Felipe estreou no Vasco contra o Botafogo

Felipe foi o verdadeiro carrasco do Flamengo na semana passada, marcando dois gols e ainda deixando um recado para os rubro-negros após o jogo. Mas dentre os clássicos cariocas, é contra o Botafogo que o sabor se torna especial para o Maestro, afinal, foi justamente contra o Alvinegro que o grande público viu pela primeira vez sua canhotinha ousada.

O ano era o de 1996. O técnico Antônio Lopes, recém-chegado ao Vasco, quebrava a cabeça tentando achar uma solução para a lateral esquerda, já que o titular, Cássio, havia se lesionado. Foi então que ouviu os conselhos do filho, Júnior Lopes (hoje auxiliar de Vanderlei Luxemburgo no Grêmio), sobre um garoto dos juniores que tinha qualidades.

Mesmo sofrendo certa repressão por parte da base, já que o titular dos juniores era Bill, o delegado bancou a aposta de testá-lo no treino. Na atividade, desmontou os marcadores, garantiu a escalação e, em 3 de novembro, pelo Campeonato Brasileiro, atuou pela primeira vez como profissional.

O Vasco acabou vencendo, de virada, por 2 a 1, mas o placar foi o de menos, afinal, nascia ali o Maestro, que pouco tempo depois já se eternizaria no clube.

Quase 16 anos depois, Felipe, hoje ídolo e com o maior número de títulos da História do Vasco (ao lado do goleiro Barbosa, com sete), mais uma vez encara o Glorioso e, no que depender do talento dele, um novo capítulo pode ser escrito neste clássico.

FICHA DO JOGO:

Vasco Da Gama 2 x 1 Botafogo
Data: 03/11/1996
Campeonato Brasileiro
Local : Maracanã (Rio De Janeiro)
Arbitro : Jorge Dos Santos Travassos
Público : 8.852 pagantes
Gols : Túlio (Botafogo 5/1ºT), Ranielli (Vasco 7/2ºT) e Edmundo (Vasco 11/2ºT)

Vasco - Carlos Germano, Pimentel, João Luís, Tinho, Felipe, Luisinho, Nélson, Pedrinho (Ranielli), Ramón, Macedo (Cristiano) e Edmundo Técnico : Antônio Lopes

Botafogo - Wagner, Wilson Goiano (Alemão ((Djair), Grotto, Gonçalves, Bruno Carvalho, Moisés, França, Cleíton, Bentinho, Mauricinho e Túlio Técnico : Jair Pereira

Abaixo personagens que fizeram parte do primeiro jogo de Felipe:

Antônio Lopes

(Técnico do Vasco na época)\"No treino daquela semana, o Cássio se machucou e não tinha outro lateral. Aí, cheguei em casa, comentei com o meu filho, que disse: “pai, tem um garoto nos juniores que joga muito. O nome dele é Felipe.” No dia seguinte, o botei para treinar e fiquei encantado. Chegou já dando caneta, chapéu... Então, falei que ele iria para o jogo e ele respondeu: “Não tem problema, professor.” Chegou em campo, jogou para c... e não saiu mais.\"

Cássio

(Lateral-esquerdo que perdeu a vaga para Felipe)
\"Fomos criados no Vasco. Às vezes, rolava aquele coletivo dos que não jogaram contra os juniores e o Felipe estava sempre. Já conhecíamos a qualidade dele. Ele ter sido reserva nos juniores era questão de momento. Sobre ter ocupado minha vaga, encaro como algo normal em grandes clubes. Ele entrou na minha posição e foi bem. Eu tinha acabado de voltar de uma cirurgia, depois recebi um convite do Luxemburgo e fui para o Santos.\"

Júnior Lopes

(Filho de Antônio Lopes que indicou Felipe ao pai)\"Trabalhava nos juniores do Botafogo. Enfrentamos o Vasco e o Felipe jogou. Perguntei no banco quem era o lateral e quase ninguém sabia, somente um, que respondeu: “É o Felipe”. Passou um tempo, meu pai fechou com o Vasco e certo dia me disse que precisava de lateral, foi quando o indiquei. O mérito foi todo do Felipe pelo seu talento, mas de repente, se ele não tivesse essa oportunidade, não teria virado esse grande jogador que é.\"

Gonçalves

(Ex-zagueiro que enfrentou Felipe naquela partida)
\"Somente por aquele jogo não dava para imaginar no que Felipe iria se tornar, mas lembro que já durante a semana falavam que ele era muito habilidoso. Foi uma badalação muito grande em cima dele e do Pedrinho. Ele jogou aquela partida, virou titular e, com o passar do tempo, demonstrou uma habilidade grande. Com certeza se tornou um grande jogador. Porém, pelas posições, dificilmente o peguei no mano a mano.\"

Bill

(Felipe era seu reserva na equipe de juniores do Vasco)
\"Quando o Lopes assumiu, estávamos nas finais dos juniores. Isso que ficou estranho, porque ele acabou efetivando o Felipe e eu fiquei. O Felipe aproveitou a chance que teve e eu acabei esquecido. Mas faz parte. Eu era a bola da vez, mas infelizmente trocaram. Quando subi, as coisas não estavam muito boas. Já com o Felipe as coisas aconteceram e vieram os títulos. Mas não tenho mágoas. Já encontrei e conversei com o Antônio Lopes.\"