Felipe declara amor ao Vasco e recorda Mundial de 1998
Bicampeão brasileiro, campeão da Libertadores, da Copa Mercosul e da Copa do Brasil com a camisa do Vasco, Felipe é ídolo do seu clube do coração. O Maestro, hoje aos 43 ano e técnico do Bangu, escreveu sobre essa relação com o Vasco em um texto emocionante publicado no "Players Tribune".
Um dos principais trechos é em que Felipe recorda a final do Mundial Interclubes contra o Real Madrid, em 1998. Ele garante que, apesar da derrota, "o único time sul-americano que jogou mais que os europeus numa decisão de Mundial foi o Vasco". E cita o Flamengo, rival vascaíno, e clube que também defendeu.
"Tenho certeza que fomos melhores. A galera diz que em 2019 o Flamengo jogou de igual pra igual com o Liverpool. Mentira. Eu estava lá comentando a partida para uma televisão do Catar e vi ao vivo: o Liverpool foi muito melhor, muito. O único time sul-americano que jogou mais que os europeus numa decisão de Mundial foi o Vasco em 98. O Real era um timaço, com Roberto Carlos, Redondo, Hierro, Seedorf, mas a gente jogou melhor e merecia ter vencido. Teve impedimento duvidoso do Ramon, golaço de empate do Juninho, eles salvaram duas bolas em cima da linha… E no momento do jogo em que a gente estava voando, na boca de virar o placar, já no segundo tempo, acontece o meu lance", escreveu ele.
Em outro momento do texto, Felipe lamenta e pede desculpas ao torcedor vascaíno pelo gol perdido contra o Real Madrid, que venceu a partida por 2 a 1 e ficou com o título.
"Agora, a vida não é perfeita. E eu tenho um pedido de desculpas a fazer ao torcedor vascaíno. Pelo gol que perdi na final do Mundial de Clubes, em Tóquio, contra o Real Madrid. Não que seja um peso. Seria uma crueldade achar isso, depois de uma história tão bonita que construí no Vasco. Mas incomoda, não posso negar. Porque eu sei que jogamos demais naquele dia. Eu dei tudo, tudo, tudo. E, se tivesse mais, daria mais".
Veja outros trechos do texto de Felipe no "Players Tribune"
O começo no Vasco
"Meu pai achou que eu tinha jeito pra coisa e me levou pro Vasco. Nessa mesma época, meus pais se separaram. Ficou tudo bem, eles continuaram amigos, mas foi cada um morar num canto, e eu era só uma criança de seis anos. E, por mais que separação seja algo complicado para os filhos, a lembrança que eu tenho é de uma coisa boa, olha que curioso. Porque não tive sensação de perda. Pelo contrário, naquele momento da minha vida, eu sentia como se estivesse ganhando algo. Ganhando uma rotina nova em casas novas — uma delas o Vasco, que me acolheu e ainda me presenteou com um irmão novo, o Pedrinho, meu melhor amigo da vida toda."
Chegada no profissional
"É engraçada a história da minha chegada no profissional do Vasco e a escalação pra essa partida contra o Botafogo. Eu era reserva dos juniores e tive a chance de começar um jogo porque o nosso titular recebeu o terceiro cartão amarelo. O filho do Antônio Lopes, então treinador do profissional, foi assistir a essa partida. Joguei muito bem. Acontece que, na mesma semana, o Lopes ficou sem lateral-esquerdo no profissional. Com o titular suspenso e o reserva machucado, chamaram os laterais dos juniores, o Bill e eu, que era reserva dele.
— Ei, vocês dois, vão lá que estão precisando de lateral-esquerdo no profissional."
Ajuda do pai
"O comportamento de alguns pais hoje é inadmissível. Cobram demais. Xingam, reclamam, gritam com meninos de sete, oito anos. Muita gente espera que aquele garoto mude a vida da família, tudo bem, compreendo essa realidade, mas a pressão pode estragar tudo. O meu pai me levava pra treinar e jogar e não ficava gritando “Felipe faz isso, Felipe faz aquilo”. Ele sempre foi muito tranquilo. Se eu acertasse ou errasse, dizia:
— Está bom, filho. O que importa é você se divertir. Tá feliz? Então continua. Se não estiver, para."
Fonte: ge