Gaúcho quer vencer jogo no reencontro com os amigos Abel e Fred
Quando Carlos Roberto nasceu, o planeta ganhava, naquele mesmo 3 de março de 1953, alguém que seria o maior ídolo da história do Flamengo: Zico. Quando o zagueiro Carlos Roberto chegou ao Vasco, já havia ali um xará, que jogava de atacante. Então, passaram a chamá-lo de Gaúcho. E o outro virou
Roberto Dinamite.
Desde cedo, o atual técnico do Vasco driblou a sombra, buscando um lugar ao sol. Tanto que, perto de completar 60 anos, ainda divide o comando com o diretor técnico Ricardo Gomes.
Deixei de ser quebra-galho. E não vejo problema em dividir funções com o Ricardo. Não temos vaidade diz o treinador, que recusou uma proposta do Nacional, do Uruguai, em novembro do ano passado.
A chance de consolidar uma carreira que, entre idas e vindas, foi lapidada por 12 anos fora do Brasil, passa pela Taça Guanabara. Após duas derrotas consecutivas, o Vasco enfrenta hoje o Fluminense, de velhos amigos.
No América-MG, lancei o Fred no time de cima, quando ele tinha 19 anos. E joguei com o Abel no Vasco (de 76 a 79) e no Botafogo (83). Depois, ele foi meu treinador no Volta Redonda (86) lembra Gaúcho.
Trauma da ditadura
Apesar da longa trajetória, a luta pela valorização segue no peito e na raça. Quando Cristóvão deixou o Vasco, Gaúcho, então auxiliar, assumiu a vaga interinamente. Para tanto, deram-lhe um aumento. Mas, como Marcelo Oliveira foi contratado para o jogo seguinte, o salário voltou ao que era antes.
Recebi aumento quando assumi como técnico. E esse aumento me foi tirado. Conversei com o Roberto, e as coisas ficaram acertadas.
Para quem, aos 11 anos, viu o pai, o líder sindical Augusto Louzada, ser levado pelo Exército, qualquer problema, hoje, é fichinha.
Lembro bem quando o exército foi lá em casa e pegou meu pai, dono de posto de gasolina com liderança sobre os frentistas. Ficou 36 dias preso. Meus dois tios deram azar: um ficou preso seis anos e, o outro, oito. Foram torturados. Não há como superar diz.
O pai, falecido no ano passado, foi também jogador de futebol do Inter e vereador em Porto Alegre. Gaúcho puxou-o pela versatilidade:
Tive academia, posto de gasolina, mercearia e quiosque. Percebi que não tinha paciência para nada disso.
Gaúcho deu voltas também por aí. Morou em São Cristóvão, Tijuca, Porto Alegre, Manaus, Arábia Saudita e Argélia, só para citar alguns dos endereços. Mas, ao contrário dos boleiros, que preferem a Barra, fixou o coração na Ilha do Governador.
Não dispenso um chopinho com meu amigo Paulo Cesar, no (Bar) Arena, na Praia da Bica. Na Ilha, todo mundo me conhece. Ah, não esquece de escrever o nome do Paulo Cesar, tá? frisa Gaúcho, antes de uma irônica recomendação na despedida. Pergunta ao Zico onde ele vai comemorar o aniversário, que é pra eu ir lá festejar também o meu.