Futebol moderno e "sem regalias": O segredo da nova safra da Colina

O Vasco encerrou um jejum de nove anos sem títulos no Campeonato Carioca de juniores. Há uma semana, o Gigante da Colina derrotou o Fluminense por 2 a 0 e ficou com o caneco. Neste sábado, às 18h30m (de Brasília), três desses garotos campeões estaduais vão entrar em campo para encarar o Atlético-PR, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro. O lateral-esquerdo Carlinhos, o volante Rômulo e o apoiador Jonathan foram promovidos e já ganharam a confiança do técnico dos profissionais, Paulo César Gusmão. Mas qual é o segredo da nova safra vascaína? Com a palavra, o treinador da garotada, Galdino.

- Já é um trabalho de muito tempo. Estou junto com o Gaúcho há muito tempo e fizemos um trabalho que revelou atletas como o Edmundo, o Valdir, o Gian, o Jardel. Aquela safra que ganhou quase tudo. Voltamos ao Vasco com o Roberto Dinamite e temos a fórmula para revelar jogadores. A nossa facilidade se dá porque já fomos jogadores. Além disso, os garotos precisam se adequar ao futebol atual. Tem que jogar para frente, saber atuar em mais de uma poosição, ter noção de que você pode jogar fora de sua posição por alguns minutos em prol da equipe.

Com o título conquistado na semana passada, o Vasco chegou ao seu 12º na categoria. A campanha da equipe comandada por Galdino foi irretocável. Em 31 partidas, o time obteve 22 vitórias, seis derrotas e três empates, com aproveitamento de 74,1%.

Além de Galdino, a equipe também foi comandada por Gaúcho até março, quando o treinador foi convidado por Dinamite para assumir os profissionais. Com a contratação de Celso Roth e em seguida Paulo César Gusmão, o ex-comandante dos juniores foi alçado ao posto de auxiliar da equipe principal do Gigante da Colina.

- O pedido do Roberto quando nos convidou para assumir os juniores foi esse. Ele queria resgatar o futebol amador, formando atletas vencedores. O mais importante é formar homens e atletas. Acabou a conversa fiada. Esses meninos precisam ser atletas. O jogador de futebol precisa ter o comprometimento, o compromisso profissional. A carga de trabalho é uma só, não tem regalias. Esses garotos são formados com disciplina e regras - revelou Gaúcho.

Galdino afirmou que a estrutura montada pelo Vasco para formar os jogadores deu resultado em pouco mais de dois anos. Segundo ele, os garotos tem auxílio de psicólogos e tomam conhecimento desde cedo de onde a carreira como profissional pode levá-los.

- Esse profissionais colocam na cabeça do atleta o que ele pode ser no futuro, o quanto de dinheiro ele pode ganhar na carreira e o que pode acontecer quando ele for para a Europa. Estamos criando jogadores de personalidade, não de personalidade arrogante, mas de caráter forte - afirmou o treinador cruzmaltino.

Tanto Gaúcho como Gaudino apontam Jonathan e Rômulo, que vão atuar neste sábado entre os titulares diante do Atlético-PR, como as joias a serem lapidadas no profissional. O atual treinador dos juniores enumera a principal característica dos atletas.

- O Vasco estava carente de um volante como o Rômulo. Ele encaixou muito bem ao lado do Nilton. Esse jogador dificilmente dá mais de três toques na bola. Ele joga com a cabeça erguida. Já o Jonathan tem personalidade e não se intimida por ser baixo e encarar zagueiros muito maiores. E tem outra coisa, o Vasco sempre deu sorte com atacantes baixos, vide Edmundo e Romário. Podem me cobrar, mas esses jogadores serão ídolos do Vasco em muito pouco tempo - afirmou Galdino.

Mas as últimas pedras preciosas reveladas por Galdino já estão no profissional. A partir de agora, o treinador espera lapidar outros garotos para servir PC Gusmão na sequência do Campeonato Brasileiro. Sem medo de dar muita responsabilidade aos seus comandados, o técnico dos juniores apontou mais três promessas que podem chegar em pouco tempo à equipe principal.

- Nós temos o Renato Augusto, que é um volante pegador e não dá sossego aos adversários. E os atacantes Alan Júnior, que é corredor e joga pelos lados do campo, e o Nilson, que tem um estilo muito parecido com o do Fred. Ele sabe dominar uma bola, prender a jogada - avaliou o comandante da equipe campeã estadual de juniores.

Como é de praxe nas categorias de base, Galdino perde e ganha jogadores a todo momento. Se por um lado ficou sem Jonathan, Rômulo, Carlinhos e outros atletas que podem ser promovidos para os profissionais, ele vai receber garotos que subiram dos juvenis para os juniores. E para quem pensa que o comandante não conhece a safra mais jovem, está enganado.

- Posso destacar dois jogadores. Temos o Luan, que é zagueiro e já vai chegar disputando vaga entre os titulares. E o outro é um apoiador canhoto chamado Yago. Ele me impressiona por saber jogar e já ter a característica de voltar para marcar - analisou.

Galdino aproveitou para finalizar o bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM revelando a principal característica dos juniores do Vasco.

- Todo atleta que quer se firmar no futebol precisa jogar para frente. Essa é a filosofia do Vasco e eu sempre falo isso aos meus jogadores.