Evento-teste no Maraca custou R$ 1,6 mi ao governo do RJ
Na bilionária obra de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, a reabertura do estádio, em vez de simbolizar o fim na gastança, representa um aditivo: para levar a campo um amistoso de veteranos de peso e ilustres desconhecidos, com um espetáculo de luzes e música, o governo do estado do Rio desembolsou o suficiente para contratar a seleção brasileira para um amistoso: foram gastos R$ 1,6 milhão com o evento de sábado passado, aberto apenas a convidados e operários da obra.
O valor, confirmado pela Secretaria da Casa Civil, é acima da cota média da CBF para cada amistoso da seleção em 2012: R$ 1,5 milhão. A quantia foi usada na contratação de profissionais exclusivos para o evento e despesas gerais no estádio, como serviços de segurança, camarotes, equipamentos eletrônicos e alimentação.
Na festa, a política brasileira compareceu em peso. Ao lado do governador Sérgio Cabral, do prefeito Eduardo Paes e do ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff mostrou empolgação e, em certo momento, ecoou o canto da arquibancada em apoio ao Flamengo. Junto a Dilma, veio o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Todos ficaram em áreas reservadas e protegidas por militares. Na hora do lanche, não puderam reclamar: no cardápio dos camarotes, havia carpaccio de salmão, massa fresca com funghi e presunto pata negra, um dos mais refinados do mundo. Em outro setor do Maracanã, os operários ganharam ingressos, que dava direito a minirefrigerante e saco de biscoito.
Na organização do amistoso entre amigos de Ronaldo e Bebeto, os jogadores convidados que moram fora do Rio foram hospedados no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca. No palco, antes da partida, nomes de peso levantaram o público, como Neguinho da Beija-Flor, Preta Gil, Martinho da Vila e Naldo, que foi contratado no começo de abril pela 9ine, empresa de marketing esportivo de Ronaldo Fenômeno.
Procurada pelo Jogo Extra, a assessoria de Naldo (que entrou em campo na hora do amistoso) afirmou desconhecer se o cantor recebeu cachê pelo show. Já a secretaria de Casa Civil não disponibilizou, de forma detalhada, a relação de despesas públicas do evento-teste. O Maracanã, desde as obras de reforma para o Pan-Americanos de 2007, já consumiu R$ 1,25 bilhão em recursos estatais.
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