Fellipe Bastos prepara museu de histórias em casa
Sabe aquele espaço sobrando em casa, com o qual você não sabe exatamente o que fazer? Fellipe Bastos, graças a uma ideia da esposa Rafaela, está transformando uma espécie de quarto em museu. Isso mesmo: o volante, declaradamente apaixonado pelo Vasco, está reunindo fotos, camisas, troféus, medalhas e muitas histporias em um cantinho mais do que especial.
O "museu de Bastos" terá de tudo um pouco. Camisas de adversários que enfrentou, fotos de quando ainda era criança e já jogava futsal e medalhas, mas principalmente Vasco. Um item, inclusive, já pode ser considerado "amuleto". Na última semana, Fellipe Bastos recebeu um quadro da comemoração do seu primeiro gol pelo Cruz-Maltino, em 2010, na vitória sobre o Ceará.
Curiosamente, dias depois, no último domingo, Fellipe Bastos voltou a marcar com a camisa do Vasco. Desta vez, fez o segundo gol do time comandado por Vanderlei Luxemburgo na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo, em São Januário, e ficou alguns dias sem dormir. Isso já tinha acontecido antes, mas por um motivo não tão bom.
- O que eu perdi contra o Avaí foi o gol mais perdido na minha carreira. Eu fiquei uns quatro, cinco dias sem dormir pensando naquela oportunidade que eu tinha desperdiçado. Estávamos ganhando por 1 a 0 e isso iria me dar mais sequência. Essa semana eu também não consegui dormir, mas dessa vez foi porque eu fiz o gol. Como eu estava há muito tempo sem marcar eu fui dormir muito tarde porque queria agradecer a todo mundo. O importante é que agora o sono não veio por um motivo bom (risos) - disse Fellipe Bastos.
Com o museu ainda em construção, o volante do Vasco abriu sua casa para a reportagem do GloboEsporte.com e explicou um pouco da relação com o clube, se é que é possível explicar uma relação que sequer vem de pai ou mãe, mas simplesmente aconteceu.
- Era um sonho de criança jogar no Vasco. Depois que se realiza, depois de estrear com gol, você vai vivendo um sonho. O torcedor começar a te elogiar, a te reconhecer por aquilo que você faz. Eu fui me identificando cada vez mais. Saí, voltei, depois saí de novo e nessa volta eu falei: vou voltar para casa. É onde me sinto bem, em casa de verdade, e identificado. Completei 150 jogos contra o Inter e eu pretendo continuar aqui. Pretendo continuar, conquistar títulos, fazer o Vasco de novo grande e forte.
Fellipe Bastos, assim como Ramon, estava no elenco do Vasco em 2011 e foi campeão da Copa do Brasil ao lado de Fernando Prass, Dedé, Allan, Felipe, Juninho e companhia. Com as histórias frescas na memória, o volante tenta repassar a receita do sucesso para os recém-chegados.
- Brincávamos no ônibus: “de quanto vamos ganhar hoje?”. O Vasco precisa resgatar isso. Não de soberba, nada disso. Estou falando de um clube grande, um clube forte. A gente passa isso para os jogadores que chegaram, para os jogadores que estão subindo. O Vanderlei (Luxemburgo) sempre fala que o Vasco é grande. A gente precisa ter a consciência de que jogamos num clube enorme, que temos todas as dificuldades, mas que podemos fazer um Vasco diferente - completou.
Veja outros trechos da entrevista com Fellipe Bastos:
Relação com a torcida
- É um caso de amor e ódio, de verdade. Muitas das vezes me amam. No jogo contra o Avaí, por exemplo, eu fui execrado, mas isso acontece. São coisas que acontecem. Eu entendo o torcedor, porque fui torcedor. E eu também me cobrei muito por isso. Eu entendo o torcedor por ter a desconfiança por eu não estar jogando e fazendo o que já fiz. Mas quando fui entrar no jogo domingo, uns falaram “não, não, não” e outros me apoiaram. Aí me apego nessa pessoas que me apoiam. O Vasco é isso, cara. Uma coisa que tem dentro de mim. Eu canto as músicas, eu gosto das músicas da torcida. Eu tento ser um torcedor.
Titularidade
- Eu vou buscar sempre o meu espaço. O Vanderlei conversa comigo e me fala que vou ter oportunidade. Eu sou muito feliz, muito alegre, mas também muito concentrado naquilo que eu faço. E eu venho buscando meu espaço, oportunidade. Uma hora vai surgir. No treino dou minha vida mesmo.
Está satisfeito só de estar no Vasco, mas na reserva?
- Com certeza, não. É lógico que estou satisfeito por participar, mas quero participar efetivamente dentro de campo com gols, passes, roubadas de bola, ajudando meus companheiros. É algo que eu tenho na minha cabeça e quero.
A ideia do museu
- A ideia surgiu da minha esposa. Guardar a história, né. A história que tenho desde quando comecei. Botar fotos, medalhas, troféus. Fazer um cantinho meu dentro de casa, onde me sinto à vontade. Eu subo aqui de vez em quando e fico olhando. Até para reviver isso. Por mais que agora eu não esteja jogando tanto, eu venho aqui e falo: “realmente, já fiz coisas grandes por grandes clubes”. Isso também me ajuda muito no meu psicológico.
Inauguração do museu
- Boa ideia. Eu gosto de festa. Vou fazer inauguração. Gosto de festa, adoro um pagode, um samba. Ganhamos do Fluminense, aí eu já tinha marcado um churrasco, né. Paguei o churrasco antes, mas quando paga o churrasco antes você fica: “vamos esperar o jogo”. Aí eu falei para a minha esposa fazer para 30 pessoas só. Pouca gente.
- Ganhamos o jogo, uma alegria do caramba dentro do vestiário. No meio da roda, falei: "está todo mundo convidado para ir lá em casa". Aí saí do vestiário, fui encontrar ela e pedi para comprar mais carne. Deu umas 100 pessoas (risos). Na hora que o Flu fez o gol, eu só botava a mão na cabeça... E o churrasco? Não ia dar para fazer churrasco. Pode ver que no segundo gol, acho, eu invado o campo, abraço o Sidão. Além de estar feliz pela vitória, estava salvando meu churrasco.
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