Fellipe Bastos: "Foi todo o time do Vasco que errou"

O pequeno Alex chama Carlos Alberto no alambrado de São Januário. Gentil, o meia responde com um aceno e o menino grita: “Você é o melhor jogador que o Vasco já teve”. Aos 10 anos, o menino ainda vai conhecer toda a história de seu clube do coração. Juventude, por sinal, foi levantada por PC Gusmão como culpada pelo empate contra o Botafogo. Ele vê na falta de maturidade da equipe a peça-chave para o time não conseguir segurar vitórias no Brasileiro. Nos últimos cinco jogos no Rio (Fluminense, Cruzeiro, Atlético-MG, Avaí e Botafogo), o Vasco sofreu empate depois de estar vencendo.

Sincero como poucos jogadores, Fellipe Bastos, de 20 anos, reforça a tese do comandante.

— O jogo vai acabando e a gente não consegue segurar a vitória. A gente olha um para o outro e pensa: “Será que vai acontecer de novo?” É isso que acontece — contou o meia, que enumerou os jogadores do Vasco que mais falam durante as partidas. — O Fernando Prass (32 anos), Carlos Alberto (25) e Felipe (33) são os que mais tentam passar instruções ao time.

Apesar de serem os mais falantes, foi com os três mais experientes do elenco vascaíno — Felipe e Carlos Alberto entraram no segundo tempo — que o time cedeu o empate no final da partida. Amanhã, contra o Guarani, em Campinas, eles estarão novamente à disposição de PC Gusmão. Comedido, como qualquer jogador jovem que aos poucos vai ganhando vaga de titular na equipe, Fellipe Bastos não culpa os companheiros com mais história no clube pelo mau resultado.

— Não é porque os mais velhos entraram que sofremos o empate. Tinha que acontecer e aconteceu. Lamentamos, mas agora temos que pensar no Guarani. Chega de empate, chega de derrota — enfatizou o jogador. — A gente conversa sempre, jogador por jogador, independente da idade. Não podemos errar mais. A gente já vacilou muito no campeonato.

Duas vitórias em 10 jogos Ele deu exemplo de quando a experiência faz diferença.

— Falta um pouco mais de maturidade. Falta saber o momento de dar um chutão, de valorizar a posse de bola, de saber o que a gente quer na partida e no campeonato — contou Fellipe Bastos, que preferiu isentar Titi e Nílton de culpa nos gols do Botafogo. — Não foi Titi, não foi Nílton, não foi Felipe e não foi Fellipe Bastos. Foi todo o time do Vasco que errou.

Com duas vitórias, uma derrota e sete empates nas últimas dez partidas e a notícia de uma vaga a menos para o Brasil na Libertadores em 2011, técnico e jogadores do Vasco se esquivam ao falar sobre os objetivos do clube no Brasileiro. Ontem, após o treino em São Januário, Éder Luís repetiu o discurso de PC Gusmão, que dissera que o objetivo do Vasco é vencer.

— O importante é a vitória para tirar essa ansiedade que está existindo, para sair de “agora vai, não vai”. — falou Éder Luís, artilheiro do time com quatro gols. — A maturidade é o mais importante. Tem que segurar (a vitória). É difícil fazer um gol e a gente fez dois.

Éder Luís, que tem 25 anos, revelou que conversou com companheiros e que perguntam entre si sobre o que está acontecendo com o Vasco. Ele falou também sobre a má fase vivida pelo companheiro de ataque Rafael Coelho, que teve outra atuação ruim: — Às vezes, o atacante está passando por um momento difícil e isso gera mais ansiedade

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)