Torcida

Filha do Vascaíno Wagner Tiso revela seu amor pelo Gigante da Colina

Na mitologia rodriguiana, a grã-fina das narinas de cadáver é a personagem dondoca que, em pleno Maracanã, pergunta, alienada: “Quem é a bola?” Numa crônica atualizada, as mulheres que frequentam o maior do mundo são bem diferentes: vestem as cores de seu time de coração (em modelitos femininos), vão de arquibancada (para sentir mais emoção) e xingam a mãe do juiz após a falsa euforia de um gol anulado. E elas não são casos isolados.

Antes uma seara quase exclusiva do clube do bolinha, cada vez mais meninas, de todas as idades e cantos da cidade, interessam-se por futebol, vão aos estádios, discutem o clássico de domingo e acompanham o dia a dia de seus clubes. O Maraca é delas!
Moda, encantamento pela torcida ou paixão pelo jogo em si, são muitos os motivos que levam as mulheres a vestirem a camisa de seus times.

Um caso comum é a influência paterna, mesmo que suave. Um exemplo é a advogada e jornalista Joana Tiso, moradora do Humaitá e filha do músico Wagner Tiso. Nascido em Três Pontas, ele faz parte do time de mineiros que adotou um clube do Rio para torcer. Tal pai, tal filha.

— Tenho uma foto ainda muito criança com a camisa do Flamengo — diz Joana. Registro que seria orgulho de uma rubro-negra, no seu caso, é heresia: — Na verdade, sou vascaína como meu pai. Mas ele não fez pressão nenhuma, meu destino era não gostar de futebol.

Sua paixão aflorou aos 13 anos, durante a campanha do tricampeonato estadual.
— Fiquei emocionada com o título e a morte do Dener. Então, perguntei para meu pai: como faço para ser Vasco? A receita, ela mesma dá: — Passei a ir a todos os jogos, São Januário, Maracanã...
Quando o Vasco perdia, deixava de ir à escola. Meu pai acabou voltando a torcer por minha causa.

Joana se tornou viciada em futebol. Dessas que acompanham qualquer jogo na TV: — Sou até meio machista. Só converso de futebol com homens e não conheço mulheres que entendam do
assunto.

Fonte: O Globo