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Fernando diz que liderança vem do fato de ter de se virar sozinho desde cedo

O timbre grave da voz é bem diferente daquele de seu treinador, mas Fernando entra em campo hoje, às 19h30, para encarar o Coritiba, pela última e decisiva rodada da Copa da Hora, com a missão de ser a extensão de Paulo César Gusmão no gramado.

A experiência é fruto dos mais de dez anos como profissional e o senso de liderança vem de antes, quando muito novo teve de aprender a liderar sozinho a própria vida. A partida na Ressacada terá transmissão em tempo real pelo LANCENET.

Ainda aos 17 anos, nas categorias de base do Flamengo, Fernando passou a morar sozinho depois que sua mãe morreu. O zagueiro já não contava com a presença do pai, separado da mulher e falecido, quando Fernando tinha apenas 10 anos. A independência precoce trouxe lições.

– Eu tive de aprender a me cuidar muito cedo. Quebrei a cara em algumas situações, mas ganhei experiência. Aprendi a cuidar de mim e dos outros à minha volta. Não ligo para essa questão de ser capitão. Vou aconselhar os companheiros, porque isso é da minha natureza – afirmou.

Justamente essa liderança faz de Fernando um nome forte no conceito de PC. O treinador reclamou da falta de comunicação do time na derrota para o Grêmio, sábado, e nisso o zagueiro é incontestável. Em campo, ele é sempre visto aplaudindo ou cobrando algum companheiro: – Se eu grito um pouco mais, por ter começado muito cedo e ter jogado ao lado de grandes craques, acho que o PC e os jogadores gostam. Não sou o dono da verdade, mas tento ajudar o time um pouco com a minha experiência.

Bate-bola com Fernando

Como é ouvir de seu treinador que você é importante para o time pela sua experiência?
É bom, me sinto útil quando o treinador diz isso. Estou querendo ajudar. Estou feliz, mas não faço nada sozinho. Temos um conjunto. A juventude do elenco e o pouco mais que eu vivi no mundo do futebol ajudam para isso.

O que você pode passar para os seus companheiros de zaga?
Passo que precisamos ter confiança para jogar, que estamos numgrande clube, com mais responsabilidade, mas que as nossas vitórias serão maiores também.

Como você acha que o Vasco deve encarar o Coritiba?
Temos de transformar as oportunidades em gols. Isso vai resolver o campeonato para nós. Contra o Grêmio, criamos, mas não fomos felizes nas finalizações.

Como foi ter ficado sem seus pais tão cedo?
Na vida nunca ficamos desamparados. Graças a Deus, sempre tive pessoas boas para me ajudar.

Nas viagens com o Vasco, Fernando devora os livros

Acostumado com a gangorra da vida e do futebol, Fernando não se prende ao fato de estar no alto com a chegada de Paulo César Gusmão e busca nos romances de ficção uma forma de se desligar do trabalho. O zagueiro é considerado um dos leitores mais intensos do grupo vascaíno.

Para a semana em Florianópolis, o jogador levou dois romances: Virtude Indecente, de Nora Roberts, já lido, e Sangue Azul, de Leonardo Gudel, que ainda está pela metade.

– Gosto muito de ler nas viagens, é bom para sair um pouco do futebol.

Quando estamos com o time, nos esquecemos de casa, mas quando estamos em casa sempre nos lembramos do trabalho, do futebol – afirmou.

Fernando diz não ter um livro que tenha aguçado seu senso de liderança. Ele afirma que as biografias não são seu gênero favorito, com exceção da escrita sobre a vida de Steve Jobs, grande líder e um dos fundadores da empresa de computadores Apple.

Pouco utilizado por Gaúcho e Celso Roth, os dois últimos técnicos do Vasco antes da chegada de PC, Fernando vive momento de ascensão em que ainda busca a melhor forma. Antes da Copa da Hora, sua última partida havia sido em março. Depois do jogo contra o Avaí, ele acusou dores, tanto que foi poupado no primeiro tempo contra o Grêmio, no sábado.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance