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Germano se emociona com o Vasco e recorda título da Libertadores

Já se passaram 20 anos, mas o dia 26 de agosto de 1998 jamais se perderá no tempo e na memória do torcedor vascaíno.

Naquela data, o Cruz-Maltino erguia, pela primeira vez, o título da Libertadores após uma vitória por 2 a 1 sobre o Barcelona de Guayaquil no Equador e para sempre deixava marcada uma geração, que tinha, debaixo da meta, um dos personagens mais consagrados da história do clube: Carlos Germano.

Titular do Vasco naquela e em outras conquistas, o ex-goleiro recordou, em entrevista ao GloboEsporte.com, a emoção de vencer o caneco mais importante da América do Sul.

Foto: Juan Andrade/GloboEsporte.comCarlos Germano e Sorato trabalham juntos no Maricá, clube da terceira divisão do Carioca
Carlos Germano e Sorato trabalham juntos no Maricá, clube da terceira divisão do Carioca

- Não foi uma Libertadores qualquer. O Vasco desde as oitavas de final até a semifinal pegou times que tinham conquistas da Libertadores. Mas o Vasco soube sofrer, se sacrificou para isso. Ficamos concentramos, preparados. Tudo isso faz parte, porque o prazer que você tem depois da final não tem nada que pague - relembra o ex-jogador, que se emociona.

"Minha trajetória toda foi no Vasco. Foram 15 anos. É muito tempo de casa. Por isso toda essa lembrança do torcedor vascaíno. Minha gratidão é eterna".

Com 632 partidas, Carlos Germano é o segundo jogador que mais vestiu a camisa do Vasco na história - atrás apenas de Roberto Dinamite. Onze delas foram naquela campanha da Libertadores.

Durante a competição, foi vazado seis vezes e só não participou de três partidas: contra o América do México (fase de grupos) e dos dois confrontos das quartas de final diante do Grêmio (Caetano foi o titular).

- Não foi fácil. A gente não teve uma fase de grupos fácil, porque pegamos dois times mexicanos tradicionais, o Chivas e o América, e o Grêmio. Nas oitavas, pegamos o Cruzeiro, time acostumado com Libertadores. Nas quartas, pegamos o Grêmio, time copeiro e que também é acostumado com Libertadores. E a semifinal foi contra o River Plate, o nosso jogo mais complicado.

Após não participar das quartas contra o Grêmio, Carlos Germano retornou à meta do Cruz-Maltino nas semifinais contra o River Plate. Foi, inclusive, decisivo nos confrontos, principalmente no duelo de volta, quando o Vasco empatou por 1 a 1 e se classificou após ter vencido na ida por 1 a 0, em casa.

 

Foto: O GloboVasco venceu a Libertadores de 1998 após passar por gigantes do continente no mata-mata
Vasco venceu a Libertadores de 1998 após passar por gigantes do continente no mata-mata

- A base da Argentina estava no River Plate. No ano anterior, a gente havia sofrido uma derrota ruim no Monumental. Eles tinham o mesmo time e a gente também. Só que o Vasco se preparou melhor. A gente sabia o que queria. Em casa, nós conseguimos o resultado positivo, por 1 a 0. O River fez 1 a 0 lá na Argentina, mas o Juninho fez aquele gol espetacular que deu o empate, e a gente conseguiu chegar na final.

Depois de passar pelo River Plate, o Vasco confirmou o favoritismo e venceu os dois jogos da decisão contra o Barcelona de Guayaquil - 2 a 0 e 2 a 1.

No confronto de volta, realizado no Equador, conseguiu marcar com Luizão e Donizete Pantera, que chegaram ao clube justamente naquela temporada.

- É a conquista mais importante do clube. Você ser campeão da América é só para time de peso, um time bem formado, estruturado. Tínhamos a base de 1997. Perdemos o Edmundo e o Evair, os nossos dois atacantes. Mas o Vasco trouxe o Luizão e o Donizete, dois jogadores consagrados, acostumados com esse tipo de competição. Ajudaram muito na trajetória. O Vasco tinha um time formado para jogar uma Libertadores. Nesse ponto fomos muito felizes.

Foto: Agência Getty ImagesNa final, o Cruz-Maltino passou pelo Barcelona de Guayaquil
Na final, o Cruz-Maltino passou pelo Barcelona de Guayaquil

Também campeão brasileiro em 1997, Carlos Germano se aposentou em 2006 e, como preparador de goleiros, trabalhou no Vasco entre 2008 e 2014.

Reserva do Brasil na Copa do Mundo de 1998, atualmente ele é auxiliar de Sorato, outro jogador que participou daquela conquista da Libertadores, mas de forma mais discreta - atuou em apenas uma partida.

Apesar da lembrança do título da Libertadores e de outras conquistas pelo clube carioca, o ex-goleiro prefere não eleger qual o seu momento mais marcante pelo time de São Januário.

- Muitos perguntam qual a minha maior conquista. Mas eu sou o Carlos Germano do Vasco. Esse é o meu maior título, maior que todos que eu conquistei. Quando estou caminhando na rua, as pessoas me olham como o Carlos Germano do Vasco. Isso é eterno. Essa conquista não é fácil. Você ser lembrado pelo clube e por ser do clube, isso é muito bom. É muito importante.

Novo título?

O ídolo vascaíno ainda lamentou o momento atual do clube, que nos últimos anos enfrenta problemas políticos e rebaixamentos na elite do Brasileirão.

De acordo com Germano, um novo caneco da Libertadores só voltará a ser possível com uma reorganização no comando do Cruz-Maltino.

- Eu espero que essa conquista venha o mais rápido mais possível. Da forma que está, não vai ganhar de novo. Aí vai esperar mais 15, 20 anos, o que é horrível. O vascaíno tem que abraçar o clube, abraçar as pessoas que tentam fazer o melhor pelo clube.

- Acho que não é na marra que se faz as coisas. A gente consegue as coisas com trabalho e amor ao clube. Se fizer dessa forma, te garanto que o Vasco estará brigando pela Libertadores. Do jeito que está hoje vai demorar um pouco ainda - encerra.

 

 

Fonte: ge