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ge analisa partida do Vasco diante do Flamengo no Carioca

Ao contrário do meio de semana, quando jogou muito mal contra a Ferroviária, mas se classificou para a próxima fase da Copa do Brasil, o Vasco fez um bom jogo neste domingo, chegou até a flertar com a vitória em determinado momento, mas foi derrotado por 2 a 1 para o Flamengo e vai jogar com desvantagem as semifinais do Campeonato Carioca. O futebol tem dessas coisas.

Diante de um adversário cujo poder de fogo dispensa apresentações, o time de Zé Ricardo foi firme na defesa e não facilitou a vida de Gabriel, Bruno Henrique e companhia. O Flamengo terminou o jogo com cinco atacantes, só que em nenhum momento conseguiu impor a pressão com a qual está acostumado muito por conta da atuação do setor defensivo vascaíno comandado por Anderson Conceição e Quintero. Não à toa, o gol da vitória saiu num chute de fora da área.

Ofensivamente é que o Vasco deixou um pouco a desejar. Faltou maturidade para tirar proveito do momento da partida que lhe era favorável, justamente quando as investidas rubro-negras não surtiam efeito diante do paredão vascaíno. Hugo Souza e Thiago Rodrigues foram para casa com o mesmo número de defesas realizadas durante o jogo: uma para cada.

A arbitragem, objeto central das reclamações pós-jogo, poderia ter evitado a polêmica se o árbitro Rafael Martins de Sá consultasse o VAR em lances duvidosos, como o impedimento de Nenê e o lance de João Gomes nos acréscimos. No primeiro, até agora não se sabe se o camisa 10 havia ou não cruzado a linha que divide o campo. No segundo, o pênalti não existiu: a bola bateu no rosto do volante rubro-negro.

Só a vitória interessava ao Vasco, que queria assumir a segunda colocação da tabela para assegurar a vantagem do empate no confronto das semifinais. Sem mais chances matemáticas de isso acontecer, o time ainda corre o risco de ser ultrapassado pelo Botafogo na última rodada. O adversário no mata-mata do estadual será Flamengo ou Fluminense.

Punido no fim

Com compromisso para lá de importante na próxima quarta-feira, quando enfrenta a Juazeirense pela segunda fase da Copa do Brasil, Zé Ricardo se deu o luxo de poupar Weverton e Raniel no clássico, dando chances a Léo Matos e Getúlio como titulares. No meio de campo, com a suspensão de Matheus Barbosa, o técnico surpreendeu escalando Riquelme com o objetivo de dar amplitude ao lado esquerdo e ganhar agilidade e dribles no setor ofensivo.

O problema é que, para isso, o Vasco precisa ter a bola, o que demorou a acontecer no primeiro tempo. Dessa forma, sobrecarregado no lado esquerdo da defesa com as subidas de Matheuzinho e Everton Ribeiro, Riquelme bateu cabeça com Edimar e não fez uma boa partida. O gol do Flamengo que abriu o placar do jogo nasce de uma cobrança de escanteio subsequente a uma bola perdida por ele no meio de campo - Anderson Conceição deu uma sonora bronca no menino.

No lance do gol em si, Edimar deu bobeira na primeira trave e perdeu na dividida para Willian Arão, que na sequência cruzou na medida para Filipe Luís. Um pouco antes, num lance parecido, ele já havia deixado Arão tomar à frente, mas a bola veio alta e terminou em cabeçada de Bruno Henrique para fora. Curiosamente, o primeiro gol do Fluminense no sábado retrasado, marcado por Nonato, também foi fruto de uma falha de marcação na primeira trave.

Depois do gol, o Flamengo ligeiramente recuou, e o Vasco de Zé Gabriel entrou em cena. O volante de 23 anos foi o melhor jogador vascaíno na partida e teve papel fundamental na escalada de produção da equipe com roubadas de bola e passes entre as linhas - ele foi o único do time que acertou 100% dos seus passes (16/16). Ainda no primeiro tempo, quase empatou o jogo em cabeçada que obrigou Hugo Souza a mostrar reflexo para defender.

No início do segundo tempo, com a mesma postura, o Vasco chegou ao empate com mais um belo gol de Gabriel Pec, que já havia anotado uma pintura na vitória sobre o Madureira na quarta rodada. Juninho (líder de desarmes entre todos os jogadores da partida, com três) roubou de Andreas Pereira, e Pec disparou com a bola dominada. David Luiz deu todo o espaço do mundo achando que ele puxaria para a esquerda, mas o atacante acertou um chute de rara felicidade de direita que morreu no ângulo.

Foi um gol dentro da estratégia do time de Zé Ricardo, que se propôs a fechar a casinha para agredir nos contra-ataques. Talvez essa tenha sido a principal diferença para os jogos onde o Vasco dependeu de alguma mágica de Nenê ou uma cabeçada tirada da cartola de Raniel para sair de campo vencedor.

Daí em diante, o desenho de um time que tenta o gol ocupando o campo ofensivo contra outro que se defende esperando os contragolpes só foi ficando cada vez mais claro. Paulo Souza pôs Pedro, Marinho e Vitinho em campo. Zé Ricardo respondeu com Figueiredo, Andrey dos Santos e Jhon Sánchez. Mas deixou Nenê, que obviamente poderia decidir a partida em um único lance como só ele sabe fazer, mas na verdade tirou a velocidade das subidas do Vasco.

Ficou a impressão de que faltou maturidade ao time vascaíno para matar a partida nesse limbo onde o Flamengo atacava sem sucesso e o Vasco não assustava nas respostas. Até que Arrascaeta, aos 44, arriscou de longe e decidiu o confronto. Andrey poderia ter tirado um pouco o espaço, mas o mérito é todo do uruguaio.

Além da vantagem que poderia ser obtida na semifinal, o Vasco buscava uma vitória sobre o Flamengo principalmente para elevar a moral da equipe, que vinha de atuações desanimadoras e já havia perdido os dois clássicos anteriores, para Botafogo e Fluminense. Não deu, mas a avaliação da comissão técnica é de que houve evolução.

Agora o foco é na Copa do Brasil.

Fonte: ge