Em reunião de grupo político, Mandarino fez sérias críticas a Dinamite

‘DINAMITE É CARICATURA DE SI MESMO’, DIZ MANDARINO

Em 2008, não foi nada fácil tirar Eurico Miranda do poder e restaurar a democracia no Vasco. Hoje em dia, avaliando o que se passou desde que Roberto Dinamite, em nome do MUV, assumiu o poder, o sentimento do ex-vice-presidente de Futebol José Hamilton Mandarino é de frustração. “Transformou-se numa caricatura de si mesmo. Fico espantado com a situação: o clube em ruínas e mesmo assim ele continua agindo como se nada estivesse acontecendo”, desabafou o novo membro do Grupo Identidade Vasco.

 Mandarino fez parte da diretoria até setembro de 2012, quando não suportou mais os desmandos do presidente e depois demissão. “Se continuasse, calado, estaria sendo cúmplice, o que para mim é inadmissível”. Em sua gestão no futebol, o time chegou ao título na Copa do Brasil de 2011 e foi vice-campeão brasileiro na mesma temporada.

“Depois, notamos que algo errado acontecia ao Roberto Dinamite. Na verdade, perdemos aquele Brasileiro devido à saída do Anderson Martins para o Qatar em plena competição. Formava com Dedé a melhor zaga do Brasil. Nós erramos na avaliação, pois colocamos uma cláusula de rompimento de contrato muito baixa no caso de transferência para o exterior, sem imaginar que um jogador que tinha operado os dois joelhos tivesse mercado lá fora”.

A sensação de Mandarino é que a eleição de 2008 foi vencida, e tudo continua como antes. “Ganhamos, mas não levamos”, constata, acrescentando: “Agora é o momento de corrigirmos esse desvio de rota, e ninguém mais habilitado que o Roberto Monteiro para fazê-lo”.

No entanto, não é a frustração ao que acontece no Vasco hoje que o fez apoiar Roberto Monteiro, e sim o risco que representa um possível retorno de Eurico ao poder. Em 2008, Mandarino era o segundo-vice-presidente Geral – somente depois assumiria o futebol profissional – e lembra que a situação do clube era quase de insolvência.

Jura que não exagera quando diz que o Vasco com Eurico – de quem não consegue sequer pronunciar o nome – estava prestes a deixar de ser o Gigante que é. “Tenho convicção de que o clube estava em vias de ser diluído pelo ex-presidente. Quando ele diz que deixou as finanças em dia, é mentira. Mentira! Só havia em caixa o dinheiro da venda do Phillipe Coutinho, negócio estranho, via fax, que fizeram de última hora, a toque de caixa”.

Quando Mandarino encerrou o discurso, o ambiente no salão da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria era de pura vascainidade. Tanto que o associado Flavio Costa, empolgado, não resistiu à tentação, sendo o primeiro a gritar “Casaca”. E, de pé, todos o acompanharam.

MANDARINO E ALCIDES MARTINS DECLARAM APOIO A ROBERTO MONTEIRO

O ex-vice-presidente de futebol José Hamilton Mandarino e o subprocurador geral da República, Alcides Martins, declararam, na noite desta segunda-feira (7 /10), apoio à candidatura de Roberto Monteiro à presidência do Vasco, na eleição de julho de 2014. O anúncio foi feito durante uma reunião promovida pelo Grupo Identidade Vasco na Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, na Tijuca, na qual compareceram cerca de 300 vascaínos, incluindo diversas autoridades e beneméritos, apesar da chuva forte que castigou a cidade e dos protestos no Centro.

Roberto Monteiro sentiu-se envaidecido com o apoio de Alcides Martins, personagem respeitado nas casas portuguesas. “Talvez seja o português mais influente do Brasil. Foi gentil em transferir uma viagem agendada a Portugal, porque desejava participar de nosso ato”, destacou o candidato.

Além de Mandarino, outros ex-dirigentes estavam presentes, todos inconformados com a gestão de Dinamite, e dispostos a impedir que o ex-presidente Eurico Miranda – também é candidato – reassuma o poder no clube. Aníbal Rouxinol, ex-vice-presidente jurídico, era um deles, e anunciou apoio a Roberto Monteiro. O ex de marketing Eduardo Machado também estava lá, e brevemente poderá anunciar seu apoio a Monteiro.

À vontade na mesa de honra, Mandarino fez um discurso contundente sobre o risco de morte que, segundo ele, o clube correria no caso do retorno de Eurico. “Estou com Roberto Monteiro por razões objetivas. Ele possui uma história de apoio e participação na vida do Vasco, que, inclusive, ajudou como vereador. Torcedor fervoroso, mobilizador e compromissado com o futuro”, disse, concluindo: “Tem plenas condições de tornar-se um grande presidente”.

Ao lado de Roberto Monteiro, Mandarino e Machado, compuseram a mesa o presidente da Casa da Vila da Feira e grande benemérito, Ernesto Boaventura; o benemérito Luiz Ferreira; o juiz federal Alcides Martins; o subprocurador geral da República, Alcides Martins (homônimo do juiz); o ex-vice-presidente de Patrimônio, Fred Lopes; o também ex-vice de patrimônio Jorge Luís Moraes; o ex-vice jurídico, Aníbal Rouxinol; o presidente do Arouca Barra Clube, Paulo César Resende Moreira; Elói Ferreira, ex-ministro da Igualdade Racial no Governo Lula; e Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade no Rio de Janeiro.

“A campanha teve início em dezembro de 2012, sempre norteada por um princípio básico: jamais aceitaremos qualquer aliança com Eurico ou Roberto Dinamite. Isso é renovação”, comentou Monteiro. Todos discursaram e, numa casa portuguesa repleta de vascaínos, nada mais natural que o grito de “Casaca” fosse puxado quatro vezes, na última, fechando a reunião, pelo candidato, que ressaltou a força simbólica do novos apoiadores.

ANTIGAS LUTAS INSPIRAM ALCIDES MARTINS

Personagem ilustre da noite vascaína na última segunda-feira (7/10) na Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, onde aconteceu uma concorrida reunião do Grupo Identidade Vasco, Alcides Martins, subprocurador da República, destacou o combate do clube contra o racismo e o xenofobismo no começo do século passado como fonte de inspiração para que Roberto Monteiro continue focado na missão de ser o futuro presidente do clube.

“O momento do nosso clube é preocupante, pois teremos pela frente uma batalha árdua, tal como a de nossos antecessores, portugueses e negros, que um dia enfrentaram o preconceito contra eles para vencer as elites daquela época”, lembrou Martins, que é conselheiro do Vasco, acrescentando: “Fiz questão de estar presente aqui. Não como uma autoridade da república, mas como o torcedor de arquibancada que vive dentro de mim”.