Eurico fala de time imbatível, patrocínio, Dinamite, Romário e Edmundo
O mau humor contumaz foi o cartão de visitas do presidente do Vasco, Eurico Miranda, ao receber a equipe de reportagem do LANCE!, quarta-feira, dia 5 de abril, em seu gabinete, em São Januário. Na sala inteiramente decorada com os títulos de sua administração, as baforadas no charuto e a presença constante do filho Euriquinho fiscalizando a conversa reforçavam o estilo ditador do dirigente.
As três horas de atraso nem sequer foram justificadas, e logo na primeira resposta ficou claro o seu esforço para a entrevista não ter nada que prestasse. Negando o óbvio, Eurico por pouco não comparou o time atual com os campeões brasileiros de 89 e 97. O cartola, pelo menos, reconheceu que faltou montar um time imbatível a partir de 2005 - uma de suas promessas de campanha eleitoral, em 2003.
Lance!: O que o torcedor pode esperar do Vasco para o Brasileirão?
EM: Amigo, não entro em competição para não ganhar.
Lance!: Mas há uma diferença entre o seu discurso e os fatos. O senhor acha mesmo que o time atual está à altura das tradições do Vasco?
EM: Eu poderia ir com um time mais forte se não fizesse coisas que faço na minha administração.
Lance!: Por exemplo...
EM: Manter os esportes em dia, pagar funcionários e jogadores e ter o patrimônio intacto.
Lance!: Na campanha eleitoral de 2003 o senhor prometeu um time competitivo em 2004 e um time imbatível em 2005. O que faltou para a sua promessa se concretizar?
EM: Achei que havia deixado boa base do ano passado para este ano. Mas algumas coisas impediram isso. O caso da saída do Alex Dias, por exemplo.
Lance!: O senhor acha mesmo que o time 12º colocado no Brasileiro de 05 era imbatível, como havia dito?
EM: Para mim, era. Eu transformei times aqui pouco acreditados em times imbatíveis.
Lance!: Então o senhor começa admitir que os times dos últimos anos não são de encher os olhos do torcedor?
EM: O que era Odvan antes de sair de Campos e vir para o Vasco? O que eram Marco Aurélio (zagueiro campeão brasileiro de 89) e Nasa? O Vasco sempre fez isso: traz jogadores de meia-confecção, que, ao lado de outros já prontos, formam um supertime e ganha seus duelos.
Lance!: O senhor promete algo para o segundo semestre? Alguma contratação de impacto?
EM: Vou ganhar a Copa do Brasil. Contratação de impacto não ganha campeonato. Dos quatro títulos brasileiros (74, 89, 97 e 2000), três foram comigo (os três últimos). Sei o que é bom para Vasco.
Lance!: Por que o Vasco está sem patrocinador há três anos?
EM: Eu podia ter patrocínio a hora que quisesse. Já recusei mais de mil propostas nesse período. Ao Vasco tem de ser pago o preço que a marca exige. O Vasco não está à venda.
Lance!: Este ano haverá eleição. O senhor tentará a reeleição novamente?
EM: Já disse que saio do Vasco no que dia em que aparecer uma pessoa responsável para assumir a responsabilidade pela instituição. Isso tudo aqui me custou muito trabalho e não posso entregar na mão de um aventureiro.
Lance!: O senhor se refere a Roberto Dinamite?
EM: Vocês me enchem tanto o saco com Roberto que vou falar uma coisa: ele deve muito a mim, que fui buscá-lo no Barcelona quando ele já tinha um pré-contrato assinado com o Flamengo. Rasguei e paguei. Contrariei muita gente aqui no Vasco. Depois, no fim de carreira, também o mantive aqui. Eu criei essa rivalidade Zico x Roberto. Fiz muito por ele.
Lance!: Na despedida de Romário, ficou combinado que ele voltará para o clube em setembro. O senhor trabalha novamente com Romário e não trabalha mais com Edmundo, por exemplo?
EM: Edmundo? O que ele fez pelo Vasco. Não fez nada!
Lance!: E o Brasileiro de 97?
EM: Recebeu
para isso.
Lance!: De alguma forma o senhor se desapontou com Romário devido aos últimos acontecimentos?
EM: Não houve absolutamente nada. Ele só não treinou. E não jogou.
Lance!: O senhor não acha que contribuiu para que Romário tivesse um comportamento diferenciado dos demais?
EM: Sempre deixei claro que no Vasco todos são obrigados a seguir cartilha determinada por mim. Menos Romário.
Lance!: Renato Gaúcho declarou que o pouco caso de Romário estava prejudicando o trabalho dele...
EM: Aqui no Vasco o comandante sou eu. Eu mando no clube.
Lance!: Na escalação também?
EM: Na hora em que eu achar que aquele que é o comandante não está me agradando, tá fora.
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