Fator burocrático pode adiar estreia do VAR no Carioca 2019
O aparato técnico já está pronto, mas há um fator burocrático que pode adiar a estreia do VAR no Carioca-2019, prevista para o próximo fim de semana, nas semifinais da Taça Guanabara. A Ferj ainda aguarda um documento do International Board (Ifab), que regula todas as atividades envolvendo o árbitro de vídeo no futebol mundial. Trata-se de um atestado que certifica os árbitros do quadro estadual para exercerem a função com o vídeo.
A solicitação da certificação foi feita no ano passado, mas a resposta ainda não chegou à CBF, que, por ser a associação nacional, faz a intermediação da relação entre Ferj e Ifab. O documento precisa chegar até sexta-feira para que o VAR seja confirmado nas semifinais.
A certificação é uma análise que o órgão internacional faz com o objetivo de verificar se a preparação de cada árbitro foi feita de forma adequada. Nesse processo, o Ifab leva em conta, por exemplo, o tempo de treinamento, o método aplicado na instrução e se o árbitro em questão foi submetido aos testes offline.
- Estamos com esperança. Não houve sinalização da IFAB que o treinamento não seria aceito. Eles estiveram no Brasil, acompanharam tudo. Infelizmente, eles têm o tempo deles. Cumprimos todos os processos - disse o presidente da comissão de arbitragem da Ferj, Jorge Rabello, que tem feito contato frequente com Sérgio Corrêa, responsável pelo árbitro de vídeo na CBF.
Do quadro da Ferj, 21 participaram da preparação feita pela CBF no ano passado, em Águas de Lindoia. Mas, de forma mais urgente, pensando nas semifinais, ter oito árbitros certificados já seria o suficiente. Nessa conta, entram o árbitro principal e os três a serem escalados na cabine, analisando as imagens.
Sem a autorização do Ifab, a Ferj pode até instalar todo o aparato nos estádios, mas a tecnologia não poderá influenciar nas decisões do árbitro de campo - é o chamado uso offline.
Nesta quinta-feira, a Hawk-Eye, empresa com a qual a Ferj fechou contrato para prestar o serviço do VAR, irá colocar a aparelhagem no Maracanã. Haverá uma sala na parte interna do estádio que funcionará como quartel general. Equipamentos têm chegado com frequência à sede da Ferj, onde está montado o simulador para o treinamento dos árbitros. Também na quinta a comissão de arbitragem sorteará a escala dos árbitros de campo.
Se o documento do Ifab chegar até a tarde de sexta-feira, a Ferj irá acrescentar os escolhidos para trabalhar como VAR e também colocará em prática um evento que completará a certificação do estádio. O procedimento é simples: um jogo de sub-17, com duração de até 40 minutos, para que a tecnologia da Hawk-Eye seja testada em ação no Maracanã, sob a supervisão da CBF.
No planejamento, os jogos Flamengo x Fluminense e Vasco x Resende fazem parte da série de dez partidas do Carioca com árbitro de vídeo - todas nas fases de mata-mata. Para este ano, o custo da operação é de R$ 28 mil por jogo, valor bancado pela Ferj. No ano que vem, já está previsto em contrato que serão 16 partidas (as do mata-mata se somam aos clássicos da Taça Guanabara e Taça Rio), com o preço global de R$ 250 mil.
Contratualmente, a Ferj não está preocupada com eventual defasagem financeira. O lamento é por uma eventual perda técnica, caso o VAR não seja usado.
- Para o processo, seria frustrante. O VAR veio para trazer mais justiça ao jogo - disse Jorge Rabello.
Quando o VAR poderá ser usado
Pênalti ou não?
O árbitro de vídeo pode intervir caso identifique uma situação ignorada pelo colega dentro da área. Segundo o protocolo, o árbitro principal precisa tomar alguma decisão. Só então o VAR é utilizado, confirmando ou corrigindo. A marcação só será mudada se a imagem mostrar erro claramente.
É lance para expulsão direta?
O VAR vai analisar quando identificar lances de vermelho direto, como uma falta séria, conduta violenta, além de comportamentos inadequados, como mordidas ou cusparadas. O VAR não tem o direito, segundo o protocolo, de julgar situações de cartão amarelo, ainda que seja o segundo.
A jogada do gol foi legal ou não?
O árbitro de vídeo checa se a jogada que originou o gol foi legal. Ele verifica as imagens da fase ofensiva e analisa se houve mão ou falta clara, além de impedimento e até se a bola de fato entrou. O protocolo cita a necessidade de ser um erro ‘claro e óbvio’ do árbitro de campo.
A identificação está correta?
Um determinado jogador fez falta, mas o árbitro deu cartão para outro? Essa situação já ocorrida no Brasil pode ser corrigida pelo árbitro de vídeo. Uma das funções é checar se houve erro de identificação ou não da arbitragem na hora de aplicar alguma medida disciplinar.
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