Futebol Americano: Dirigentes falam como se formou o Vasco Almirantes
Após a oficialização da união de rosters e coaching staff de Vasco da Gama Patriotas e Rio de Janeiro Reptiles, a equipe do Futebol Americano Brasil entrou em contato para conhecer de mais perto o novo programa do Vasco Almirantes e o processo de integração. Conversamos com o ex-dirigente dos Reptiles e gestor do Brasil Futebol Americano, Marcelo Bruno, e o atual presidente dos Almirantes, Marcel Dantas.
A primeira percepção e, principalmente, errônea dos veículos de comunicação e de fãs dos Reptiles, é que não foi uma fusão entre Botafogo e Vasco da Gama. Essa paixão dos torcedores de futebol acabou por se transferir ao futebol americano no Rio de Janeiro. Bruno procurou explicar melhor o cenário local. Confira abaixo a entrevista na íntegra
Futebol Americano Brasil – No clipe de apresentação dos Almirantes, o escudo do Botafogo não aparece, mas sim o antigo emblema dos Reptiles. O que levou a esta decisão de não colocar a referência ao Botafogo?
Marcelo Bruno – A referência foi somente aos Reptiles pois foi uma união dos Reptiles e dos Patriotas, e não do Botafogo com o Vasco. Com a união, formamos um novo time chamado Almirantes, e ficamos sob a bandeira do Vasco pois era o clube que nos ofereceria as melhores condições de parceria.
FABR – A maior base de fãs dos Reptiles está presente no Facebook. Como fazer com que os consumidores dos Reptiles e Botafogo passem a consumir e ter simpatia pelos Almirantes, uma vez que há uma forte vinculação com o clube Vasco da Gama?
Bruno – A base de fãs que eram torcedores do Botafogo terá uma conversão perto de zero. Impossível fazer um torcedor de futebol do Botafogo passar a torcer pelo Vasco. Mas faz parte.
FABR – Como ocorreu esta desvinculação com o Botafogo? O clube ajudava os Reptiles de alguma maneira?
Bruno – O Botafogo nunca foi de ajudar muito. Tínhamos um diretor parceiro nosso, que sempre ajudava como podia. Mas, nunca tivemos um grande suporte do clube. Para 2019 ficou insustentável, ainda mais com a decisão de unir os times e diante das circunstâncias de melhores oportunidades no Vasco.
FABR – O lado financeiro da equipe ficou debilitado com os gastos para logística de viagens e mando, uma vez que os alugueis dos estádios no Rio de Janeiro são muito caros?
Bruno – O lado financeiro não seria o maior dos problemas. Sempre nos viramos para fazer as coisas acontecerem. O foco é ter um time carioca forte o suficiente para brigar pelo título novamente. Uma observação importante: eu deixo de ser membro da equipe para me dedicar exclusivamente à BFA a partir de 2019. Participei do processo da união, mas agora não faço mais parte.
Os próximos passos dos Almirantes
Com a formalização de um novo programa, liderado pelo head coach Bruno Barandas, os Almirantes partem para o próximo passo: a integração entre comissão técnica e jogadores. O presidente Dantas explica como a equipe funcionará em 2019.
FABR – Como se dará o processo de integração dos jogadores dos Reptiles no plantel dos Patriotas? Como gerar experiências positivas de ambos os lados sem ter que lidar com a pressão de um roster tão inchado?
Marcel Dantas – O processo de integração entre as duas equipes está sendo feita pela comissão técnica que foi formada a partir de peças dos dois times de origem. A formação do time de fato terá como ponto de partida os treinos que se iniciam em fevereiro, quando as peças serão analisadas e o playbook será implantado considerando o tipo de jogadores que teremos em 2019. A pressão de ter um roster inchado acaba sendo positiva, gerando uma concorrência saudável em todas as posições sem exceção, com todos os jogadores precisando mostrar trabalho para a nova comissão técnica.
FABR – Onde ocorrerão os treinamentos da equipe? A logística terá de mudar com a entrada de tantos jogadores?
Dantas – O treinamentos irão ocorrer no local onde os Reptiles já treinavam [campo de futebol do Centro de Tecnologia, localizado no Fundão], que tem estrutura para receber esse elevado número de jogadores.
FABR – As receitas dos Almirantes podem ser ampliadas com a entrada de tantos jogadores através de mensalidades e como manter este ativo, uma vez que a maioria deles não jogará?
Dantas – A junção em nenhum momento foi feita pensando em aumento de receita através dos jogadores. O Vasco nunca teve mensalidade para os jogadores do time principal, e continuaremos com essa mentalidade de que o esporte não pode ser desenvolvido às custas dos jogadores. Entendemos que muitas equipes se utilizam dessa ferramenta para até mesmo contratar jogadores americanos, mas não é a nossa filosofia. Temos um trabalho de desenvolvimento sendo feito em várias linhas de receita para termos um time forte e sustentável. A junção foi feita pensando na força que passaremos a ter dentro e fora de campo e que tornará esse planejamento viável.