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Ex-VP, Carlos Osório defende contrato da venda da SAF à 777 Partners

Ex-vice-presidente do Vasco, Carlos Osório defendeu o contrato da venda da SAF à 777 Partners. O clube tirou a empresa do comando do futebol em maio do ano passado, após conseguir uma liminar. O imbróglio judicial ainda está em curso.

Nada indicava que aquela empresa fosse sofrer um colapso econômico-financeiro, como acabou sofrendo. Então, naquele momento do negócio, não havia nenhuma indicação, ao contrário, nós tínhamos assessores, empresas de consultoria de primeira linha, nível mundial, dando ok para que o negócio seguisse

Carlos Osório

O que aconteceu

O ex-presidente Jorge Salgado e Carlos Osório compareceram à posse de João Paulo Magalhães como novo presidente do Botafogo. O evento aconteceu na noite da última quinta-feira, na sede do Alvinegro.

O Vasco assinou o contrato com a 777 em setembro de 2022. A empresa adquiriu 70% das ações da SAF, e o clube ficou com os outros 30%. O pré-acordo com a empresa havia sido firmado em fevereiro, em viagem de Salgado a Miami.

"Temos de separar esse processo olhando a linha do tempo. Quando o negócio foi feito, nós tínhamos absoluta confiança na 777, todas as informações do background check, todos os técnicos, KPMG, consultoria, auditoria, enfim, o Vasco buscou todas as precauções para atrair o investidor com condições financeiras e ambição. Naquele momento, tínhamos absoluta confiança no investidor. Depois que comprou o Vasco, comprou o Hertha Berlin, comprou um clube na França, comprou um clube na Austrália. fez um aporte importante para o Everton [da Inglaterra]", disse.

Depois que eles entraram e o tempo começou a andar. No pagamento do aporte de setembro de 2023, tivemos um primeiro problema, um atraso, que ensejou inclusive em uma notificação do clube. Eles honraram e ficaram, rigorosamente, em dia, mas acendeu uma preocupação e o clube se posicionou. Então, esse é um processo. Grandes negócios estão sujeitos, infelizmente, a esse tipo de coisa. Não é o que nós gostaríamos, mas o importante é que o arcabouço jurídico do negócio protegeu e protege o Vasco, e permite que o clube dê essa virada na busca de um novo investidor

Carlos Osório

Atual presidente do Vasco, Pedrinho já fez críticas à antiga diretoria. Em coletiva realizada em novembro do ano passado, o mandatário chegou a citar nominalmente o ex-presidente Salgado, o ex-CEO Luiz Mello — levado ao clube por Salgado —, o ex-VP financeiro Adriano Mendes e até Júlio Brant, que não integrava a diretoria, mas é um ator político do clube.

À época, Pedrinho ressaltou que foi aberta uma investigação sobre o contrato do Vasco com a 777. "Se não acontecer uma investigação, vamos normalizar o que foi feito aqui. O cenário é esse", disse, na ocasião.

Estamos absolutamente tranquilos com o que foi feito. Estamos tristes, evidentemente, com o desfecho desse nosso primeiro investidor, mas o clube está protegido, a administração tomou as medidas necessárias, e o clube tem um contrato em vigor que permite que ele siga em direção ao futuro

Carlos Osório

Osório afirmou estar à disposição para esclarecimentos para o Conselho Deliberativo. "Tanto eu quanto o presidente estivemos na comissão que foi montada pelo Conselho Deliberativo, conversamos, apresentamos as informações necessárias, e estaremos lá quantas vezes forem necessárias".

Vasco x 777

O Vasco associativo retomou o controle da SAF da 777 Partners em maio do ano passado. A liminar foi concedida pelo juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

(...) DEFIRO a cautelar requerida e SUSPENDO os efeitos do CONTRATO DE INVESTIMENTOS e do ACORDO DE ACIONISTAS, que concedem o atual controle da VASCO DA GAMA SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL à. Com isso, estão suspensos, também, os direitos societários (políticos e patrimoniais) da 777 CARIOCA LLC e devolvido o controle da companhia ao CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA, afastando-se os conselheiros indicados pela 777 CARIOCA LLC do Conselho de Administração da SAF (...)Trecho da decisão do juiz Paulo Assed Estefan

A liminar ainda afastou todos os integrantes da 777 do Conselho de Administração da SAF. Antes da decisão, ele era composto por cinco cadeiras da empresa: Josh Wander, Andres Blazquez, Donald Dransfield, Nicolas Maya e Steven Pasko. E duas do associativo: Pedrinho e Paulo César Salomão. O quinteto americano está fora e o clube agora tem o poder de indicar os substitutos.

O juiz Paulo Assed Estefan classificou as operações da 777 Partners como "estranhas". Cita, por exemplo, um "saque a título de empréstimo" logo após um dos aportes ao Vasco.

O Vasco teve como objetivo garantir que as ações da SAF não fossem penhoradas ou dadas como garantia em caso de falência ou insolvência da 777. O clube indicou o artigo 477 do Código Civil.

A ação também citava processos de fraude que a 777 tem respondido no exterior. Houve também uma referência sobre um suposto afastamento de Josh Wander e Steve Pasko do Conselho de Futebol da empresa. Ela apontava também que os 30% comprados pela 777, com os aportes já realizados, estão preservados.

A "A-CAP" — seguradora que tomou o controle dos ativos da companhia norte-americana — assumiu o controle de ativos da 777. A empresa que era majoritária na SAF do Cruz-Maltino abriu processo de falência.

Por conta de um acordo, a A-CAP é obrigada a avisar ao Vasco sobre qualquer negociação. Além disso, uma eventual transação precisa ter a anuência do Cruz-maltino, situação que o deixa seguro judicialmente mesmo com as notícias mais recentes.

Fonte: UOL Esporte