Futebol

Estátua no Maracanã poderia ser do meu pai diz filho de Friaça

Se o Brasil tivesse sido campeão, a estátua no Maracanã poderia ser do meu pai”. A declaração de Ronaldo, filho mais novo de Friaça, autor do gol da seleção na derrota por 2 a 1 para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, é um bom exemplo de como a história do futebol brasileiro poderia ter sido diferente caso o resultado fosse o inverso. Mas o time não venceu no Maracanã. E os jogadores daquela geração ficaram marcados para sempre.

- Sei que meu pai ficou esquecido. Aquilo marcou demais. O futebol naquela época era diferente, não tem o que vemos hoje. O jogador vivia só do esporte e era até malvisto. Mas meu pai sempre teve uma família forte, um apoio incondicional da minha mãe (Maria Helena). Demos total cobertura a ele – diz.

Perto do que aconteceu em 1992, o Maracanazo não é nada na vida de Friaça. Quarenta e dois anos depois da derrota para o Uruguai, o ex-jogador perdeu um filho prematuramente. Aos 33 anos, Ricardo sofreu um acidente enquanto praticava vôo-livre em Porciúncula, cidade natal do ex-jogador e sua família.

- Aquilo o abalou muito. O Ricardo era jovem, tinha muita vida e era o xodó do Friaça – conta Jorge Lima, um dos amigos mais próximos do ex-ponta.

Com a morte do filho, Friaça passou a beber mais do que de costume. Também sempre fumou muito, o que prejudicou sua saúde. No ano passado, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e pouco se movimenta. Há alguns anos, já havia perdido a visão do olho direito.

Aos poucos, o ex-jogador volta a fazer fisioterapia. Com ajuda de amigos e familiares, sai de casa para se movimentar. Os negócios estão nas mãos do filho mais novo, Ronaldo, que assumiu o comando da loja de material de construção. A “Friaça Center” chama a atenção pelo tamanho na mesma rua da casa do ex-ponta e tem filiais em Campos e Itaperuna.

É Ronaldo também quem tenta manter o sobrenome Friaça vivo nas próximas gerações da família. Ele e seus irmãos, Rogério e Maria Inês, não têm Friaça no nome. Mesmo assim, Ronaldo batizou seus filhos com o sobrenome do pai. Para ele jamais ser esquecido.

Fonte: ge