Imprensa

Filho de Chacrinha revela histórias do "Velho Guerreiro", vascaíno ilustre

Ícone da comunicação e vascaíno de mão cheia, se estivesse vivo, Chacrinha estaria sofrendo como poucos com o risco cada vez mais iminente de rebaixamento do clube do seu coração. No vigésimo ano de sua morte, a torcida cruzmaltina relembra com saudade aquele que foi um dos maiores comunicadores do rádio e da TV brasileira, e que divulgou com irreverência a sua paixão pela Cruz de Malta em todo o território nacional. Para relembrar essa história de amor, em um dia em que a alma dos mortos é reverenciada pelos brasileiros, o JB convidou um dos filhos de Chacrinha, o diretor de TV, Leleco Barbosa, a visitar o túmulo do pai, no Cemitério São João Batista.

Na visita, o diretor revelou facetas surpreendentes do Velho Guerreiro e garantiu que se ele pudesse entraria hoje em campo para empurrar o time para a vitória.

– É um jogo imprevisível, mas vamos apelar para que o nosso Velho Guerreiro possa dar uma buzinada no Fluminense e jogar bacalhau para eles escorregarem– disse, bem-humorado. – Tomara que os grandes vascaínos que estão lá em cima junto dele possam trazer muita energia positiva para iluminar os jogadores nesta reta final do Brasileiro.

Se o pai era a imagem do otimismo e da alegria quando falava do Vasco, o filho, outro torcedor apaixonado, é bem mais pessimista em relação à atual situação do time.

– Se ganharmos o jogo com o Fluminense melhora muito. Mas se escapar, vai ser no finalzinho, para você vê que a ponto chegou o Vasco – diz com indignação o diretor, que não gostou da contratação de Renato Gaúcho e nem de ver Roberto Dinamite sentar-se ao lado do presidente do Flamengo Marcio Braga na tribuna do Maracanã.

Leleco só deixa as críticas de lado quando lembra da importância do pai na história do clube.

– O Chacrinha foi o maior divulgador que o Vasco teve até hoje. Por causa do bordão do bacalhau, o clube teve um impulso de popularidade muito grande, não só no Rio como no Brasil inteiro – conta orgulhoso Leleco Barbosa, que dirigiu os programas do pai na época em que O Cassino e a Discoteca do Chacrinha eram líderes de audiência na TV brasileira.

Além do bordão \"vocês querem bacalhau?\", que era constante em seus programas, Chacrinha não abria mão de homenagear o Vasco entrando em cena com o uniforme cruzmaltino.

– Era pura provocação. Ele fazia aquilo para provocar os flamenguistas. Mas a história cresceu tanto que ele foi se apaixonado aos poucos pelo Vasco, mesmo não sendo um grande amante do futebol.

Segundo o filho, Chacrinha só foi ao Maracanã duas vezes. Em uma delas, para ver o time ganhar do Olaria com facilidade. Tirá-lo de casa não era tarefa das mais fáceis, apesar da popularidade.

– Ele era o Chacrinha no programa e o Abelardo Barbosa em casa - revela o filho. – Não gostava de sair. Só ia se eu fosse junto.

Pelo visto Chacrinha era a própria imagem de outra de suas frases famosa que ficaram imortalizadas: \"eu vim para confundir e não para explicar!\".

Fonte: Jornal do Brasil