Exigência do governo do RJ para concessão do Maracanã tem viés econômico
A exigência do governo do Rio de que o futuro gestor do Maracanã assegure pelo menos 70 jogos por ano no estádio passa por um componente econômico. Pelas contas da Secretaria da Casa Civil, ocupar a agenda do Maracanã com esse número de partidas já assegura uma arrecadação capaz de cobrir ao menos metade dos custos do estádio. A ideia é movimentar comercialmente o equipamento e propulsionar receitas para além do aluguel por partida.
O desejo registrado no edital de concessão, inclusive, dará nota mais alta para o candidato que trouxer essa previsão na proposta para administrar o Maracanã pelos próximos 20 anos, em um contrato que pode ser prorrogado para 25 anos. As regra da licitação já foram publicadas, mas os detalhes serão apresentados na quarta-feira (27), em uma audiência pública no Palácio Guanabara. O governo exige que a proposta da outorga fixa anual seja de pelo menos R$ 5 milhões por ano, além de um piso de 5% sobre receitas acessórias para o valor da outorga variável.
Considerando o calendário atual de férias e pré-temporada dos clubes, a concentração de jogos seria alta, já que os 70 jogos acabariam distribuídos em 10 meses. Quem administra o Maracanã atualmente — a empresa formada por Flamengo e Fluminense — entende que é uma exigência muito alta de partidas para o estádio.
O gramado do Maracanã costuma sofrer. Em agosto, quando sofreu uma intervenção para recuperação do campo, o Maracanã já tinha batido 45 partidas em 2021 — o calendário deste ano, ressalte-se, está bagunçado pela pandemia.
Exigir 70 jogos mexe com a dinâmica de participação dos clubes na proposta para concessão do estádio — e 54 dos 70 devem ser por competições da CBF e da Conmebol.
Em uma conta simples, um time faz 19 jogos como mandante no Brasileirão. Se for para a fase de grupos da Libertadores e chegar pelo menos às quartas de final — como fizeram Fluminense e Flamengo neste ano —, serão mais cinco partidas em casa para cada clube. Há Copa do Brasil, com uma campanha média de quatro jogos por cada clube em casa. E, claro, os estaduais.
Com dois concessionários, dá para atingir a meta de 70 jogos. Mas com um terceiro elemento, que seria o Vasco, o alvo fica mais factível — permitindo que algum dos clubes eventualmente venda seu mando para outro estádio do país (o Fla, por exemplo, gosta de ir a Brasília). A diretoria vascaína, inclusive, não esconde o desejo de fazer parte da próxima administração, formando um possível trio de gestores (em termos de clubes).
Segundo o edital, além das 70 partidas no Maracanã, o licitante deve mostrar que pode fazer no mínimo 12 eventos de modalidades olímpicas no Maracanãzinho.
Quem participar da licitação deve apresentar comprovação de experiência em gestão por pelo menos três anos de complexo esportivo com estádio de futebol cuja capacidade mínima seja 30 mil lugares e também com arena multiuso com pelo menos 5 mil assentos.
Fonte: UOL EsporteMais lidas
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