GE analisa a partida entre Vasco e Botafogo, pela Copa do Brasil
O Vasco tem em Cano um dos melhores atacantes em atividade no Brasil. Pois ele, ao não ser abastecido pelo time, trocou o protagonismo com gols por um papel praticamente nulo: finalizou uma única fez, sem perigo algum. Benítez tem no Vasco a missão de articular as ações ofensivas. Bem marcado e em um noite na qual oscilou negativamente, fracassou. E as novidades de Ramon Menezes que antes surpreendiam estão manjadas.
Três fatos, três exemplos da má atuação no empate sem gols com o Botafogo, quarta-feira, em São Januário. A explicação para a eliminação na Copa do Brasil passa por estas situações, o resultado de uma escalação errada, más atuações individuais e falta de opções em um elenco curto.
Durante os 90 minutos, o torcedor vascaíno nem teve a chance de sentir a famosa ansiedade de conseguir a classificação em um jogo de mata-mata. Precisando reverter o 1 a 0 da semana anterior, o time da casa sucumbiu à marcação adversária e não teve sequer uma grande chance de gol.
O Botafogo, que normalmente joga com três zagueiros, formou uma linha defensiva de cinco homens (recuou os alas), como fizera no Nilton Santos. Ao congestionar as laterais, anulou Ribamar (pela direita) e Talles (pela esquerda). A marcação sempre era dobrada, por vezes com até tripla, sempre que os homens de frente vascaínos dominavam a bola. O expediente se repetiu com Benítez, que ficou mais sobrecarregado do que o normal uma vez que o Vasco foi forçado a atuar pelo meio.
Tal cenário mostrou o erro na escalação. Com Ramon fora por estar contaminado pela Covid-19, o auxiliar Thiago Kosloski comandou o time mais uma vez. A dupla escalou Ribamar no ataque e Fellipe Bastos no meio. Ribamar não deu amplitude ao time e, algumas vezes, dividiu o mesmo espaço de Cano. O argentino chegou a recuar para buscar a bola, um desperdício de talento. Bastos foi lento e burocrático. Não conseguiu atuar entre as linhas, ser um fator surpresa como bem fez em outras jornadas. Os dois saíram no intervalo para dar lugar a Vinícius e Marcos Jr, que atuaram melhor e deveriam ter começado a partida.
Sem conseguir entrar na área adversária por praticamente todo o jogo, o Vasco apostou em chutes de longe (das 14 finalizações, apenas quatro foram dentro da área). Andrey, aos 37 minutos do primeiro tempo, ameaçou pela primeira vez: Gatito fez boa defesa. Na etapa final, Benítez assustou o goleiro paraguaio. E só. Muito pouco.
Com Cano pouco acionado e Benítez abaixo do que pode e bem marcado, era necessário que outras figuras aparecessem. Talles, mais uma vez, não conseguiu ser o fator de desequilíbrio. Está mal tecnicamente, mas também sofre com o esquema tático. Passou da hora de Henrique ser liberado para atacar e ser uma alternativa na esquerda. Neto Borges, ao entrar na etapa final, não conseguiu fazê-lo.
Andrey, ao voltar de lesão, se destacou. Não conseguiu contribuir mais ofensivamente pois, ao tentar atacar, o Vasco se desarrumou. Então, o volante precisou guardar mais a posição. Marcou bem, evitou finalizações perigosas do Botafogo. Ao lado de Leandro Castan, foi uma fortaleza defensiva. As melhores figuras do Vasco.
É verdade que o elenco tem poucas opções. Porém, ao mesmo tempo que Ramon criou soluções, rapidamente estabeleceu uma forma de atuar e obteve resultados (é quinto no Brasileiro com um jogo a menos e reverteu a desvantagem do Goiás na fase anterior da Copa do Brasil), é preciso evoluir e achar alternativas.
Qualquer time que se posta defensivamente e aposta nos contragolpes complica a vida do Vasco. A equipe tem mais facilidade quando dá a bola ao adversário e atua nas suas falhas. Em resumo, é preciso tentar deixar de ser um time lento e com jogadores com pouca movimentação, especialmente no meio. A próxima chance é, domingo, contra o Bragantino.
Fonte: ge