Fluminense responde nota oficial do Vasco sobre o Maracanã
O Fluminense proporcionou mais um capítulo na briga com o Vasco pelo uso do Maracanã. Depois de o rival se manifestar oficialmente tratando a decisão judicial de derrubar a liminar como "inédita e absurda", o Tricolor divulgou um texto repudiando a postura vascaína.
- O Fluminense FC repudia a ação despropositada e lesiva da agremiação cruzmaltina de tentar, pela via judicial, mandar um jogo no Maracanã, mesmo diante da inviabilidade de se organizar o estádio, com segurança e cuidados necessários, em um intervalo de menos de 12 horas, na madrugada, entre o fechamento e abertura dos portões das partidas das duas equipes - escreveu o clube
A questão da segurança é tratada pelo clube tricolor como ponto primordial, na interpretação dele, para a negativa da Justiça em relação a utilização do estádio, apesar de o desembargador André Luiz Cidra, ter apontado que "a preservação do campo de futebol onde as partidas são realizadas constitui atividade imprescindível" como motivo para a veto.
Na nota oficial, o Fluminense ressalta que "há outros estádios no Estado - e mesmo no Município - do Rio de Janeiro em melhores condições de sediar a partida de domingo, seja sob o aspecto técnico ou de segurança".
O texto afirma que o uso "intensivo" do Maracanã causaria "Impactos negativos evidentes" para Flamengo e Fluminense, que detém a permissão de uso da arena pública. No início de agosto, a Conmebol abriu procedimento disciplinar contra o Rubro-Negro por conta do estado do gramado no local.
O Tricolor encerra o texto afirmando que o Vasco "foi incapaz de produzir um único documento técnico capaz de demonstrar que a pretendida realização da partida no Maracanã não causa danos ao gramado".
O Fluminense ainda acusa o rival de usar "retórica inflamada adotada em seus posicionamentos oficiais e manifestações em âmbito judicial" e de "reiteradas tentativas de constranger os órgãos e instituições que, por dever funcional, se manifestaram sobre a controvérsia, incluindo o Governo do Estado, o Ministério Público e até mesmo o Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro".
Na última segunda, o juiz Mauro Nicolau Junior, da 43ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, concedeu a liminar para que o Vasco jogasse contra o Atlético-MG no Maracanã. A decisão, no entanto, foi derrubada nesta quarta e acatou o recurso de Flamengo e Fluminense.
Com a nova decisão, o Vasco pretende recorrer ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, composto de 25 desembargadores. O caso vai ser sorteado entre um deles na manhã desta quinta-feira.
O Fluminense encara o América-MG, no próximo sábado (19), ás 18h30, no Maracanã pela 20ª rodada do Brasileirão. O Vasco deseja mandar a partida contra o Atlético-MG, no domingo, às 11h, no local.
Confira o texto na íntegra:
"Em resposta à Nota Oficial do Vasco da Gama SAF, o Fluminense FC repudia a ação despropositada e lesiva da agremiação cruzmaltina de tentar, pela via judicial, mandar um jogo no Maracanã, mesmo diante da inviabilidade de se organizar o estádio, com segurança e cuidados necessários, em um intervalo de menos de 12 horas, na madrugada, entre o fechamento e abertura dos portões das partidas das duas equipes.
A falta de segurança, aliás, foi o que motivou o Ministerio Público do Rio de Janeiro a requerer e o Poder Judiciário a determinar a interdição do Estádio de São Januário para a realização de partidas com a presença de público, risco que a administração do Maracanã não pode correr por mero capricho do Vasco.
Ao contrário do que o clube rival faz parecer, há outros estádios no Estado - e mesmo no Município - do Rio de Janeiro em melhores condições de sediar a partida de domingo, seja sob o aspecto técnico ou de segurança.
São evidentes, ainda, os impactos negativos que o uso intensivo do gramado traria a Fluminense e Flamengo, que disputam, neste momento, partidas importantíssimas em competições de mata-mata. Desprezar os prejuízos desportivos a serem suportados pelos dois clubes responsáveis pela gestão do Maracanã em benefício exclusivo dos interesses comerciais de uma única agremiação é, em tudo, uma atitude que não deveria ter lugar na relação entre entidades co-irmãs.
Fechar os olhos para os prejuízos causados aos outros clubes e ao gramado do Maracanã – que ultrapassam o aspecto financeiro, gerando o risco concreto de sanções desportivas graves - não é compatível com a ideia de uma postura verdadeiramente profissional e empática.
O Maracanã é um bem público sob permissão de uso de dois clubes, que são responsáveis pelo equipamento e sua manutenção, e que pode e deve estar à disposição dos demais, desde que haja disponibilidade de calendário e viabilidade técnica, o que inclui seguir criteriosamente as recomendações dos agrônomos responsáveis pelo tratamento do gramado.
Tanto agora quanto em suas empreitadas anteriores na justiça comum, o Vasco foi incapaz de produzir um único documento técnico capaz de demonstrar que a pretendida realização da partida no Maracanã não causa danos ao gramado. Por outro lado, contrastando com a retórica inflamada adotada pelo Vasco em seus posicionamentos oficiais e manifestações em âmbito judicial, a administração do Maracanã busca debater a questão em termos estritamente técnicos, tendo apresentado elementos que comprovam inquestionavelmente os potenciais prejuízos ao gramado do estádio.
A essa altura dos acontecimentos, torna-se mais do que evidente que o estratagema adotado pelo Vasco para alcançar seus interesses passa por reiteradas tentativas de constranger os órgãos e instituições que, por dever funcional, se manifestaram sobre a controvérsia, incluindo o Governo do Estado, o Ministério Público e até mesmo o Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.
O interesse público não pode estar à mercê dos interesses comerciais de um único clube ou de seus dirigentes."
Fonte: ge