Outros Esportes

Fut. Americano: Forest Graham deixa Vasco Patriotas e vai para ES

Se no ano passado você tentou tirar o visto obrigatório para ir aos Estados Unidos, pode ser que tenha sido entrevistado por ele. Nascido no Texas, Forest Graham poderia ser mais um americano que trabalha no Brasil. Mas o ex-funcionário da embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro tem a alma tupiniquim. Foi por esse amor ao país que ele largou o conforto de casa e o melhor futebol americano do mundo. Estudou samba, atuou pelo Vasco Patriotas e, em mais um capítulo da sua vida cigana em busca de novos sonhos, resolveu dar mais uma guinada.

Atual vice-campeão do Torneio Touchdown pelo cruzmaltino, Forest resolveu mudar. Aos 27 anos, deixou a embaixada, o Vasco e a Cidade Maravilhosa e foi se aventurar no Espírito Santo. O futebol americano, é claro, continua ao seu lado, assim como sua outra paixão, a namorada brasileira Maria Flávia Rocio, irmã de um dos fundadores do Vila Velha Tritões, seu novo time no Torneio Touchdown. Neste domingo, ele encara o Corinthians Steamrollers pela competição nacional e, ao lado do time capixaba, quer acabar com a série invicta de 38 jogos dos paulistas.

Depois de quatro anos no Brasil, histórias não faltam. Linebacker, Forest começou no esporte ainda menino, em Austin. Pela vivência com o futebol americano desde os primeiros passos, ele é um dos destaques do torneio.

No último ano, repensou seu futuro na embaixada. O linebacker era um dos entrevistadores americanos. Com um bom português, conversava com os interessados em visitar os Estados Unidos. Analisava documentos, fazia perguntas e depois decidia se o visto seria concedido ou não.

- Eu era o \"cara dos vistos\". Um dos caras, né. Um tempo pensei que não ia poder dormir a noite por causa de todos os vistos de menininhas de 15 anos que eu teria que negar. Mas era tranquilo. Elas queriam ir para a Disney. Em quase todos os casos eu podia dizer sim, mas não em todos - explicou Forest.

Paixão pela música

A vinda para o Brasil, porém, não foi por conta do futebol americano. E sim pela paixão pela música. Forest veio estudar cavaquinho no Rio de Janeiro. Antes, fazia parte de uma banda de rock, e por isso, e pelos cabelos longos, acabou expulso de um time de futebol americano nos Estados Unidos. Depois de um tempo no Brasil, em uma academia, por acaso, através de um amigo, foi fazer um teste no Vasco Patriotas. Onde acabou entrando e sendo vice-campeão brasileiro em 2012. (Assista ao vídeo: Globo Esporte acompanha o clássico Vasco Patriotas x Botafogo FA pelo Touchdown 2012, com Forest em ação)

- Foram quase quatro anos no Rio de Janeiro. Fiz um intercâmbio de um ano no Rio quando estava na faculdade. Na PUC, estudando letras, e depois, quando me formei nos Estados Unidos, me mudei para cá. Passei um ano no Rio dando aula de inglês e estudando cavaquinho. Jogando no Vasco Patriotas também. Quando depois consegui o emprego no consulado, onde fiquei por um ano - explicou Forest.

\"Amor\" pelo Vila Velha Tritões

Mesmo com a vida organizada, o linebacker quis se aventurar novamente. De longe, respeitava como rival o Vila Velha Tritões. De tanto \"analisar\" o time, acabou engatando um namoro com Maria Flávia Rocio, irmã de um dos fundadores do time capixaba. Resolveu unir o útil ao agradável. Agora, vai dar aulas de inglês no Espírito Santo e jogar no time que enfrentou. Mais uma reviravolta em 27 anos de vida.

- Eu estava namorando uma menina do Espírito Santo. Então, não fazia sentido continuar no Rio, dando também aula de inglês e com ela em outro estado. Foi a decisão mais difícil que fiz em minha vida. Mas o esporte ainda é amador, né. Fica difícil estruturar sua vida se baseando apenas em um hobby. Não sei até quando vou ficar aqui. Dizer que é de vez, é muito tempo, mas por enquanto, sim.

O Vila Velha Tritões foi o porto seguro. O time capixaba já foi campeão brasileiro e é um dos favoritos para o título do Torneio Touchdown em 2013.

- Os Tritões me receberam muito bem. É um ótimo time, que eu sempre respeitei. E capaz de ser campeão. É muito bom jogar aqui. O time tem um patrocínio municipal forte, e a dedicação dos jogadores. A organização lembra muito a de um time profissional. Com atletas de altíssima qualidade.

Aventura \"instigante\"

A aventura de jogar futebol americano no Brasil, para Forest, é instigante. Para o linebacker, é impressionante presenciar de perto a evolução de um esporte que até pouco tempo era visto apenas pela televisão e nas praias do Brasil.

- É maravilhoso. É tão bom ver o quão rápido o esporte está evoluindo. E poder fazer parte disso. É inesquecível. Jamais esquecerei. Jogo o esporte que amo, numa terra que amo e ao lado das pessoas que amo. É bom demais. Sinto falta da minha família, claro, mas é assim mesmo - garantiu o americano.

Forest só não sabe até quando essa \"vida cigana\" vai durar.

- Eu estou vivendo um dia de cada vez. Eu amo o Brasil, mas amo os Estados Unidos. Quando estou lá, morro de saudades daqui. Se eu pensasse só em questões profissionais, estaria nos Estados Unidos. Mas eu gosto muito da minha vida aqui, da proximidade com o samba e a comunidade do FA. Nos Estados Unidos a vida é boa, mas é uma m...

O cavaquinho está um pouco de lado, mas a paixão pela música brasileira, não.

- Estou um pouco parado. Tenho tocado bastante violão, mas estar longe do meu mestre dificulta as coisas. Mas continuo estudando música brasileira. Como vou fazer pelo resto da minha vida - finalizou um dos gringos mais brasileiros do futebol americano.

Fonte: ge