Eurico: Nove itens que irão decifrar a sua volta ao Vasco
Eurico Miranda está de volta ao Vasco da Gama. O polêmico dirigente, que em sua administração atraiu mais antipatia do que simpatia pela equipe carioca, aproveitou-se da péssima fase vivida pelo clube cruzmaltino no futebol nos últimos anos – joga atualmente a Série B pela segunda vez em cinco anos – e do movimento anti-Roberto Dinamite criado com os insucessos para se eleger para o próximo triênio.
Bom ou ruim? Cabe não só ao vascaíno, mas a todo o futebol brasileiro, assombrado por polêmicas do dirigente no início da década, analisar nos próximos anos. Abaixo, o Terra relembra episódios marcantes para os torcedores temerem ou amarem Eurico Miranda.
Destemperado
Eurico Miranda é, sem dúvida, um apaixonado pelo Vasco. No entanto, nem sempre isso leva a coisas boas. Destemperado, o mandatário vascaíno já promoveu uma série de polêmicas, como invasões de campo ao discordar do que ocorria no gramado. A mais famosa delas foi em 1999, quando entrou em campo em São Januário para reclamar com o árbitro Paulo César de Oliveira sobre a expulsão do terceiro jogador vascaíno contra o Paraná. A partida terminou aos 42min do segundo tempo, após muita discussão e confusão.
A volta do amadorismo?
Um dos episódios mais tristes do futebol brasileiro ocorreu no ano de 2000, no jogo decisivo entre Vasco e o São Caetano que consagraria o campeão da confusa Copa João Havelange. A partida foi disputada em São Januário – para o governador do Rio, Anthony Garotinho, uma decisão de Eurico em vetar o Maracanã, enquanto o Vasco defende-se que foi por causa de obras no maior estádio carioca. O superlotado estádio não aguentou e, aos 23min do primeiro tempo, um alambrado veio abaixo, causando uma avalanche de torcedores rumo ao gramado.
Os feridos espalhavam-se pelo campo e recebiam os primeiros atendimentos quando Eurico Miranda invadiu o local, em uma atitude que não é estranha ao dirigente. Incrivelmente, o cartola gritava com as equipes de resgate e tentava tirar os feridos de campo para que a partida se reiniciasse. Cento e cinquenta pessoas ficaram feridas, sendo que três em estado grave, e o jogo, obviamente, não foi reiniciado.
É o único a “peitar” a Rede Globo
Ao menos em uma coisa Eurico Miranda se destacou pelo lado positivo em sua passagem pelo Vasco. Na mesma final da João Havelange, o presidente vascaíno achou que a Rede Globo estava sendo injusta e tratando mal a equipe cruzmaltina após a queda do alambrado. Como “vingança”, estampou de graça a logomarca do SBT, principal concorrente global na época, em pleno jogo de volta remarcado da final da Copa João Havelange contra o São Caetano, em 2000, transmitida pela emissora carioca. Será que Eurico pode revolucionar a negociação pelos direitos de transmissão e horários dos jogos, reclamação antiga de todas as torcidas, desta vez?
Já teve dedinho em virada de mesa
A maior virada de mesa da história do futebol brasileiro ocorreu no ano de 2000. Engana-se, contudo, quem pensa que tudo foi culpa apenas do Fluminense, que foi promovido para a Série A, sendo que havia conquistado o título da Série C no ano anterior. Eurico Miranda já admitiu que participou da decisão de incluir o rival tricolor em meio à organização do Clube dos 13, que culminou na criação da polêmica Copa João Havelange, vencida exatamente pelo Vasco.
Último título brasileiro vascaíno foi com ele...
Vascaínos, alegrem-se. Pelo menos vocês podem lembrar de uma coisa boa com o polêmico Eurico Miranda. O último título brasileiro do Vasco, no longínquo ano de 2000, foi com o mandatário no poder. E mais: apesar de ser o grande culpado pela primeira queda da equipe à Série B, saiu do cargo meses antes e, portanto, não consta em seu “currículo” nenhum descenso do time.
Fala o que pensa
Eurico Miranda não tem papas na língua. O dirigente é da geração dos “cartolas” que falam o que pensam, sem meias palavras ou falsos clichês. Com isso, costuma colecionar polêmicas e inimigos no meio do futebol, assim como Andrés Sanchez, Juvenal Juvêncio, Carlos Miguel Aidar, Alexandre Kali... Com a volta dele, preparem-se para muitas frases como esta atribuída a Eurico como deputado federal em Brasília: “não sou representante do povo. Sou representante do Vasco”.
Vasco forte em esportes olímpicos
Com Eurico, o Vasco tinha investimentos em esportes olímpicos, que atualmente estão abandonados em sua maioria pelo foco da gestão de Roberto Dinamite no futebol e em saldar dívidas. A Olimpíada de 2000 em Sydney, inclusive, contou com predominância de atletas ligados ao time alvinegro.
Demitir técnico em semi do Brasileiro? Sim, ele fez
O destempero de Eurico Miranda não tem dia nem fase. Apesar de Oswaldo de Oliveira chegar à semifinal da Copa João Havelange de 2000, o treinador não aguentou uma discordância de Eurico na fase final. O técnico cederia folga aos jogadores vascaínos no domingo após empate em casa com o Cruzeiro na primeira semi, disputada no sábado, mas o mandatário achou que não era o momento e exigiu a reapresentação dos atletas. A discussão culminou na queda ainda no vestiário do treinador, que foi substituído por Joel Santana.
"A pressão nos bastidores voltooou"...
Ninguém mais do que Eurico Miranda sabe mais como agir e tumultuar os bastidores do futebol brasileiro. Com seus contatos, destemperos e rebeldia, o mandatário muitas vezes alcança o que quer na base da pressão, seja na Federação Carioca ou na CBF. Eurico Miranda ainda é amigo de Rubens Lopes, atual presidente da federação do Rio de Janeiro. Se o Vasco não consegue grandes feitos com a própria força em campo, a saída realmente pode ser os bastidores com Eurico...
Fonte: Terra