoção, aquela coisa contagiante.   

Gilberto relembra a semana que antecedeu o clássico, após o empate por 0 a 0 no primeiro jogo e com toda pressão nos ombros do Vasco. Se a sina de vice-campeonatos não assustava por se tratar de uma semifinal, as duas derrotas no início da temporada e o jejum deixavam o rival em condição favorável. Nos bastidores, Eurico Miranda entrou em ação. 

- Eurico é um presidente que apoia o jogador e cobra quando tem que cobrar. Sabe o que falar, é um caso à parte. Não gosta mesmo de perder para o Flamengo. Foi uma semana para terminar com aquilo (o tabu), e o Eurico foi essencial.   

O passado vascaíno, por sua vez, não é suficiente para que Gilberto tome partido no clássico de domingo. Com discurso de que se preocupa somente com o Chicago Fire, o atacante promete acompanhar a partida decisiva pela televisão, mas sem arriscar palpite ou preferência de torcida: 

- Deixei muitos amigos no Vasco, pessoas que gostam de mim, mas sou muito competitivo, dinâmico e profissional. Foco no time que estou. Não fico achando: "Ah, eu poderia estar lá". Vou assistir por ser um clássico, um bom jogo, de times que estão jogando bem. Gosto de ver a magia do futebol brasileiro. O Andrezinho deu a caneta no Arão, que depois deu o lençol. Não tenho palpite. Agora, sou Chicago Fire e serei imparcial. Quero ver um bom jogo.   

Depois de marcar cinco gols em oito partidas no segundo semestre do ano passado, Gilberto segue em branco após cinco aparições na edição atual da Major League Soccer. Com a busca do Vasco por um centroavante no início da temporada, a torcida lançou em redes sociais a campanha #voltaGilberto. A diretoria, entretanto, não se mobilizou. Já o atacante vê com bons olhos um retorno ao futebol brasileiro:   

- Fiquei muito feliz pela torcida lembrar de mim. É a recompensa por um bom trabalho. Fico feliz quando as pessoas falam comigo sobre o Vasco. Penso em voltar ao Brasil. Estou feliz aqui, o time me respeita, mas sou brasileiro, gosto do país, dos times, da maneira de jogar... Faz falta. Respeito muito a MLS, meu clube, mas se aparecer proposta vou pensar e conversar com o pessoal aqui.   

Com Gilberto na frente da televisão direto de Chicago, Vasco e Flamengo se enfrentam às 16h (de Brasília) de domingo, na Arena da Amazônia, em Manaus, pela semifinal do Campeonato Carioca. Campeão da Taça GB, o Cruz-Maltino tem a vantagem do empate para encarar Fluminense ou Botafogo, que decidem a outra vaga na final também domingo, às 19h, em Volta Redonda.