Futebol

Geovani, o "Pequeno Príncipe", torce pela recuparação de Ricardo

Fé. No dicionário, uma das definições diz que é “confiança absoluta (em alguém ou em algo); crédito”. Mas na prática seus efeitos ainda não são medidos em palavras. O fato é que na crença de que algo pode dar certo, a confiança absoluta pode ajudar muito a superar os obstáculos. E essa é a aposta de Geovani, ex-jogador do Vasco, vítima de uma polineuropatia, doença que afeta a coordenação motora, para o técnico Ricardo Gomes dar a volta por cima e se recuperar do acidente vascular cerebral (AVC) sofrido durante o clássico com o Flamengo, no último domingo, no Engenhão.

- A tristeza foi grande ver nosso zagueirão e parceiro sofrendo aquela situação. Mas eu venci a luta contra um câncer e não tenho dúvida que ele também vai vencer - disse.

Há cerca de três anos Geovani, campeão sub-20 com a Seleção em 1983 e destaque vascaíno na década de 80, precisava do auxílio de uma bengala para caminhar em decorrência da doença, que prejudicou seus movimentos. Hoje recuperado e se locomovendo sem o objeto, ele pede que a família e o treinador campeão da Copa do Brasil deste ano se apóiem na fé.

- A única coisa que posso dizer é que o lado financeiro, de ex-jogador, a fama e Seleção não vão resolver, não. É se apegar a Deus que ele já resolveu. Ele vai sair muito bem dessa, sem sequela, não tenho dúvida.

Os médicos ainda não sabem se Ricardo Gomes terá sequelas. Internado no CTI de um hospital na Zona Norte do Rio de Janeiro, o treinador respira com a ajuda de aparelhos. Mas Geovani tem uma certeza para o futuro do companheiro:

- Você fica mais sensível às coisas, fica sabendo que nem tudo na vida é dinheiro, fama... O que vale na vida é a família e os amigos. O ser humano tem que saber que é vulnerável e todos estão sujeitos a passar por isso que ele está passando. Temos só uma vida. Nossa saúde é uma só também. Tem que se cuidar. É o que estou fazendo hoje, mesmo com o problema do câncer. A gente começa a olhar diferente a vida.

No ano passado, o treinador também teve um AVC após o clássico com o Palmeiras, quando dirigia o São Paulo. Apesar de torcer para ter de volta o treinador à beira do campo, Geovani diz que, se Ricardo precisar abandonar a carreira para o bem da saúde, que o faça.

- Não é o que desejo, mas se for bom para a saúde dele espero que pare.

\"Tem que dar um grito\"

Companheiro de quarto do ex-zagueiro na Seleção, em 1989, durante as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1990, Geovanni conta como se comportava Ricardo:

- Ele é daquele jeito mesmo, não dá um grito, não fala alto com ninguém. Ele vai na base da conversa, por isso o Vasco cresceu na mão dele. Com ele não tem briga, não tem discussão, sempre está motivando o grupo - disse, para depois aconselhar:

- Eu até já tinha conversado com ele e falei: “Ricardo, tem hora que você tem que dar um grito e xingar para se soltar”. Mas é o jeito dele.

Por fim, Geovanni fez seus votos de fé:

- Eu não tenho dúvida que isso vai ser mais uma batalha que ele vai vencer, assim como venceu várias.

 

Fonte: ge