Erro de auxiliar expõe fragilidade de árbitros e aumenta o medo
Vaias, xingamentos e reclamações vindas das arquibancadas, dos jogadores e dos dirigentes não são as únicas manifestações de hostilidade com as quais os árbitros de futebol precisam lidar. O caso de Rodrigo Castanheira - auxiliar que sofreu ameaças de morte após cometer um erro no clássico entre Vasco e Flamengo, domingo passado - evidenciou que ter o nome na escala de juízes da rodada pode não ser um motivo para sorrir. A pressão sobre os homens do apito só aumenta.
Na rodada seguinte ao episódio, os técnicos dos árbitros do Estadual, que fazem uma preleção antes dos jogos, foram orientados a enfatizar que era o momento do erro zero. E o fizeram de forma peculiar: afirmando que seria uma forma de homenagear o colega, exilado da própria casa pelo medo de represálias de torcedores. Ou seja: a cobrança que vem de cima ficou ainda maior.
- Um caso como esse abala a confiança - diz um árbitro, que prefere não se identificar: - A cobrança é maior, o que é normal. A comissão de arbitragem enfatiza isso e gera pressão. Tem o fator humano também. Apitamos e pensamos em voltar para casa, comer uma pizza com a família. Olha o que aconteceu com um companheiro do bem? Isso mexe com todos.
Para o presidente da Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Rio (Ferj), Jorge Rabello, os árbitros estão acostumados com essa pressão. E o crescente medo da violência, segundo ele, não é exclusividade de juízes e bandeirinhas.
- Atualmente, não é apenas o árbitro que está sujeito a isso. É o dirigente, é o jogador, todos estão com medo desse monstro que foi criado, as torcidas organizadas. Marcelo de Lima Henrique passou por isso, Péricles Bassols também - enumera ele.
De fato, intimidação fora dos campos não é novidade na vida dos mais experientes. Bassols admite que sofreu com vascaínos depois de suas atuações nos dois jogos do time contra o Flamengo, pelo Brasileirão de 2011. E ressalta que as ameaças estão cada vez mais contundentes:
- Os árbitros mais experientes não, mas os mais novos podem sentir a pressão depois do que ocorreu com o Castanheira. As pessoas colocaram o futebol num patamar acima do que deveria ter. É uma inversão de valores.
Fonte: Extra- SuperVasco