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Entrevista II: Dinamite fala tudo sobre o futuro do clube e os planos para o

Sentado na cadeira da ante-sala da presidência vascaína, Roberto Dinamite recebeu a equipe de reportagem do LANCE! com sorriso que demonstrava o orgulho de, enfim, estar ali. Nesta entrevista exclusiva, o novo presidente afirmou que poderá recorrer a amigos vascaínos para honrar compromissos, revelou que será mesmo o representante cruzmaltino no Clube dos 13 e garantiu que o Vasco precisa mudar totalmente a cara para voltar a ser forte.

Em seus primeiros dias de clube, qual o sentimento do que precisa o Vasco de maneira imediata?

Estou aqui e daqui a pouco aparece alguém pedindo uma atenção. Digo que estamos trabalhando, buscando atender a todos. Mas não adianta chegar lá e prometer. Falei claramente que nós queremos melhorar. Temos a vontade de fazer tudo que for melhor para o Vasco se apresentar bem, seja no que for. Não posso criar falsas expectativas. Vou lá e falo com quem pedir. As pessoas verão que teremos uma relação bem verdadeira. Não sei trabalhar de outro jeito.

Agora, não vou falar que vou pegar dinheiro aqui ou ali para resolver. Temos um grupo competente neste sentido. De pessoas que vão buscar recursos em algum lugar para resolver as coisas.

E alguns projetos da última administração, como o CT de Duque de Caxias?

Tudo que for bom para o Vasco, que atenda não somente ao património, mas também à garotada e ao esporte, tentaremos viabilizar. Fazer uma vila olímpica no CT de Caxias, por exemplo, é uma possibilidade de, nem no primeiro ou no segundo, mas num terceiro momento, tentar viabilizar. O primeiro momento será dedicado a saber como está a real situação do clube e começar a cumprir com a obrigação maior que é pagar salários. A informação que temos inicialmente é de que todos os recursos já foram utilizados. Mas vamos trabalhar para cumprir com a nossa obrigação.

E como fazer isso com o caixa zerado?

Falta ainda para nós saber qual é a situação do clube de forma oficial. Temos uma noção, mas nada oficial, com documentos. Uma coisa é extra-oficial, outra é oficial. Quais compromissos a pagar? Os contratos vencem quando? Precisamos saber isso. Existem pessoas andando, indo a vários lugares, buscando informações sobre isso. Não adianta ficarmos todos dentro do clube. Mas já falamos com algumas pessoas, com alguns segmentos interessados em investir no Vasco. É uma questão de tempo. Mas sabemos que o clube não pode parar. Para isso, no primeiro momento iremos buscar parceiros. As portas estão se abrindo por conta da confiança existente nas pessoas envolvidas no novo projeto do Vasco. Temos de juntar quem gosta do Vasco e quer ajudá-lo. Amigos do Vasco, até mesmo como era feito no passado.

Qual o custo estimado para manter todo o Vasco hoje em dia em funcionamento?

O Vasco não tem somente o futebol profissional, mas é um número relativamente grande. Existem outros compromissos a cumprir. Ainda buscamos os números oficiais, mas é sinalizado inicialmente que existem entre 340 e 350 funcionários. Hoje, por alto, chega a R$ 2 milhões a folha de pagamento de todo o clube.

E quais os planos para o futebol, carro-chefe do clube?

Este relatório aqui (começa a folhear um caderno com informações) diz muito sobre o futebol profissional, como planilha de treinos, viagens e contratos dos jogadores. O relatório vai até o último jogo do Vasco, fora de casa, neste primeiro turno. Isso me foi passado pelo Paulo Angioni (superintendente de futebol). Além do futebol profissional, há preocupação com o futebol amador, em que as coisas não vão muito bem. Tem de sofrer mudanças de organização, mas isso é uma posição preliminar. Não existe nada definitivo. Com certeza, mudanças vão acontecer. Desde a parte estrutural, como no principal.

Que tipo de mudanças?

Teremos reuniões com as pessoas que respondem por isso. Já conversei com António Lopes, até para saber como buscaremos reforços, onde eles estão, e quais precisam. Mas qualquer coisa que colocarmos será prematura. Estamos tentando apagar o fogo das coisas que ainda estão por vir.

Tem medo de perder algum jogador importante diante da situação difícil?

A situação mais delicada é a de Leandro Amaral, cujo contrato terminará 14 de dezembro. Ouvimos que ele tem uma proposta. Vamos separar um tempinho nosso, da diretoria, para trabalhar uma situação e mantê-lo. Ele é importante, prioridade. A situação do Morais é outra. É um jogador importante, que tem contrato até 2011 e faz parte do elenco. Queremos que ele fique. Não estamos pensando em nos desfazer dos jogadores, mas se surgir uma necessidade extrema...

E qual o sonho de consumo para o novo presidente do Vasco?

Não queremos no nosso time apenas jogadores, queremos homens que sejam referências, que tenham identificação com o clube. Felipe, por exemplo, é um jogador que vai chegar e ser titular? É claro que vai. Mas temos de estar dentro da nossa realidade. Gostaria de ter o Felipe? Sim e o próprio Juninho Pernambucano. Mas estive com ele na despedida do (Sonny) Anderson. Juninho na França é ídolo. Mas tem identificação com o Vasco? Tem. A torcida gosta? Gosta. É isso que a gente quer reconquistar.

O que acha do futebol num futuro próximo?

Conversei com Lopes, que deu uma noção dos garotos que em 2009 já comecem a dar resultados. Lógico que não dá para dizer "daqui a um ano teremos um time campeão". O futebol está muito igual, na parte tática. Se você coloca um pouco mais de disposição, equilibra. Importante é dar condições para que o treinador e a equipe tenham todas as condições de crescer e evoluir, se possível reforçando. Sabemos das posições carentes. Podendo fazer agora, vamos fazer. Senão, projetaremos isso para 2009.

Além de deixar o Vasco, Eurico deixou também de ser o representante vascaíno no Clube dos 13. Quem assumirá essa função?

Com a saída do ex-presidente de lá, assumirei, como determina o estatuto da entidade. Temos até um entendimento diferente, de que poderíamos indicar outra pessoa no lugar do presidente do Vasco. Buscaremos junto à entidade tomar conhecimento da situação do Vasco no que diz respeito ao que o clube tem para receber. O Vasco também tinha a vice-presidência e veremos como é que fica. O Clube dos 13 é um setor do qual os clubes têm uma receita importante. Temos informação extra-oficial de que o Vasco já utilizou recursos deste ano e do Carioca de 2009. Conversarei com o presidente da entidade (Fábio Koff) para saber o que temos direito a receber.

Então 2008 será um ano de reformular e 2009 de ascensão?

O Acho que 2008 é, sim, um ano de reformulação. Temos de ter condições para planejar uma temporada. Não dá para ter uma situação no Campeonato Carioca, outra na Copa do Brasil e outra no Brasileiro. Enfrentaremos uma grande dificuldade, mas temos de buscar credibilidade e mudar a cara do Vasco para que ele possa realmente ser forte em 2009. Mas temos uma competição em andamento, o Brasileiro, e o Vasco tem de ir bem. A cobrança vai existir? Vai. O torcedor quer resultados.

Fonte: Lance