Futebol

Eurico Miranda costura acordo de paz com Romário

O presidente interino do Vasco não conseguiu entender até agora os motivos que possam ter levado Romário a deixar o clube de maneira tão intempestiva.

 

Abatido, Eurico Miranda custa a crer que a simples discussão em torno da presença de Alan Kardec no time titular possa ter destruído a relação entre ele e o jogador.

Entregar o cargo de técnico por não concordar com seu estilo de comandar o clube, o cartola até aceita. Mas rescindir o contrato antes do tempo, abrindo mão de tudo o que fora planejado para seu adeus oficial dos gramados, é, na opinião do interino, uma facada que ele, por tudo que fez a Romário, não merecia.

Pessoas ligadas as partes começaram a costurar um acordo de paz que possa remendar o rasgo. Com um pouco de bom senso, talvez, neste momento, os protagonistas possam ter novidades sobre o caso...

Abaixo, reproduzo para vocês a entrevista que fiz com Romário ontem à tarde:

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A noite da Quarta-feira de Cinzas ardeu em brasas em São Januário. Tanto que Romário optou por terminá-la numa churrascaria da Barra da Tijuca em companhia de amigos, horas depois de assistir pela televisão à vitória do Vasco sobre o Friburguense, por 2 a 0, pela quinta rodada da Taça Guanabara.

Demissionário, o técnico que dirigiu o time nas quatro primeiras partidas do Estadual reiterou que sua relação com clube havia chegado ao fim. Mas, apesar da forma intempestiva dada para o desfecho, o personagem principal da trama tenta de todas as formas mostrar aos vascaínos que não há mágoas ou ressentimentos.

- O que mais sinto pelo presidente (o interino, Eurico Miranda) e pelo Vasco é carinho e gratidão — disse, sem arrependimento por não ter cumprido o script idealizado para seu adeus pelo clube que o criou:

- Nunca me liguei nisso. Sempre disse que um dia as pessoas vão notar que eu parei. Mas, por enquanto, não posso dizer que parei, entendeu?

Em entrevista por telefone, Romário disse que irá ao clube esta semana tratar da rescisão de contrato, minimizou o interesse do Flamengo e afirmou que torcerá pelo Vasco no Estadual.

- O Vasco ainda pode surpreender...

À noite, em entrevista à TV Globo, Romário mostrou-se mais maleável:

- Não posso dizer que não vou encerrar a carreira no Vasco. Hoje minha cabeça não está voltada nisso. Na vida a gente pensa e repensa várias coisas.

- Se arrepende do que fez?
- Não, de maneira nenhuma. O que fiz está feito. E, como eu disse antes, sem mágoas, sem ressentimentos. Mas, acabou.

- Não acha que está sendo ingrato com o Vasco e a torcida?
- Ingrato? Eu? Primeiro, é bom lembrar que ninguém paga minhas contas. Portanto, não devo nada a ninguém. Segundo, o que mais sinto pelo Vasco e pelo presidente do clube é carinho e gratidão. E ele sabe que vou levar isso por toda a vida.

- O que se comenta é que desde a chegada do Edmundo você passou a ter outra postura...
- Não tem nada a ver. Isso é coisa de vocês...

- Edmundo seria utilizado nas semifinais da Taça Guanabara?
- Não. O plano, traçado por mim, pelo Eurico e pelo próprio Edmundo é que ele seria trabalhado para jogar a Taça Rio.

- Existe outro motivo que não tenha sido a questão envolvendo a escalação do Alan Kardec?
- Não, nenhum. E quem me conhece sabe que sou assim. Não pedi para ser técnico e pus minhas condições para assumir o cargo. Eu cumpri com aquilo que havia combinado...

- Mas a discussão em si não te parece pequena para um rompimento definitivo?
- Não tem volta, acabou. Sei como ele é, e ele sabe como eu sou. Então, para que a gente continue amigo, o melhor que fiz foi sair fora. Sei que tinha gente querendo que eu ficasse, tenho amigos lá, mas o melhor foi ter feito o que eu fiz.

- E o que tem a ver o pedido de demissão do técnico Romário com a rescisão de contrato do jogador Romário?
- Ah, depois disso não tem mais clima. Como disse, acabou. Vou lá pegar meu material, assinar a rescisão, contratar um advogado para ver minha situação no STJD e vida que segue...

- E o projeto de seu final de carreira pelo clube, o jogo de despedida...
- Eu nunca me liguei nisso. Sempre disse que um dia as pessoas vão notar que eu parei. Mas, por enquanto, não posso dizer que parei, entendeu? No momento, até domingo, quero dar uma relaxada. Depois, vou resolver minha situação com o Vasco e procurar um emprego porque tem um bebê aqui em casa que come à beça... (risos)

- Como fica a estátua e a camisa 11 imortalizada pelo clube?
- De minha parte, fico feliz e grato pelas homenagens que recebi. Mas cabe aos dirigentes e à torcida ecidirem o que é melhor para a instituição.

- E o futuro do Romarinho no Vasco?
- Não quero misturar as coisas. O Romarinho está começando a história dele e fico honrado com o fato de ser pelo Vasco. É preciso deixar claro que não estou saindo chateado. Tenho carinho pelo clube e torço, de coração, para que tudo dê certo para o Vasco.

- Para quem vai torcer nas finais da Taça Guanabara?
- Para o Vasco, claro! Não só nas finais da Taça Guanabara, mas no Estadual. Tenho muitos amigos lá dentro e acho, sinceramente, que os quatro grandes estão mais ou menos nivelados. O Vasco ainda pode surpreender no campeonato.

- E o interesse do Flamengo? Você aceitaria fazer seu jogo de despedida pelo clube rival?
- Não existe nada disso, não sei de onde tiram essas coisas.

- O Kleber Leite (vice de futebol rubro-negro) disse que as portas da Gávea estão abertas para você?
- E tem alguma novidade nisso? Há quanto tempo ele já diz isso? Não tem nada...

- Mas ele acabou de dizer na Rádio Globo que tem uma proposta de trabalho para te fazer?
- Ah, é? Então, quem sabe não pinta um trabalhinho para mim... (risos)

- O Romário é vascaíno ou rubro-negro?
- O Romário é América!

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