Futebol

Entrevista com Clóvis, ex-atacante do Vasco

“Representou muita coisa pra mim vestir
a camisa do Vasco, pois eu sou vascaíno”

Nosso bate-papo de hoje é com Clóvis, ex-centroavante do Vasco e parceiro de Valdir Bigode no ataque em 1995. Apesar da campanha irregular no time naquela época, o jogador foi o artilheiro do gigante da colina e o terceiro no Campeonato Carioca, com 14 gols. Trazido por empréstimo junto ao Benfica, Clóvis confirmou no Vasco sua fama de goleador anotando também alguns gols decisivos.

Clóvis surgiu para o futebol no Barra do Garças. Após disputar o Campeonato Mato-Grossense, se transferiu para o América de Rio Preto-SP. Mas foi no Guarani de Campinas, em 1993, que estorou de vez no cenário do futebol. Só pra ter idéia, em 93 e 94, o atleta chegou a vice-artilharia do Campeonato Paulista e Brasileiro com 17 e 19 gols, respectivamente.

Suas boas atuações com a camisa do bugre despertaram o interesse do Benfica-POR. A volta ao Brasil se deu justamente em 1995 no Vasco da Gama, após ser cedido por empréstimo pelo clube português. A partir daí, o jogador rodou por outros gigantes como Corinthians, Santos, Grêmio, Atlhético-PR e alguns clubes menores. Clóvis foi obrigado a encerrar a carreira em 2005, no Caldense, após descobrir um problema no coração. Hoje, tenta se firmar no futebol, mas dessa vez como treinador.

Nesse papo, Clóvis se declara torcedor do Vasco, detalha a sua fama de artilheiro, explica as razões que determinaram o momento ruim da equipe durante sua trajetória no clube e revela o desejo de ainda brilhar como treinador.

Confira!

Marcus Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 22/07/2020

O que representou pra você ter vestido a camisa do Vasco

Clóvis: Representou muita coisa pra mim vestir a camisa do Vasco, pois eu sou vascaíno. Desde molequinho eu jogava num time da minha cidade chamado Vasquinho. Então, sempre fui Vasco desde moleque. E é o time que eu torço até hoje. Foi um prazer incrível ter jogado num time que eu gosto.

E no Vasco você confirmou também sua fama de artilheiro...

Em todos os clubes em que eu passei, era goleador. Eu tinha uma facilidade muito grande de finalização, uma coisa que hoje poucos atacantes têm. Eu era centroavante, que jogava tanto dentro da área como fora da área. Quando a marcação estava muito forte eu saía da área, fazia a jogada, ia no meio-campo e buscava a bola. Ser artilheiro é uma coisa nato minha mesmo. Eu nasci com isso.

De todos os clubes em que jogou, Vasco e Guarani foram os que ficaram em seu coração definitivamente, não é mesmo?

Clóvis: O Vasco é porque eu sou vascaíno desde moleque mesmo. E o Guarani, porque foi o meu primeiro clube que me destaquei. Joguei em outros clubes antes, mas foi no Guarani mesmo que eu fui revelado. Então, tenho um carinho muito grande pelo Guarani também. Eu sou Vasco no Rio de Janeiro e em São Paulo, sou Guarani.

Em 1995, apesar do time apresentar uma campanha irregular, você brilhou sendo artilheiro da equipe no Carioca e fazendo gols importantes. Quais fatores foram determinantes para que você não continuasse no Vasco?

Clóvis: O Vasco foi irregular pelo fato do Eurico, na época, trocar três vezes de treinador. O time estava bem com o Nelsinho Rosa. O Vasco ficava em primeiro e segundo com o Fluminense. Uma rodada um passava, outro dia outro passava...Com a precipitação do Eurico, ele tirou o Nelsinho Rosa e trouxe o Abel, que estava em Portugal. Aí o Abelão acabou com o time. Destruiu o time que era de qualidade. O time do Vasco era um time bom. O Nelsinho Rosa já tinha um time na mão. Sobre eu não ter continuado no Vasco, é que o meu passe era do Benfica. E aí o Benfica pediu muito no empréstimo e o Vasco estava com problema de dinheiro e acabei não renovando. Aí foi quando eu fui para o Corinthians. Mas eu não fiquei no Vasco mesmo, porque o Vasco não tinha dinheiro para pagar o meu empréstimo.

Você teve que se aposentar em 2005 devido a problemas cardíacos. Após isso, foi treinador em algumas equipes. O que você pensa para seu futuro no futebol?

Clóvis: Eu tive esse problema no coração. Tive não, tenho porque é um problema hereditário. Meu pai morreu do coração, minha irmã mais nova morreu do coração, meu tio morreu do coração...então a família do meu pai tinha um problema cardíaco e eu herdei isso aí também. Aí tive que parar em 2005. Fiz curso de treinadores, fui treinar alguns times no interior de São Paulo, treinei alguns times aqui no Mato Grosso também e a princípio eu quero seguir essa faixa de trabalhar no meio do futebol como treinador. Sou um cara muito estudioso em termos táticos. Tenho muitos amigos treinadores que têm 15 ou 20 anos de carreira e não sabem 50% do que eu sei como treinador. Espero só a oportunidade certa num time bem formado, pra eu dar continuidade e aparecer pro futebol como treinador. Eu vou ser um dos grandes treinadores do futebol brasileiro ainda!

Foto: ArquivoClóvis
Clóvis

Fonte: Marcus Jacobson - Detetives vascaínos