Em meios as homenagens a Dedé, Vasco tenta se manter descansado
Num campeonato em que a instabilidade dos times afronta estatísticas e desafia o exercício da matemática no futebol, o Vasco faz das vitórias fonte inesgotável de energia. Embora tenha vivido intensamente o drama do comandante Ricardo Gomes e seja o único dos candidatos ao título brasileiro que disputa paralelamente a Copa Sul-Americana, o time faz das vitórias o combustível contra o desgaste emocional e a maratona de jogos nesta reta final de temporada. A fórmula pode até parecer lógica, mas é resultado da sinergia entre jogadores e comissão técnica na busca por um ano especial.
Quando se vence, você fica mais descontraído, a energia é positiva. Todos estão concentrados, sem cometer excessos. Por isso, tá todo mundo inteirão disse o zagueiro Dedé, que também retira energias das homenagens que não para de receber, como a de ontem, quando recebeu de uma família uma camisa em que se lia o apelido de \"mito\" logo abaixo de sua caricatura: Mito é muito forte, tem que trabalhar para justificar. É bom ouvir coisas assim.
Felipe liberado para treinar
A psicóloga Maria Helena Rodriguez é quem tem feito a cabeça dos jogadores. Desde a pré-temporada, trabalha com metas. Por isso, o péssimo início de Taça Guanabara e a perda da final da Taça Rio para o Flamengo não deixaram sequelas no grupo. Maria Helena lembra que a conquista da Copa do Brasil era com o que todos sonhavam no primeiro semestre. Ela veio, e, da forma como aconteceu dias depois de uma goleada, válido pelo Campeonato Brasileiro, para o mesmo Coritiba que enfrentaria a decisão reforçou ainda mais o traço de união entre comissão técnica e jogadores. O Acidente Vascular Encefálico (AVE) sofrido pelo técnico Ricardo Gomes abalou os jogadores por 48 horas. Quando entraram em campo para enfrentar o Ceará, havia novo objetivo em mente. A trajetória até ele, em curso, não poderia ser mais construtiva.
Queríamos homenagear o nosso comandante sem deixar de lado o desejo de vencer explica Maria Helena.
Quando os jogadores encontraram o Ricardo no sábado (na véspera do clássico com o Botafogo), você via na cara de cada um deles o prazer de estar com ele novamente. Tem sido uma coisa muito bonita. Na semana passada, o Vasco entrou em campo pressionado a vencer o Universitário do Peru por três gols para passar às semifinais da Sul-Americana.
Conseguiu o resultado e, quatro dias depois, derrotou o Botafogo, confirmando ser o carioca com mais chances de título (43%, contra 3% do Fluminense, 1% do Botafogo e 1% do Flamengo. O Corinthians tem 50% de chances e o Figueirense 2%). Ontem, em vez de lamentar o cansaço pela pressão e a maratona de compromissos, os jogadores saboreavam o prazer de mais um triunfo.
Se o jogador está feliz, a regeneração física fica bem mais fácil afirma o fisiologista Daniel Gonçalves.
Com dores na coxa, Felipe foi poupado ontem mas está liberado para o treino de hoje, para o jogo contra o Palmeiras, amanhã, no Pacaembu. Com a melhor média de pontos em jogos fora de casa, o Vasco sai pela última vez do Rio no Brasileiro para confirmar o sucesso de sua caminhada rumo a um fim de ano especial.
Aqui está todo mundo descansado disse Fellipe Bastos.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)