Futebol

Fortaleza cobrou preços abusivos do Vasco, responsável por 49% da bilheteria

Diante do Flamengo, o Fortaleza obteve uma renda de R$ 2,717 milhões. Desse total, 76% (ou R$ 2,078 milhões) foram obtidos com ingressos para a torcida visitante rubro-negra. É prática do time cearense cobrar muito mais de torcidas de grandes clubes do Rio e São Paulo em relação ao seu torcedor.

Esse procedimento, no entanto, chegou ao extremo contra o Rubro-Negro. Detalhe: os torcedores do Flamengo representaram cerca de 9 mil do público total, isto é, em torno de 25% do estádio (36,815).

Há uma explicação: os preços abusivos cobrados pelo Fortaleza, muito acima dos praticados para sua própria torcida.

Pelo regulamento geral de competições, os valores cobrados dos visitantes devem ser equivalente aos da torcida mandante. Está no artigo 127 do RGC:

"§ 4º - Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente, nos respectivos setores do estádio ou equivalente, os mesmos valores dos ingressos cobrados para a torcida local, observadas eventuais disposições contidas nos RECs ou emitidas pela CBF".

Mas o Fortaleza utilizou-se de uma gambiarra para atender o regulamento na prática, ao mesmo tempo que ignorou o seu princípio. O clube cearense estabeleceu o preço de R$ 250,00 a inteira para o setor superior Norte, onde ficou a torcida do Flamengo.

E determinou o mesmo preço para os setor superior Sul. Foram apenas 34 torcedores do Fortaleza para esse setor. Fica claro que o objetivo era deixar os lugares vazios para justificar os preços dos visitantes.

Em compensação, em setores melhores e mais perto do campo, o Fortaleza cobrou preços bem menores. Superior Central (R$ 30), Inferior Central (R$ 120), Interior Sul (R$ 20), Inferior Norte (R$ 20).

A precificação do meio do campo demonstra que os setores inferiores são mais nobres e caros normalmente. No fundo, para cobrar mais caro dos rubro-negros, inverteu-se no fundo. O valor cobrado dos visitantes é quase igual à cadeira Premium (R$ 300).

Antes disso, no jogo diante do Palmeiras, o Fortaleza cobrou R$ 150,00 da inteira do torcedor visitante, enquanto seu torcedor mandante pagou R$ 70,00 em setores mais nobres. De novo, o clube cearense deixe um setor similar do outro lado da aquibancada (setor sul) para justificar sua prática e se enquadrar no regulamento. Nesta partida, a torcida do Palmeiras foi responsável por 44% da bilheteria.

Diante do Vasco, de novo, o Fortaleza colocou o preço de R$ 150,00 para os visitantes. Já o torcedor local, em setor melhor, pagava R$ 50,00. A torcida do Vasco foi responsável por 49% da bilheteria do jogo.

Contra o São Paulo, o clube cearense também cobrou R$ 150,00 dos visitantes, enquanto seu torcedor em pagava R$ 50,00 em setores melhores. Os são-paulinos foram responsáveis por 20% da receita. Em todos os casos, o Fortaleza manteve um setor praticamente vazio (sul) com os preços abusivos para justificar a cobrança dos visitantes.

O CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, é também um dos cabeças da LFU (Liga Forte União). O grupo prega condições igualitárias para os clubes nas receitas do campeonato, principalmente direitos de TV. Aparentemente, tratar torcedores de forma igual na bilheteria não faz parte das premissas de Paz.

Fonte: Blog do Rodrigo Mattos - UOL Esportes