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Ex-companheiro de Douglas fala sobre o novo reforço vascaíno

Se depender dos vascaínos, Douglas será recebido de braços abertos em São Januário. Após a queda para a Série B e a aposentadoria de Juninho, a torcida está cada vez mais carente de nomes de destaque no elenco. Em enquete produzida pelo GloboEsporte.com, 89% aprovam sua chegada (entre quase 16 mil votos). No entanto, o meia, emprestado pelo Corinthians até o fim da temporada, vive fase sem brilho. Desde 2012, quando retornou ao clube paulista, o futuro reforço é reserva e vem acumulando críticas pela forma física e suposta falta de compromisso.

Apesar dos 51 jogos disputados em 2013, a maioria foi entrando no segundo tempo. Douglas nunca teve muito prestígio sob o comando de Tite. A volta de Mano Menezes, com quem foi atravessou um de seus grandes momentos, também não foi suficiente para tirá-lo de certo ostracismo, mesmo com o salário de R$ 300 mil (que será dividido com o Vasco). Ele deve desembarcar no Rio de Janeiro até segunda-feira para exames médicos e assinar contrato. As inscrições para o Campeonato Carioca vão até o dia 20, véspera da décima rodada.

O começo da carreira no Criciúma mostrou que o catarinense de 31 anos tinha tudo para sobressair. Campeão da Série B em 2002, era a esperança da torcida do Tigre, que o chamava de Maestro pelo estilo clássico e pela característica de conduzir a bola e dar assistências decisivas. Mas, desde esta época, faltava a doação para o jogo coletivo.

- Sabíamos que se a bola chegasse boa para ele, teria uma produção. Ou uma assistência para o atacante, um chute perigoso... Mas ajudar na marcação realmente não era uma característica dele. Não foi antes, quando jovem, e não vai ser agora - destacou Silvio Criciúma, amigo e ex-companheiro de Douglas no Tigre.

Quatro anos depois, foi vendido para o futebol turco, onde não se adaptou. No retorno, acabou no São Caetano, pelo qual fez um ótimo Campeonato Paulista, em 2008. Chamou a atenção do Corinthians, que o levou para ser o camisa 10 na Segunda Divisão e o fez despontar no cenário nacional. E Douglas não decepcionou. No Parque São Jorge, fez ao todo 177 partidas e 21 gols. Caiu nas graças da Fiel e ganhou o apelido de Magnífico. Tanto que foi vendido por R$ 11 milhões para o Al Wasl, dos Emirados Árabes Unidos, em 2009. Novamente, sua experiência no exterior não vingou.

O Grêmio, então, repatriou o jogador. O início, principalmente após Renato Gaúcho assumir o time, foi animador. O técnico o admirava e o alçou à condição de intocável. Neste período, Mano convocou Douglas para a seleção brasileira. Mas a única vez em que vestiu a amarelinha ficou marcado negativamente. Ao perder uma bola ainda no campo de defesa, ele foi o responsável por armar o contra-ataque que decretou a vitória da Argentina, de Messi, em amistoso.

De um modo geral, porém, os torcedores gaúchos nunca demonstraram tanto carinho por Douglas por considerarem que ele não se empenhava o suficiente. A queda de rendimento da equipe, que culminou na eliminação da Libertadores, piorou a situação. A relação com Silas, no ano seguinte, não era boa, e o Corinthians surgiu interessado. A questão é que Tite tinha a filosofia de exigir marcação de todos os setores. Sua fórmula fez com que o clube alvinegro tivesse a defesa menos vazada em quase todos os campeonatos. Mas Douglas, que admitiu que precisava participar mais, jamais se encaixou e foi deixado em segundo plano. Vez ou outra, quando tinha brecha, se destacava. Mas não havia sequência.

Um episódio emblemático da fase foi a brincadeira em redes sociais que o comparava a Tufão, papel de Murilo Benício na novela "Salve Jorge" de um ex-jogador acima do peso. O meia fez questão de ir a público avisar que não era corno, diferentemente do personagem da TV.

Na semana passada, um protesto violento da torcida na sede do Corinthians tinha Douglas como um dos principais alvos, com a faixa com os seguintes dizeres: "Douglas fora! Ou joga por amor ou por terror". A situação contribuiu para tornar o ambiente mais difícil. O Vasco fez contato com os paulistas e abriu a negociação para ter o reforço, como uma espécie de substituto para Juninho, que se aposentou, e para encorpar o setor, que conta com Montoya, Bernardo, Dakson e o jovem Jhon Cley. Nenhum deles, no entanto, tem a característica de Douglas.

- Ele é ousado, não sente muito a pressão. Mesmo no Criciúma foi cobrado demais. Perdia a bola duas vezes seguidas, era vaiado, mas aparecia de novo no mesmo jogo e era decisivo. É um atleta raro, meia esquerda canhoto, habilidoso e com um arremate muito bom - afirmou Silvio Criciúma, hoje treinador.

Fonte: ge