Torcida

Em reabertura do Maraca, novos e velhos hábitos conviveram em paz

O domingo, dia 21 de julho, marcou o primeiro encontro do novo Maracanã com as torcidas dos clubes cariocas. A data reservava alguma apreensão, em função do conflito entre algumas novas características do estádio, herdeiras do infame “padrão Fifa”, com o velho jeito carioca de torcer. Mas o saldo foi positivo: enquanto dentro de campo Vasco e Fluminense proporcionaram um bom espetáculo – o Cruzmaltino acabou vencendo por 3 a 1 -, fora dele as novas regras de conduta não se impuseram sobre os velhos hábitos, e tudo correu em paz.

Promessa de confusão na Uerj não se concretiza; protesto corre tranquilo, e cambistas e ambulantes têm ação coibida

O maior foco de tensão no clássico era a questão dos lados da torcida. Tradicionalmente “detentora” da rampa da Uerj, à direita das cabines de rádio e televisão, a torcida do Vasco viu-se obrigada a mudar de posicionamento devido ao novo acordo assinado entre o Fluminense e o Consórcio Maracanã. A Polícia Militar expressou temor de que houvesse conflito no local, mas não houve nenhuma ocorrência.

A única aglomeração diferente pela região foi uma manifestação do grupo “O Maraca é nosso”, que desde 2010 protesta contra os gastos públicos na reforma do estádio, bem como sua privatização e consequências, como demolição do Parque Aquático Júlio Delamare, do estádio Célio de Barros, da Escola Friedenreich e da Aldeia Maracanã.

O ato, no entanto, transcorreu de maneira absolutamente pacífica, em seu trajeto desde as proximidades da rampa da Uerj até a estátua do Bellini, e contou até com a adesão de alguns torcedores que ali estavam por conta da partida.

Outra movimentação diferente foi a dos cambistas. Embora ainda houvesse vendedores ilegais, sobretudo nas proximidades das estações de metrô do Maracanã e São Cristóvão, foi notório que o número não se aproximou dos clássicos no “velho Maracanã”, em que torcedores eram abordados até de maneira agressiva sem qualquer intervenção policial.

As bebidas alcóolicas, tão presentes no cotidiano do torcedor do velho Maracanã, puderam ser consumidas nos bares no entorno do estádio, que funcionaram normalmente. Foi proibida apenas a presença de vendedores ambulantes.

Bandeiras, instrumentos e ‘escolhas de vestuário’ liberadas; lugares marcados apenas ‘para inglês ver’

No lado de dentro do Maracanã, as novidades foram mais numerosas. A começar pela entrada dos torcedores, que tiveram que passar por detectores de metal. Entre o espanto daqueles que tinham o primeiro contato com a nova disposição arquitetônica do estádio e o espanto com os preços de comidas e bebidas, no entanto, tudo transcorreu bem.

A proibição a instrumentos musicais e bandeiras com mastro, que chegou a ser indicada pelo presidente do Consórcio Maracanã, João Borba, não se verificou. Os torcedores também puderam tirar suas camisas sem qualquer tipo de represália, a despeito do que dissera o novo “chefão” do estádio em entrevista recente. Estas liberações foram decididas em reunião durante a última semana.

Um dos pontos de apreensão era a questão dos lugares marcados. Embora os ingressos estampassem cadeiras exatas, a organização do estádio não fez qualquer esforço para fazer valer a regra, e os torcedores se dispuseram a bel prazer. A única novidade foi a presença de membros da organização que se esforçavam para desobstruir os corredores nos pontos de menor concentração de torcedores. Perto das torcidas organizadas, entretanto, não houve qualquer tipo de interferência, e os torcedores puderam ocupar as escadarias como de costume.

Pipoca a R$ 10 assuta, mas logística de bares funciona; interior se mantém intacto

Nos bares, mais de dez atendentes se mobilizaram para atender os torcedores, sobretudo no intervalo, momento de maior movimento. Diferentemente do que se viu na Copa das Confederações, as filas andaram rapidamente, e aqueles que se programaram adequadamente não deixaram de ver o gol de André, que colocou o placar em 2 a 0 para o Vasco logo com 33 segundos do segundo tempo.

A cerveja, liberada durante a Copa das Confederações, não esteve à venda. Quem estivesse verdadeiramente com sede poderia provar a modalidade sem álcool, pelo módico valor de R$ 5. No mais, os preços estiveram altos, mas não diferiram muito daqueles praticados no Engenhão, por exemplo.

Cachorro quente e salgados custaram R$ 6, e cheeseburgueres variaram entre R$ 8 e R$ 20, dependendo se fossem acompanhados de batatas fritas e refrigerantes. Um copo d’água custou R$ 3, contra R$ 4 do Matte, R$ 5 do refrigerante e R$ 8 do isotônico. O preço mais comentado entre os torcedores foi o da pipoca: R$ 8 pela média, e R$ 10 pela grande.

Ao fim do jogo, os torcedores deixaram rapidamente as dependências do Maracanã, e a reportagem do ESPN.com.br não verificou qualquer cadeira quebrada ou dano aparente ao estádio. Mais um ponto positivo para um início de “casamento” com o pé direito entre torcida carioca e a nova versão de um velho conhecido. O próximo capítulo será o clássico entre Flamengo e Botafogo, no dia 28 de julho.

Fonte: ESPN BRASIL - ESPN.COM.BR