Futebol

Gaúcho fala sobre a díficil vida de um técnico interino

Rio - Interino, tapa-buraco, técnico-tampão, quebra-galho. São apenas algumas das expressões publicáveis que definem um profissional do futebol que substitui um treinador demitido. Mas, no caso de Cristóvão Borges, a oportunidade surgiu após o grave derrame cerebral do amigo Ricardo Gomes. Nem por isso, ao primeiro tropeço — na goleada sofrida para o América-MG — não deixaram de surgir questionamentos pela qualidade de seu trabalho.

Hoje auxiliar de Cristóvão, o ex-jogador Gaúcho já está há muitos anos na comissão técnica do Vasco. Desde o ano passado, ele cumpriu o papel de interino no clube duas vezes — nas demissões de Vagner Mancini, em 2010, e de PC Gusmão neste ano — e sabe como a corda arrebenta mais fácil quando quem assume o cargo não é um profissional renomado.

“Quando o técnico de fora chega, há um contrato a cumprir, um cuidado maior para se mexer no cargo (de treinador). Sendo interino, é claro que há uma coisa negativa contra o trabalho o tempo todo”, disse Gaúcho, que cita o exemplo também de Alcir Portela, que morreu em 2008 e passou anos identificado como ‘tapa-buraco’ no clube de São Januário.

Com vários times no currículo de treinador — Gaúcho dirigiu Atlético-MG, América-MG, América, entre outros clubes do mundo árabe, no Vasco ele nunca conseguiu uma boa sequência, mesmo quando alcançou resultados no início. Para Gaúcho, há diferença de tratamento quando o profissional vem de fora do clube.

\"Com certeza, há injustiças (em se julgar o trabalho). Às vezes, as pessoas não têm paciência com um interino como têm com um contratado, até porque pode haver o prejuízo financeiro para o clube. No meu caso, do Alcir, temos que ter um amor muito grande pelo clube. Porque, até pela intimidade e proximidade, por sermos funcionários do clube e não termos contrato de treinador, o rompimento é mais fácil”, destacou Gaúcho, que não lembrou de nenhum caso de jogador que o tenha desrespeitado pela condição de interino em nenhuma das passagens como técnico do Vasco.

“As pessoas sabem da história que tenho no clube. Poderia estar trabalhando em outro lugar, mas joguei 13 anos com a camisa do Vasco, conheço o Roberto, não tem como haver esse tipo de situação”, afirmou Gaúcho. O auxiliar-técnico lembrou ainda que todos na comissão técnica hoje só pensam na recuperação e no retorno do treinador Ricardo Gomes.

Fonte: O Dia Online