Futebol

Escritor analisa idolatrias de Juninho Pernambucano e Loco Abreu

Por: Ronaldo Helal- Professor de Comunicação da UERJ e Co-Autor do Livro \"Invenção do País do Futebol- Mídia, Raça e Idolatria\"

De uma maneira geral, o evento de massa não sobrevive sem a presença de ídolos. E os ídolos surgem meio que espontaneamente. Não dá para se construir. Tem sempre algo na história do jogador que o aproxima do torcedor. No campo esportivo, o ídolo tem o caráter de herói, baseado em conquistas. É uma questão de compartilhar a glória com a comunidade que representa. No caso do Juninho, é uma relação de amor, baseada na crença mitológica de que se jogava por amor à camisa. Desde os relatos de Mário Filho, São fortes, só surgiram de maneiras diferentes na década de 40, há essa sensação saudosista. O Juninho aceitou contrato de risco, para ganhar salário mínimo, e isso o elevou ainda mais a essa característica de herói.

No caso do Loco Abreu, o Botafogo vinha de uma série de decepções e ele resgatou o orgulho do Alvinegro, em um momento em que o time vinha de vice-campeonatos cariocas. A sensação de que veio do exterior para ser o salvador também cria um componente na cabeça do torcedor. Ele é mais recente, mas não acho que o sentimento seja menor que o do vascaíno pelo Juninho. É tão forte quanto e só se formou de uma maneira diferente.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance