Futebol

Entrada de pastor em São Januário mostra falha da segurança do Vasco

Na reta final da preparação para o jogo de vida ou morte contra o Coritiba, o Vasco viveu ontem uma manhã conturbada. Nem mesmo a importância da partida que pode levar o clube à Série B foi suficiente para impedir que a insegurança e informações contraditórias tomassem conta da Colina. Teve de tudo. Desde o discurso desencontrado entre os jogadores e o técnico Renato Gaúcho até a surpreendente aparição de um pastor evangélico, que fez um miniculto no estacionamento, junto com Madson e Mateus, rezando para o Vasco se livrar do descenso.

A manifestação evangélica em um clube tradicionalmente católico foi só a ponta do iceberg. Mais do que constrangedor, o episódio mostrou a fragilidade do sistema de segurança de São Januário, justamente no momento em que os jogadores mais deveriam estar protegidos. O pastor Ronaldo Silva Lopes, 29 anos, da Assembléia de Deus de São Cristóvão, entrou no clube sem a permissão de ninguém. Não era amigo dos jogadores e, segundo um segurança, foi visto entrando sorrateiramente no estacionamento, aproveitando a saída do carro de Leandro Bomfim. Para os jogadores, o pastor alegou ter ido ao local para atender a um pedido de Deus.

Não custa lembrar que, há aproximadamente dois meses, 40 torcedores invadiram o Vasco-Barra para cobrar mais atitude dos jogadores. O mesmo problema se repetiu no dia seguinte em São Januário, quando dez deles foram dar uma dura no grupo.

O presidente Roberto Dinamite encarou o episódio com naturalidade.

– Cada um tem a sua fé e isso tem que ser respeitado. O que aconteceu não tirou nenhum pedaço de São Januário. Se neste momento os jogadores buscaram isso, temos que respeitar – defendeu o dirigente.

Como o astral não anda dos melhores, nem mesmo a presença de 12 torcedores que foram apoiar os jogadores conseguiu acalmar os ânimos. A constatação feita pelo meia Alex Teixeira de que o grupo está intranqüilo colocou ainda mais lenha na fogueira.

Questionado sobre o assunto, o zagueiro Odvan fez questão de mudar o rumo da conversa.

– Aqui todo mundo está tranqüilo e muito focado no que tem que fazer para vencermos o jogo com o Coritiba – garantiu o jogador.

Liderança polêmica

Quando o assunto foi Edmundo, mais divergências. Na terça-feira, Renato Gaúcho cutucou o atacante ao dizer que, como líder, o jogador não poderia se calar em certos momentos. Ontem, Odvan fez questão de defender o velho amigo.

– Ele é um guerreiro, fala bastante e grita. Às vezes é explosivo, mas muito determinado - comentou o zagueiro.

Fonte: Jornal do Brasil