FERJ acusada de cobrar taxa extra dos clubes
A Federação Estadual do Rio de Janeiro (Ferj) está colocando em prática um procedimento questionável para aumentar o público dos jogos do seu Campeonato Estadual. De acordo com uma reportagem do Lance!, a entidade está contabilizando todos os ingressos de jogos menores como vendidos, ampliando a média de torcedores presentes e sua arrecadação.
A mecânica é relativamente complexa. Em jogos cuja capacidade de público liberada é de até 900 pessoas, a Ferj declara toda a carga de ingressos como vendida. Com isso, todos os confrontos entre clubes pequenos têm lotação máxima, segundo seus borderôs.
Os ingressos contabilizados e não vendidos são repassados aos clubes, que podem distribuí-los como desejarem. Só que isso nem sempre acontece, e muitas vezes o público no estádio não corresponde àquele declarado no borderô.
Orientamos os clubes a fornecer alguns ingressos, não gratuitamente, mas dar para a comunidade, para fazer com que haja um público maior, disse Marcelo Viana, diretor de competições da Ferj.
Por causa dessa prática, o Campeonato Estadual do Rio é o segundo com melhor média de público entre os dez principais do país (6 mil pessoas), atrás apenas do Campeonato Pernambucano (mais de 8 mil).
Até para, no futuro, mostrar que o nosso campeonato é rentável, tem público, disse Marcelo Viana, explicando o porquê dos números estarem sendo maquiados.
O problema é que a Ferj sai ganhando financeiramente com isso. A entidade tem direito a 10% do total da renda de cada um dos jogos do Estadual. No caso dos jogos com público falso, a taxa é cobrada em cima do número que está no borderô, ou seja, de uma verba que não foi arrecadada pelo clube.
Segundo o Lance!, a Ferj já recebeu R$ 8.185,30 a mais por conta do esquema. O Duque de Caxias é o clube mais prejudicado, com R$ 1.854,70 de débito. Americano, Cabofriense, América, Madureira, Volta Redonda, Bangu, Olaria, Macaé, Resende, Boavista e Nova Iguaçu completam a lista dos prejudicados.
O que constar no borderô tem de corresponder à realidade. Teria de se investigar isso como inquérito civil-público. Em princípio, está ferindo a questão da transparência a que o torcedor tem direito, disse Rodrigo Terra, promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro. Paulo Castilho, promotor do MP-SP e autor do texto do atual Estatuto do Torcedor, diz que a prática é legal.
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